As agências de publicidade são lugares por vezes simpáticos, onde se respira um cosmopolitismo que, convidando à criatividade, não deixa de convidar também à passividade perante os barbarismos. Uma reunião de publicitários chega a tornar-se atroz com o número de expressões inglesas que utiliza, quando, na sua maioria, têm equivalência em Português. «Target (destinatário, público-alvo)! Clipping (recorte, análise ou monitoragem de informação)! Costumer (cliente)! Manager (director, administrador, gerente)! Direct (directo)! Business (negócio)! Image (imagem)!» Esta tendência - já evidente em textos dos jornais e nas idas de publicitários à televisão e à rádio - vai agravar-se com a crescente globalização do mercado.
Se a Petrogal, a maior empresa do País, foi despedida duas vezes nos últimos tempos por duas multinacionais americanas de publicidade, imagine-se o respeito que tamanhas multinacionais hão-de ter pela nossa língua. É que o negócio da Petrogal ainda valia um milhão de contos por ano, e a Língua Portuguesa, para elas e quem as serve, não vale um chavo.