DÚVIDAS

ATUALIDADES

Notícias // Obituário

Rubem Fonseca (1925-2020)

77 anos de carreira, mais de 30 obras publicadas, Prémio Camões em 2003

A poucas semanas de completar 95 anos, Rubem Fonseca não resistiu a um enfarte  no seu apartamento, no Leblon, no Rio de Janeiro.

Nascido em Juiz de Fora, estado de Minas Gerais, em 11 de maio de 1925, José Rubem Fonseca mudou-se para o Rio  de Janeiro aos 8 anos de idade. Formado em Direito, trabalhou como comissário de polícia no início dos anos 1950, cuja  experiência marcaria a sua obra  literária de  mais de 30 livros publicados, especialmente no contos em que a violência e o submundo das cidades têm particular realce.

Estreou-se na literatura em 1963, com o livro de contos Os Prisioneiros, tendo cinco vezes o Prémio Jabuti na categoria de Contos e Crónicas, pelos livros Lúcia McCartney (1969), O Buraco na Parede (1995), Secreções, Excreções e Desatinos (2001), Pequenas Criaturas (2002) e Amálgama (2014).

Na categoria de Romance, venceu-o apenas uma vez, com A Grande Arte (1983).

Em 2015, quando foi distinguido com o Prémio Machado de Assis, a Academia Brasileira de Letras (ABL) considerou «Rubem Fonseca um dos mais importantes ficcionistas contemporâneos brasileiros», que «exerceu profunda influência na cena literária brasileira, inaugurando a tendência que Alfredo Bosi chama de 'brutalista'».

«Consagrou-se pela sua narrativa nervosa e ágil, ao mesmo tempo clássica e moderna, entre o realismo e o policial, revelando a violência urbana brasileira, sem perder o olhar sensível para a tragédia humana a ela subjacente, a solidão das grandes cidades ou para os matizes do erotismo. Seu estilo contido, irónico e cortante, ao mesmo tempo denota um leitor dos clássicos e um ouvido atento ao falar das ruas em seu tempo»,  descreveu-o então a ABL.

Conhecido também pela sua reclusão, e consequente recusa a dar entrevistas, Rubem Fonseca viveu a maior parte da sua vida no Rio de Janeiro, tornando-se numa das figuras da cidade.

Em 2012, quando esteve em Lisboa para receber a Medalha de Mérito Municipal, afirmou que «mais importante que esta grande honraria é o estar em Portugal», terra de todos os seus antecessores.

Num curto discurso, nos Paços do Concelho de Lisboa, o autor de O Cobrador disse que, juntamente com o irmão, foram os primeiros brasileiros de uma família portuguesa onde, em casa, o quotidiano era marcadamente português.

«Em casa falávamos português, minha mãe só cozinhava comida portuguesa e a biblioteca do meu pai era só de autores portugueses», disse na ocasião.

À Lusa, o autor de A Grande Arte declarou emocionado: «Sempre que venho aqui [a Portugal] a minha alegria é redobrada e a felicidade que sinto é muito grande».

 

Cf. Rubem Fonseca (1925-2020), o escritor “peripatético” que gritava vivas à língua portuguesaMorreu Rubem Fonseca: mestre do conto, um dos maiores escritores brasileiros e prémio Camões em 2003, Rubem Fonseca escreveu primeiro livro aos 17 anos e foi um dos maiores autores brasileiros + Rubem Fonseca: o narrador como atirador

Fonte

Texto da agência de noticias Lusa, com a data do dia 15 de maio de 2020

ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa