1. O recrudescimento de casos de covid-19 em novembro de 2021 motiva o regresso de medidas restritivas, impostas pelas autoridades políticas e sanitárias. Nos Países Baixos e noutros países europeus, há oposição popular, com os manifestantes mais violentos a causarem graves distúrbios. Outros têm do combate contra a pandemia visão alternativa e organizam corona parties (ou seja, «festas covid»), numa estratégia de contágios propositados. Muitos, por seu lado, apresentam sinais de coronafobia, ou seja, de extrema ansiedade por receio de contágio. As quatro expressões sublinhadas somam-se assim, nesta atualização, ao reportório de termos, ditos e conceitos que constitui a rubrica A Covid-19 na Língua.
2. O que significa «gado de bico»? Um provérbio português, que inclui esta expressão, é o tópico de uma das seis questões em linha no Consultório, onde também se pergunta: qual é a origem da expressão «bicho de sete cabeças»? O que significa apaludado? Os nomes de grupos musicais – p. ex., «os Xutos e Pontapés» – usam-se sempre no plural? E tem sentido pluralizar envio? Por último, uma dúvida foca a sintaxe do verbo começar quando ocorre como verbo pleno.
3. O latim parece ausente do currículo não universitário, e, por este motivo, os jovens deixam de se aperceber da relação do português com as línguas românicas, suas irmãs. Em O Nosso Idioma, transcreve-se, com a devida vénia, o artigo de opinião que a professora Cristina Fontes publicou no Correio do Minho (21/11/2021), sobre a importância dessa herança no léxico e no quotidiano. Na mesma rubrica, disponibiliza-se ainda outro texto, da linguista Margarita Correia, que salienta os benefícios da diversidade linguística e cultural para a educação (Diário de Notícias, 22/11/2021).
4. No que toca a notícias ou outras peças jornalísticas à volta do português e da sua relação com outras línguas, registo para:
– O ciclo de encontros dedicados ao discurso académico, promovidos no âmbito da Universidade de Coimbra e do Instituto Politécnico de Leiria (ver Notícias).
– A tradução de Os Lusíadas para turco* pelo diplomata Ibrahim Aybek, que assim cumpriu um desejo surgido em 2008, nos seus tempos de estudante do programa Erasmus em Portugal. Título da epopeia camoniana em língua turca: Lusitanyalılar.
* O turco é a mais importante língua da família turcomana ou túrquica (a que já se chamou altaica), que abrange idiomas falados da Lituânia à Ásia Central. Relacionadas com a Turquia, leiam-se as respostas "O natural de Istambul" e "Paxá". Na imagem, O Velho do Restelo (1904), de Columbano (1857-1929).
– Uma lista de oito termos publicada em 2017 pela BBC Culture e incluída em tradução na Notícias, na qual se mostra como, da literatura à técnica e à ciência, muitas foram as palavras inventadas que introduziram novas maneiras de pensar à medida que se internacionalizavam e se adaptavam foneticamente a outras línguas.
5. A respeito dos programas de rádio produzidos pela Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa para a rádio pública portuguesa:
– O ensino do português, numa perspetiva pluricêntrica e intercultural no seio da CPLP, é o tema de uma entrevista com Bernardino Valente Calossa, professor da Universidade Mandume Ya Ndemufayo (Lubango, Angola), em Língua de Todos, transmitido pela RDP África (sexta-feira, 26/11/2021, às 13h20*).
– Sobre a pluricentralidade de ensino da língua portuguesa nas instituições de ensino superior de Macau, fala a professora Vanessa Amaro (Instituto Politécnico de Macau), em Páginas de Português, que vai para o ar na Antena 2 (domingo, 28/11/2021, às 12h30*). Também neste programa, a crónica da professora Carla Marques, dedicada ao vocábulo saramago, nome de homem e nome de planta, numa homenagem ao José Saramago (1922-2010), por altura do início das comemorações do centenário do Nobel português da Literatura. Espaço ainda para a professora Sandra Duarte Tavares comentar as palavras dispêndio e dispendioso.
* Hora oficial de Portugal continental.