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Controvérsias // TLEBS

Ainda a TLEBS

A polémica em torno da TLEBS ressente-se aparentemente da muito comum situação portuguesa relativa a alhos e bugalhos...

Os defensores da terminologia invocam o rigor científico da sua elaboração à luz da situação actual das teorias e investigações linguísticas; os críticos apontam os inconvenientes que tal mutação (seja em si própria, seja na forma de aplicação) apresenta para o ensino do Português no sensível período do secundário.

Os primeiros tentam também contestar estas críticas com um argumento de pouca verosimilhança e seriedade: os «milhares» de professores que «ao longo de anos» teriam participado na elaboração da TLEBS – e que ninguém descobre onde estão...

Parece indispensável fazer a distinção, afinal exactamente no sítio onde ela se tem colocado.

Ninguém contesta a necessidade de uma investigação científica em torno da estrutura da língua e ninguém tem dúvidas quanto à legitimidade de uma atenção actualizada e dinâmica sobre o problema, pesem legítimas preocupações: veja-se, por exemplo, a subestimação dos estudos literários a que tem conduzido certas duvidosas propostas dos linguistas.

Mas a TLEBS não constitui, antes pelo contrário, exclusiva ou sequer essencialmente um trabalho de aprofundamento científico e académico do estudo da língua: assim fora e certamente tudo decorreria sem alarde público, no debate entre especialistas e no natural processo de gerar vários níveis de compreensão e de aplicação.

O problema é que, como o próprio nome indica, trata-se da constituição com objectivos funcionais de uma metodologia de ensino abismalmente diferente da actual e imposta administrativamente de forma mais do que controversa.

O facto de uma investigação académica ter um suporte científico mais ou menos defensável não a transforma automaticamente numa correcta e eficaz metodologia pedagógica - e aqui reside o centro da questão.

Muito pelo contrário, o que surge como evidente é que a TLEBS pode ter todas as qualidades do mundo, excepto aquela para que parece destinar-se: ensinar adolescentes a ler, escrever, usar eficazmente as palavras e estimular-lhes o gosto pela leitura!

DN

Fonte Artigo publicado no "Diário de Notícias" do dia 18 de Janeiro de 2007
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa