DÚVIDAS

ARTIGOS

Antologia // Portugal

Casa do Ser


A língua é a casa do Ser.
Hölderlin e Heidegger


Língua, Casa do Ser que lá não mora,
E, se chama, não está por morador,
Que só em nós o verbo se demora
Como sombra de sol e eco de amor.

Abrigo sim, porém sem tecto, fora
De torre ou porta, os muros no interior:
Assim a Casa essente rompe à aurora
Para se incendiar com o sol-pôr.

É a noite o seu rápido alicerce,
Enquanto Casa, que não Ser (aéreo
O que nem isso é ia eu dizer

No hábito verbal que corta cerce
A hastilha do jardim da Casa, etéreo
Mensageiro de fogo. Pode ser).

 

Fonte Poema incluído no livro Obras Completas de Vitorino Nemésio volume II - Poesia, Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 1989, Lisboa
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa