DÚVIDAS

A expressão «verdade verdadeira»
Sei que este espaço é um espaço dedicado à língua portuguesa, mas já li em muitos dos vossos artigos referências a transliterações ou traduções de línguas estrangeiras. Assim, e não querendo abrir precedentes para vós indesejáveis, rogava-vos veementemente apenas que me atestassem que «vera veritas» em latim é uma tradução aceitável para «a verdade verdadeira».
A função aditiva do hífen e
a função cumulativa da barra [/]
Sobre as explicações de D’ Silvas Filho quanto ao uso da (/) barra na língua portuguesa, ficou-me uma dúvida acerca da interpretação de uma frase. Diz o seguinte: «As pontuações previstas nas alíneas "a.1"/ "a.2" e "b" não poderão ser contadas de forma cumulativa.
» Pergunto ao senhor: Qual o entendimento da frase? O que eu não posso cumular? Apenas "a.1" com "b" e "a.2" com "b" ou também não posso cumular "a.1" com "a.2"? Na minha interpretação, o uso da (/) barra entre "a.1" e "a.2" permite que elas sejam cumuladas. É isso mesmo? Estou correto na minha interpretação?
«Fazer referência a»
Pelo mesmo motivo por que se diz «é hora de a onça beber água», poderia eu dizer «faz-se referência a a auditoria ter sido conduzida corretamente»? Não sei exatamente o porquê, mas imagino que a resposta à minha indagação seja negativa. No entanto, soa-me no mínimo estranho dizer «faz-se referência à auditoria ter sido conduzida corretamente». Parece-me que, assim como na primeira frase não se junta de com a (por o verbo estar no infinitivo – aliás, olha aqui a mesma dúvida: «por o» ou pelo?), também na segunda não se deveria juntar a preposição a com o artigo a.
A Peregrinação e «o caráter aventuroso» da narrativa
Tenho uma dúvida acerca da correcção do exame nacional de português do 12.º ano. Enderecei a dúvida ao GAVE, que me disse que "da questão colocada não decorre necessidade de esclarecimento", algo que é em si mesmo ridículo. Para mais, a dúvida parece-me legítima. Confiante de que a equipa do Ciberdúvidas, que muito prezo, me poderá esclarecer sobre a questão, decidi enviar-vos este e-mail. A dúvida é a que se segue. Como é que a resposta correcta à pergunta 1.1 das perguntas de escolha múltipla da versão 2 pode não ser a A? Afinal, ainda que no texto seja feita referência a uma defesa da Peregrinação, essa coincide na repreensão de que o autor é alvo por relatar acontecimentos falsos. Não coincidirá noutra repreensão que outras leituras críticas façam da obra, mas por certo coincide na repreensão de que o autor é alvo por relatar acontecimentos falsos, já que é escrita em defesa do autor, motivada por se afirmar em leituras críticas que Fernão Mendes Pinto relata acontecimentos falsos. Coincide, assim, nessa repreensão, que, sublinhe-se, não é uma repreensão qualquer: é a repreensão de que o autor é alvo por relatar acontecimentos falsos. Não a subscreve? Não.Mas aborda-a. Incide nela. "Co-incidem" – as leituras da obra – nessa repreensão.
Um caso de oração subordinada causal
Na qualidade de encarregada de educação, venho colocar uma dúvida, embora acabe de ter conhecimento que o Ciberdúvidas se encontra interrompido; no excerto que se segue, como se classifica a oração sublinhada («Porque logo a filha revelou espíritos por de mais alevantados...»)? «Os próprios pais de Amância o acharam; mas sem se atreverem a tentar qualquer pressão sobre o espírito da filha. Porque logo a filha revelou espíritos por de mais alevantados na filha de um modesto amanuense, declarando não corresponder Domingos ao seu "ideal".» José Régio, «Os Namorados de Amância», in Contos (excerto)
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