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Acordo Ortográfico // Critérios a rever – propostas e sugestões

Para um vocabulário conforme o português europeu

«(...) O autor não respeita o critério fonético, a não ser quando a consoante é articulada em Portugal, porque entende que esse critério generalizado divide os falantes, quando o que se pretende é uni-los na língua. (...)

 

 

1. Introdução

O objetivo do autor é a constituição de um vocabulário pessoal que possa contribuir para a elaboração de um Vocabulário Ortográfico Nacional (VON) para o AO90. O autor pretende no trabalho defender o português europeu, tão maltratado nos atuais vocabulários portugueses.

Aproveita-se para sugerir aperfeiçoamentos no AO90, mas sem o recusar liminarmente, para não criar outra confusão. Deseja-se esclarecer devidamente os seus pontos dúbios e convertê-lo para que seja possível um VON bem adaptado ao português europeu, independentemente de se aceitar um VOC efetivamente comum no universo da língua.

A razão alegada pelo Brasil para afinal denunciar o Acordo de 1945 foi não poder aceitar imposições da Norma que só eram necessárias para Portugal. Assim, o autor analisa em cada vocábulo a solução brasileira; com os objetivos de: • na comparação manter quanto possível as soluções de 1945, • simplificar a língua sem perda de qualidade, • ponderar, nessa comparação e nessa simplificação uma unidade que não prejudique o português europeu.

O autor não respeita o critério fonético, a não ser quando a consoante é articulada em Portugal, porque entende que esse critério generalizado divide os falantes, quando o que se pretende é uni-los na língua. Cria muitas vezes palavras novas desnecessárias, logo, contraria até a simplificação e a unificação.

Legenda de abreviaturas usadas a seguir: • Aut.: autor;  • BRu: única no Brasil; • PT: Portugal; • rasurado: grafia recusada; • n. r.: não recomendável; •  s. n. i.: se não inconveniente;  •  p. c.: para coerência;  •  c. e.: caso especial.

 

2. Regras do autor para a escolha dos vocábulos

2.1 Exigência da consoante na palavra

•   Sempre que se pronunciam em PT invariavelmente: adepto, convicto, pois a variante sem a consoante perde sentido. Ou, então, oscilam em PT, aceitando-se, neste caso, a variante sem a consoante, ...mas só se também frequente e se aceitável em PT: sector/setor, mas dicção/dição, amnistiaanistia.

•   Quando são invariavelmente mudas, também não se aceitando a variante fonética:

a) quando a consoante é útil no português europeu para desfazer ambiguidades: corrector/corretor, ópticaótica com os mesmos sentidos;

b) quando BRu com consoante, a variante pode recusar-se ou não:

• Recusa-se a variante para evitar ambiguidades: acepção (BRu)/aceção, ambiguidade com acessão.

• Recusa-se a variante se tem pronúncia inconveniente: telespectador (BRu)/­telespetador.

• Não se recusa terminantemente a variante sem a consoante (não a rasurando como quando se recusa), mesmo se útil para abrir a vogal, ...no caso de a palavra ficar sem sentido com a vogal fechada. A não recusa terminante atende também aos hábitos já adquiridos nestes seis anos de aplicação do AO90. No entanto, esta variante será “não recomendada” para evitar duplas grafias: decepção (BRu)/­deceção n. r.

•  A etimologia continua preferencial, mas, também nos hábitos adquiridos, aceita-se a variante sem a consoante “se esta não tiver ação na vogal” e só se não houver incoerência num mesmo texto: apoca­líptico (BRu)/apoca­lítico s. n. i apocalipse.

2.2. Supressão da consoante na palavra

•   A consoante pode ser dispensada quando a vogal fechada fique sem sentido: ação. Nos hábitos adquiridos e para simplificação, pode, assim, recomendar-se sempre a forma sem a consoante, ignorando a variante com ela: em introspeção, a variante seria introspecção, mas porque |intros­pção| não tem sentido, então, nem se regista esta variante. Estão também, neste caso, coletivo, objeção, adotar, etc.

•   Quando a palavra sem a consoante é BRu, convém que o seja também em Portugal se não houver inconveniente: inspetor (BRu).

Mas pode impor-se a variante etimológica se conveniente para coerência num mesmo texto (Egito (BRu)/Egipto p. c. egípcio) e da mesma maneira num caso especial para evitar ambiguidades ou questões didáticas: ativo/activo c. e.

2.3. Escolhas quando BR tem as duas variantes

•   Pode aceitar-se a variante sem a consoante ou não: afecção/afeção (ambiguidade com afeição), torrefacção/torrefação s. n. i. torrefacto.

2.4. Acentos

O autor insiste em pára, pêlo para evitar a confusão com parapelo.

2.5. Hífen

O autor não dispensa o hífen nos compostos com sentido aparente, aderência de sentidos ou tradição, tenham ou não elementos de ligação. Distingue-os de locuções.

2.6. Sugestões

O autor apresenta no seu vocabulário sugestões para a adoção de critérios diferentes daqueles que foram escolhidos para o AO90.

Vocabulário de modelos do autor

São só apresentados modelos de vocábulos para orientação de escolhas. Não é o vocabulário de consulta do autor, a publicar oportunamente.

Serão acrescentadas sucessivamente mais entradas ao Vocabulário, à medida que vão sendo estudadas. 

[Anteriores contributos do autor contemplados nesta sub-rubrica dedicada especificamente ao Acordo Ortográfico de 1980 (Critérios a rever – propostas e sugestões): aqui e aqui.] 

N. E. As entradas, em processo de atualização, encontram-se disponíveis no sítio eletrónico do autor.

Cf. Parlamento rejeita desvinculação de Portugal do Acordo Ortográfico

Fonte

Documento disponível no sítio eletrónico do autor.

ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa