Em português, a conjugação verbal inclui os particípios passados, que se formam geralmente com os sufixos -ado (na 1.ª conjugação: abandonar > abandonado) ou -ido (na segunda e terceira conjugações: comer > comido; partir > partido) e aos quais se atribui sentido passivo, quando se trata de verbos transitivos: «o pavilhão foi abandonado». Mas há particípios passados que fogem à regra, impondo ou permitindo uma interpretação ativa: é o caso de viajada em «ela é muito viajada» (cf. Gramática do Português, da Fundação Calouste Gulbenkian, 2013, pág. 1489, nota 170). Para refletir um pouco sobre estas exceções, sugerimos a leitura do que diz o linguista brasileiro Aldo Bizzocchi sobre o uso de divertido ou necessitado num pequeno artigo disponível na versão em linha da revista Língua Portuguesa.
E a propósito de particípios passados, no Pelourinho, Sandra Duarte Tavares recorda que a tradição normativa obriga a que, no emprego destas formas com o comparativo de superioridade do advérbio bem, ocorra «mais bem», e nunca melhor. Entretanto, apesar da pausa de Natal e da interrupção do envio de perguntas (que termina no dia 4 de janeiro de 2013)*, o consultório continua a ser atualizado com material que ainda aguardava resposta: neste dia, discutem-se o valor causal/explicativo da conjunção que e o emprego de casa sem artigo definido.
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