«Seja o próximo testemunho Actimel!» – vê-se, e lê-se, em painéis publicitários pelas ruas de Lisboa.
Este discurso apelativo que nos convida a participar na publicidade a um produto – o Actimel – chama, de facto, a nossa atenção! A mim, provocou-me, de imediato, uma sensação de estranheza e de natural desconfiança. Ser um testemunho? Como é que alguém se pode tornar num depoimento? Será que não confundiram este termo com o outro que, aparentemente, só difere no género?
Não pude deixar de pensar nas técnicas da publicidade. E um documento publicitário joga com as sensações que provoca. Ora privilegia a arte de sensibilizar, ora a de chocar, a de desconcertar... E conseguiu! Mas a minha dúvida permanece: Terá sido intencional a escolha de testemunho em vez de testemunha? Porque, na realidade, é este substantivo (de um só género) que designa pessoas (de ambos os sexos) que dão testemunho de qualquer situação. Ter-se-á o autor da publicidade debatido com as várias hipóteses, do tipo "Seja a próxima testemunha das maravilhas de..." ou "Dê o seu testemunho sobre os efeitos de..." e, perante a vulgaridade da norma, tenha optado pela fórmula do desvio?
A dúvida persiste. E prefiro iludir-me com estas conjecturas...