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Pelourinho // Mau uso da língua no espaço público

"Descriminadas":
um erro crasso... com chancela governamental

«Se é alérgico ou intolerante a alguma das substâncias a seguir descriminadas e tem dúvidas se esta foi utilizada na preparação/confeção do que pretende consumir (...)»

 

A AHRESP (Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal), juntamente com o Governo de Portugal, distribuiu, junto de cafés e restaurantes, informações sobre alimentos que podem provocar alergias ou intolerâncias.

Com a colaboração do Governo de Portugal, estes cartazes, que se encontram publicamente afixados em casas de alimentação do país, apresentam um erro frequente em língua portuguesa. É a dissimilação. Trata-se de um processo fonológico – de pronúncia, portanto – segundo o qual dois sons próximos perdem alguma semelhança, afastando-se. Assim, dois sons iguais tornam-se, a nível da pronúncia, diferentes.

É a dissimilação que justifica a pronúncia diferente dos dois ii de ministro, em menistro, privilégio em previlégio, adivinhar em adevinhar. São pronúncias menos cultas do português. Este processo fonológico torna-se patente neste cartaz pela má grafia da palavra descriminadas, grafia que acompanha o processo de dissimilação fonológica. Lamentável a chancela do Governo de Portugal num texto com um erro crasso de ortografia.

ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa