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Dar à Língua

Da comunicação às expressões idiomáticas

Tratando-se de uma edição relativamente antiga – Cosmos, 1997 –, de menos de 150 páginas, a relevância deste livrinho da autoria de Guilhermina Jorge e Suzete Jorge não é tanto a seleção feita de expressões idiomáticas, matéria profusamente abordada tanto em Portugal como no Brasil. O que o torna uma pequena preciosidade é como as apresenta – do discurso quotidiano ao literário, da publicidade à chamada língua de trapos, do calão aos provérbios e expressões mais populares da língua portuguesa.

 Dar à Língua – da comunicação às expressões idiomáticas estrutura-se em três capítulos. Segundo a categoria temática correspondente, 24 ao todo, com um curto texto de contextualização em cada uma delas e ordenados por ordem alfabética os respetivos idiomatismos, na primeira parte; exercícios de compreensão, de restituição, de contextualização, de modificação [ou] de tradução intralíngua, na segunda; e, finalmente, um índice  também por ordem alfabética, de todas as expressões idiomáticas, com o devido significado, que compõem o «caderno», como preferem chamar-lhe as autoras, na introdução ao seu trabalho. De assinalar, ainda, a inclusão de uma excelente Bibliografia com uma vintena de obras e autores consagrados nesta temática, nos dois lados do Atlântico.

Alguns exemplos mais sugestivos e respetivas categorias: «dê ouvidos a quem sabe», «fresco que nem uma alface», «um crédito sem telhados de vidro» (anúncios publicitários); «calar é melhor que falar», «livra-te do homem que não fala, e do cão que não morde»  (provérbios); «enrolar a trouxa», «meter a língua no saco», «não dizer chu nem mus» (do não falar); «dar um chá», «dar um sabonete», «pregar uma alvorada» (sobre a crítica e a censura); «encher chouriços», «ladra à lua», «pensar alto» (conversa fiada); «cantar a palinódia», «não dizer a letra com a careta», «voltar com a palavra atrás» (contradizeres); «dar baile a alguém», «fazer o fadinho», «gastar o latim» (aconselhamentos vs. convencimentos); «dar à língua», «descobrir  a careca», «dizer à boca cheia», (acusações e denúncias, algumas do tempo da Inquisição...); «abrir a alma», «despejar o saco», «esvaziar o saco» (tudo o que perturba ou incomoda); «mandar falar com o Camões», «mandar para o maneta», «mandar ver se chove» (desentendimentos e aborrecimentos); «cortar na vida alheia», «deitar veneno», «roer na pele» (difamar, insultar e maldizer); «engolir gato por lebre», «ser tudo cantigas», «vender bulas» (enganos e enganados); «falar grosso», «ter a boca suja», «ter língua porca» (maledicência e grosserias); «contar bulas», «dizer cinzas», «soltar balões» (intrujices); «pôr nas alturas», «cantar a canção do bandido», «dar pomada» (elogios e lisonjas); etc., etc., etc. 

Nada tendo que ver com um outro livro posteriormente publicado com o mau gosto de levar o mesmo título, este Dar à Língua tem a preciosidade acrescida do seu preço, encontrando-se disponível  apenas em algumas livrarias e alfarrabistas portugueses.  

 

Cf.  Expressões curiosas da língua portuguesa  + 50 expressões idiomáticas + As 36 expressões mais caricatas da Língua Portuguesa169 expressões idiomáticas que você precisa aprender a usar agora mesmo! + Descubra algumas expressões do português de Portugal que são bem diferentes do brasileiro + 14 gírias e expressões do português europeu que não fazem sentido para brasileiros 

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