Diogo Freitas do Amaral, o presidente cessante da Assembleia-Geral da ONU, deve ser hoje a figura com um discurso mais consensual na política portuguesa. Dizem as más línguas que não é nada inocente este estar-bem-com-tudo-e-com-todos do antigo líder da direita portuguesa, agora tão sensível também a alguns temas mais sintonizados pela esquerda, como a xenofobia ou o caso dos ciganos escorraçados de Oleiros, no Norte de Portugal.
Basta ouvi-lo, como se ouviu no domingo na Antena 1/RDP, no programa "O Mundo de …", do jornalista Adelino Gomes. Diplomata, até, nos temas mais abrangentes: por exemplo, nas interrogações éticas sobre a clonagem, mas atento ao perigo de "novos Galileus"…. Com a subtileza q.b. em cada palavra que vai soltando, não vá ela chocar alguns dos seus desejados futuros eleitores do sonho presidencial já em rampa de lançamento…
Por isso, só por isso, se espera que um candidato tão cioso da harmonia entre os portugueses não tropece vezes sem conta nesse verdadeiro conflito sintáctico do "ter a ver"… com isto e com aquilo.
Só por isso, prof. Freitas do Amaral : preferir o galicismo "ter a ver" ("je n'ai rien a voir"…), em vez do vernáculo ter que ver, até nem é um pecado mortal para um assumidíssimo católico português. Talvez só um pecado venial, daqueles redimíveis por uma… boa absolvição.
Ao ter que ver vai acontecer, seguramente, o mesmo que sucedeu ao de modo que - também há muito desaparecido em parte incerta do vocabulário mais mediático nacional, por troca com o igualmente afrancesado "de modo a". Mas, para um confesso defensor da lusofonia, outra das suas simpáticas preocupações, convenhamos que…