História do Português desde o Big Bang conta a história da língua integrada na história da linguagem humana. Ao longo de 12 capítulos interliga as novidades do conhecimento linguístico com as descobertas da biologia e da física.
Com esta sua nova obra, Marco Neves propõe-se, sobretudo, a prestar uma homenagem à curiosidade, «a essa vontade de saber mais que carateriza o ser humano».
À pegunta, comum a qualquer pessoa menos informada no tema,«Quando foram inventadas as palavras?», escreve: «Os linguistas inclinam-se para aceitar que, há 40 000 anos, já todos os seres humanos falavam línguas com caraterísticas semelhantes às nossas. No entanto, há indícios de que já teríamos linguagem humana muito tempo antes, desde o tempo do Homo Erectus, que surgiu há 2 000 000 de anos.»
E muitas outras curiosidades. Por exemplo: porque não falamos todos a mesma língua, ou porque todos os falantes são diferentes, ou, ainda porque mudam as palavras de sentido. E, entre «as mais de 7000 línguas espalhadas no mundo», leva-nos por uma «viagem até 33 delas − do castelhano ao basco e ao catalão, passando pelo occitano, o francês, o inglês, o neerlandês, o norueguês, o sueco, o árabe, o japonês, o coreano, o russo, o tétum e o chinês (o falado em Macau e o mais generalizado em Taiwan e na República Popular da China); assim como alguns idiomas menos conhecidos pelo comum dos falantes de português, como o copta, lapão, o maori, o pitkern, o tok pisin, o rapa nuio ou quíchua. E, de Portugal, o mirandês.
No caso do português e da sua origem latina, trata o capítulo 8: «No século VI, já seria difícil a algum minhoto comunicar no seu latim com o latim de um romano, por exemplo. O latim estava a dividir-se… E, no entanto, todos falavam uma língua completa. O que quero dizer com isto? Quando olhamos para a história da língua, imaginamos o seguinte: havia uma língua estabilizada – o latim – que se desfez e deu origem a embriões de outras línguas. Esses embriões acabaram por dar origem a línguas nacionais, muito mais tarde: o português, o espanhol, o francês, etc.»
De tudo isto e muito mais nos fala esta História do Português desde o Big Bang – como é o caso, ainda, dos crioulos de base portuguesa, das «palavras contra a corrente e dentro dos dicionários» e o que distingue a nossa língua em Portugal e no Brasil (cap. X). Ou, em remate final, sobre uma outra «mais clara divisão entre quem fala a nossa língua e os outros todos»:
«Dividimo-nos em comunidades linguísticas e cada uma dessas comunidades cria história e tradições que assam entre gerações. É na nossa língua que bate o coração tribal, que gosta daquilo que nos separa claramente dos outros e nos une a todos de cada grupo. A língua materna deixa-nos esse coração a bater mais depressa.
Há algo ainda mais intimo: gostamos de ouvir a língua em que nos contaram as histórias de infância. Gostamos de ouvir a língua em que aprendemos a falar. E agora que inventámos a escrita (foi há poucos tempo, se virmos bem), também gostamos de ler na nossa língua: os livros que nos dão a ler na escola, os livros que nos contam histórias, os livros que nos saciam a curiosidade sobre o mundo, os livros que partilham descobertas ou enganos, os livros que explicam e contam histórias sobre a nossa própria língua. É um prazer particular particular para o mundo em português – e apontar para cima e contar a história do Universo aos nossos filhos, na língua em que pela vez imaginámos o mundo.»
Com uma diversificada bibliografia, como é hábito nas obras do autor, História do Português desde o Big Bang teve lançamento simultâneo em três mercados: nas livrarias portuguesas e galegas e junto dos leitores brasileiros em formato eletrónico.
Cf. Entrevista a Marco Neves, no programa Páginas de Português, na Antena 2, do dia 25 de abril de 2021.
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