A notícia em baixo transcrita (Público de 13 de Julho de 2007) e o seu autor, em particular, incorrem em dois erros muito comuns na imprensa portuguesa.
1) Não têm em conta a diferença entre «aumentar dez por cento» e «aumentar dez pontos percentuais».
2) Ignoram a diferença entre vereador e deputado na terminologia autárquica portuguesa. Só na Assembleia Municipal é que existem «deputados municipais»
Eleições intercalares de Lisboa
António Costa continua a subir e está entre a eleição de sete a oito vereadores
António Costa reforçou mais uma vez a liderança nas intenções de voto para as eleições intercalares da Câmara Municipal de Lisboa de domingo, somando agora 37,1 por cento das simpatias, segundo uma sondagem da Intercampus para o Público, TVI e Rádio Clube.
Costa está a subir e Fernando Negrão (PSD) a descer, ultrapassado no segundo lugar pelo ex-presidente da autarquia e candidato independente Carmona Rodrigues.
O socialista ainda não chega ao seu objectivo primeiro de obter a maioria, mas a sua subida foi significativa: somava 31,1 por cento das intenções de voto no primeiro estudo de opinião da Intercampus (14 de Junho), passou depois para 34,7 (5 Julho) atingindo agora para os 37,1.
Numa extrapolação feita pelo Público aos números da sondagem e a confirmarem-se tais resultados, Costa pode eleger de sete a oito dos 17 vereadores da CML. Conseguirá também aumentar em cerca de dez por cento1 o resultado obtido por Manuel Maria Carrilho nas autárquicas de Outubro de 2005 (26,56 por cento)
Carmona Rodrigues também não tem parado de crescer e soma agora 16 pontos percentuais, quando na primeira pesquisa tinha 13,7. Situação inversa está viver o social-democrata Fernando Negrão, que caiu de 19,5 pontos (14 de Junho) para os 15,1 agora. Carmona Rodrigues, que em 2005 concorreu com o apoio do PSD, teve na altura 42,43 por cento dos votos. Estes dois candidatos podem eleger três vereadores cada um.
Razões para sorrir tem também Ruben de Carvalho. O candidato comunista que lidera a lista da CDU soma 13,6 por cento das intenções de voto, quando em Junho tinha 91,1. Com estes números, a CDU elegeria dois deputados, mas com fortes possibilidades de chegar aos três.
A candidatura liderada por Helena Roseta, Cidadãos por Lisboa, foi ultrapassada pela de José Sá Fernandes. Roseta está agora na sexta posição com 4,5 pontos percentuais (tinha 9,1 há um mês e 6,5 a 5 de Julho), enquanto o candidato apoiado pelo Bloco de Esquerda soma 7,4 por cento das intenções de voto (9,6 a 15 de Junho e 6 a 5 de Julho).
Face a este resultado, Sá Fernandes elegeria um vereador e Roseta está por uma margem muito pequena entre conseguir ou não ser eleita. Roseta é dos poucos candidatos que caem em relação ao estudo do dia 5 e isso pode ficar a dever-se ao facto de o boletim de voto não ter o seu nome, mas o do movimento. E a candidata bem tem sentido nas ruas as dificuldades dos eleitores em encontrá-la no boletim.
Quem também caiu foi Telmo Correia. O candidato do CDS-PP foi mesmo ultrapassado por Garcia Pereira, do PCTP/MRPP, que está agora no sétimo lugar na lista, com 2,6 por cento das intenções de voto, enquanto Telmo soma 2,4 pontos.
Os restantes quatro candidatos não chegam a atingir um por cento dos votos: O PNR de José Pinto Coelho tem 0,5 por cento; o PND de Manuel Monteiro igual resultado; o MPT de Quartin Graça e o PPM de Gonçalo da Câmara Pereira ficam-se pelos 0,2 por cento das intenções de voto.
Luciano Alvarez
1Se aumentasse 10 por cento, aumentava 2,66 pontos. Ou seja, passava de 26,56 para 29,22.