Antologia // Brasil Ouverture la Vie en Close em latim “porta” se diz “janua” e “janela” se diz “fenestra” a palavra “fenestra” não veio para o português mas veio o diminutivo de “janua”, “januela”, “portinha”, que deu nossa “janela” “fenestra” veio mas não como esse ponto da casa que olha o mundo lá fora, de “fenestra”, veio “fresta”, o que é coisa bem diversa já em inglês ... Paulo Leminski · 12 de março de 2010 · 4K
Antologia // Brasil Casa-Grande & Senzala, Quarenta Anos1 Ninguém escreveu em português No brasileiro de sua língua: Esse à vontade que é o da rede, Dos alpendres, da alma mestiça, Medindo sua prosa de sesta, Ou prosa de quem se espreguiça. 1 Este poema é dedicado ao escritor brasileiro Gilberto Freyre, autor do livro Casa-Grande & Senzala, publicado em 1933. João Cabral de Melo Neto · 15 de fevereiro de 2010 · 5K
Antologia // Brasil Língua portuguesa Ó língua de Camões, de estrofes sonorosas, que Netuno aprendeu para encantar sereias, idioma que ensinou às virgens amorosas a ternura que vibra em trovas e epopeias! Língua de Bernardim, de lendas lacrimosas, se cantas o furor das guerras, estrondeias, mas, se falas de amor em xácaras saudosas, qual meigo rouxinol, suavíssimo, gorjeias! Língua que fez chorar a França soberana, com frases de paixão de Freira Lu... Maximiano Augusto Gonçalves · 9 de abril de 2009 · 4K
Antologia // Brasil Soneto à Língua Portuguesa Havia luz pela amplidão suspensa no azul do céu, vergéis e coqueirais... e o Lácio, com fulgores divinais, abrigava de uma virgem a presença... Era um castelo de ouro, amor e crença, que igual não houve, nem haverá jamais... Onde os poetas encontraram ideais na poesia nova, n'alegria imensa... A virgem era a Língua Portuguesa, a mais formosa e divinal princesa, vivendo nos vergéis de suave aroma! Donzela mei... Waldin de Lima · 7 de março de 2009 · 3K
Antologia // Brasil No descomeço era o verbo No descomeço era o verbo. Só depois é que veio o delírio do verbo. O delírio do verbo estava no começo, lá onde a criança diz: Eu escuto a cor dos passarinhos. A criança não sabe que o verbo escutar não funciona para cor, mas para som. Então se a criança muda a função de um verbo, ele delira. E pois. Em poesia que é voz de poeta, que é a voz de fazer nascimentos — O verbo tem que pegar delírio. Manoel de Barros · 29 de outubro de 2007 · 8K
Antologia // Brasil O verbo for Escrita ainda em vida do autor, esta saborosíssima crónica sobre uma prova oral... «bestíssima» foi publicada no jornal "O Globo" (e em outros jornais) a 13 de setembro de 1998, integrando o livro "Conselheiro Come». João Ubaldo Ribeiro · 13 de outubro de 2007 · 11K
Antologia // Brasil A Camões * Quando n'alma pesar de tua raça a névoa da apagada e vil tristeza, busque ela sempre a glória que não passa, em teu poema de heroísmo e de beleza. Génio purificado na desgraça, tu resumiste em ti toda a grandeza: poeta e soldado… Em ti brilhou sem jaça o amor da grande pátria portuguesa. E enquanto o fero canto ecoar na mente da estirpe que em perigos sublimados plantou a cruz em cada continente, não mor... Manuel Bandeira · 14 de julho de 2007 · 5K
Antologia // Brasil Sexa «- Pai…- Hmmm?- Como é o feminino de sexo?- O quê?- O feminino de sexo.- Não tem.- Sexo não tem feminino?- Não.- Só tem sexo masculino?- É. Quer dizer, não. Existem dois sexos. Masculino e feminino.- E como é o feminino de sexo?- Não tem feminino. Sexo é sempre masculino.- Mas tu mesmo disse que tem sexo masculino e feminino.- O sexo pode ser masculino ou feminino. A palavra "sexo" é masculina. O sexo masculino, o sexo feminino.» Crónica do escritor brasileiro Luís Fernando Veríssimo (1936 — 2025) , transcrita, com a devida vénia, do livro Comédias para se Ler na Escola, Publicações Dom Quixote, 2002, Lisboa. Luís Fernando Veríssimo (1936 — 2025) · 10 de novembro de 2005 · 31K
Antologia // Brasil Aula de Português A linguagemna ponta da línguatão fácil de falare de entender.A linguagemna superfície estrelada de letras,sabe lá o que ela quer dizer?Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,e vai desmatandoo amazonas de minha ignorância.Figuras de gramática, equipáticas,atropelam-me, aturdem-me, seqüestram-me.Já esqueci a língua em que comia,em que pedia para ir lá fora,em que levava e dava pontapé,a língua, breve língua entrecortadado namoro com a prima.O português são dois; o outro, mistério. Carlos Drummond de Andrade (1902 — 1987) · 15 de março de 2005 · 6K
Antologia // Brasil Língua Portuguesa Vinda das noites de miscigenação da Ibéria,das paixões do latim distante,dos gritos bárbaros nas manhãs do Tejo,das vozes de Camões, Quental, Pessoa,— Ó pátria sonora dos homens, língua portuguesa! Olavo Rubens · 20 de fevereiro de 2004 · 4K