Crítica da qualidade do ensino em Portugal, em particular da língua portuguesa e da literatura, Maria do Carmo Vieira, professora do secundário, pôs uma petição a circular, exigindo a «dignificação do ensino» e pedindo a intervenção da ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues.
Em causa, alega, está a aplicação dos novos programas de Língua Portuguesa, tanto do básico como do secundário, que se convertem em manuais escolares e exames nacionais que tratam a literatura como um «mero tipo de texto». Por isso, exemplifica no texto da petição, os alunos são convidados a «transformar um soneto de Luís de Camões numa notícia de jornal, um texto de Fernando Pessoa num requerimento, um auto de Gil Vicente numa carta de reclamação, ou ainda a envolver a poesia de Cesário Verde (...) com editoriais, textos publicitários e outros».
Maria do Carmo Vieira critica também alguns dos exercícios constantes dos exames nacionais de Língua Portuguesa do 9.º ano, em que textos de Alves Redol e de Luísa Costa Gomes são interpretados «com respostas de escolha múltipla e de verdadeiro/falso». Ou ainda o facto de um excerto de Os Lusíadas ter sido substituído, na 2.ª chamada desta prova, pela reprodução de alguns artigos do Tratado da União Europeia.
«Não permita que a língua seja separada da literatura e que a interpretação de um texto literário seja apoiado por respostas V/F ou de cruz», apela-se na petição, disponível em http://www.petitiononline.com/mercurio/ e que conta com cerca de mil assinaturas.
* In “Público” do dia 30 de Dezembro de 2005
Cf. Obrigatoriedade do exame de Português mantém-se [notícia mais abaixo]