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Língua portuguesa «merecia ser mais conhecida»,
defende Durão Barroso

O português é tema de encontro organizado pelo Instituto Goethe

« (...) O português é uma língua pluricontinental, em que o maior acionista da língua está na América do Sul, na América Latina, o acionista fundador está na Europa, mas o maior número de acionistas está em África, são cinco países de língua oficial portuguesa. E ainda podíamos falar de Timor-Leste, ou de Macau. (...)»

 

O atual presidente da Aliança Global para as Vacinas (GAVI), Durão Barroso, considera que a língua portuguesa merecia ser «mais conhecida» como «segunda língua». O também antigo primeiro-ministro português e ex-presidente da Comissão Europeia prestou dclarações a propósito do discurso que, em 23 de junho de 2021, vai fazer no colóquio virtual Portugal e a sua língua no mundo, integrado na iniciativa Europa. As tuas línguas, do programa Europanetzwerk Deutsch do Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão e administrada pelo Instituto Goethe.

«É uma língua importante, é uma das maiores línguas do Ocidente, logo a seguir ao inglês e ao espanhol. Mas acho que é uma língua que merecia ser mais conhecida como segunda língua, como língua de cultura. Felizmente, nos últimos anos, houve um interesse maior pelas língua e cultura portuguesa», assumiu, em declarações à agência Lusa.

«O português é uma língua pluricontinental, em que o maior acionista da língua está na América do Sul, na América Latina, o acionista fundador está na Europa, mas o maior número de acionistas está em África, são cinco países de língua oficial portuguesa. E ainda podíamos falar de Timor-Leste, ou de Macau», salientou, realçando a importância do português no mundo.

Durão Barroso foi presidente da Comissão Europeia de 2004 a 2014, admitindo que o ajudou muito, durante o seu percurso profissional, falar vários idiomas.

«Na União Europeia, uma das coisas que mais me ajudou quando estava a negociar com 28 governos (ainda antes do "Brexit") era estar a seguir, não apenas a tradução, mas a própria língua. Estava também a pensar no modo de se conseguir um compromisso porque a linguagem às vezes é obstaculo, às vezes é solução. Com uma formulação diferente podemos encontrar uma conciliação, uma solução para um problema, às vezes político», salientou.

O [ex-primeiro  português] reconheceu que a comunicação a nível global «repousa muito no inglês», não vendo isso como um problema, «muito pelo contrário». Esta “língua veicular” não deve, defendeu, anular o pluralismo das línguas que existem em todo o mundo.

«Uma língua não é apenas um instrumento, é mais do que isso, é uma visão do mundo, é uma abertura para o mundo. Por exemplo, na União Europeia, que atualmente tem 24 línguas oficiais (…) temos uma riqueza enorme do ponto de vista linguístico e do ponto de vista cultural», frisou.

Barroso reconheceu que a língua «traz sempre alguma proximidade», mesmo no que toca à gestão da pandemia de covid-19.

«Há sempre uma proximidade linguística. Não é por acaso que o primeiro-ministro português disse que vai partilhar com países de língua portuguesa doses da vacina que tenha em excesso, nomeadamente em África. Não é por acaso que a ministra dos negócios estrangeiros espanhola, e o Governo espanhol, irão partilhar doses da vacina com países da América Latina», realçou.

Como presidente da GAVI há seis meses, Durão Barroso dá o seu exemplo, explicando que «talvez não seja por acaso que os líderes de alguns países de língua portuguesa» sejam daqueles com quem mais tem falado, «porque sentem uma proximidade», dando o exemplo do Brasil.

«A língua, mesmo com países distantes, torna esses países mais próximos de nós. Há uma ligação entre língua e perceção da distância física», apontou.

O colóquio Portugal e a sua língua no mundo, que decorre em 23 de junho, surge no contexto da presidência portuguesa do Conselho da União Europeia, que termina em 30 de junho.

 

Cf. Registo áudio + programa do colóquio (em alemão).

Fonte

Notícia da agência Lusa em 10 de junho de 2021.

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