Em Portugal, na polémica gerada pela aplicação da nova ortografia, invoca-se o argumento de esta permitir alargar o mercado das editoras brasileiras, que assim suplantariam as suas congéneres portuguesas, por exemplo, em África. Não é essa a visão do escritor angolano José Eduardo Agualusa (ver edição em linha do jornal Público de 13-03-2013): «As editoras brasileiras têm ainda imenso espaço para ocupar no Brasil, não estão preocupadas nem com Portugal nem com África, e quem está a entrar no Brasil são as editoras portuguesas. Portanto, o acordo ortográfico, desse ponto de vista, é sobretudo benéfico para as editoras portuguesas, não para as brasileiras, e, se alguém fosse beneficiar, seria Portugal.» Estas declarações, talvez surpreendentes para alguns, foram produzidas no Rota das Letras-Festival Literário de Macau, já aqui assinalado.
Em sintonia oposta, manifestou-se de novo a escritora portuguesa Teolinda Gersão, com o artigo “De acordo em acordo até ao desacordo final?” (in Público 14-03-2013), que pode ser lido aqui. Com esta ressalva factual: o Brasil não adiou para 2016 a entrada em vigor do Acordo Ortográfico – como aí se escreve, erradamente. O que o Brasil «adiou» foi a obrigatoriedade da sua adoção generalizada, cujo período de transição foi, esse sim, prolongado por mais três anos, que passou a coincidir com o que sucede também em Portugal – conforme as declarações da própria senadora brasileira a quem coube essa iniciativa legislativa: «Foi um gesto de solidariedade da nossa parte, deixar que o Acordo entre em vigor, em 2015, junto com Portugal, como demonstração de boa vontade política.» Esta é uma imprecisão recorrente na imprensa portuguesa, confundindo-se por regra obrigatoriedade com entrada em vigor. Vide, ainda, "Acordo Ortográfico: o que (não) foi adiado no Brasil".
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