DÚVIDAS

Pêra/peras (antes do AO),
pera/peras (depois do AO)
Gostaria de saber a razão por que a palavra «pêra» leva acento circunflexo e «peras» não é acentuada. Terá algum fundamento uma explicação, que tenuamente me recordo de ter lido, de que «pêra» é acentuada para não se confundir com a contracção de «per» (arcaico de «por»?) com o artigo «a» («pera»)? Mas, por essa lógica, o mesmo se aplicaria a «peras», que deveria igualmente ser acentuada! E que outros casos similares existem? Antecipadamente grato pela oportunidade que este magnífico espaço me (nos) proporciona diariamente, aproveito para vos manifestar o meu profundo apreço pelo vosso trabalho e recomendar (quase diria obrigar) a consulta desta magnífica “Gramática virtual” a todos quantos amam a Língua Portuguesa.
O uso de "media"
(= «meios de comunicação social»)
No Grande Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora encontra-se a palavra “média” a significar «meios de comunicação de massas”. Sabendo que a palavra latina ‘media’ está na origem da forma portuguesa, estará correcto aportuguesá-la, colocando-lhe um acento agudo, e usá-la como um plural? Não vai isto contra as regras da morfologia portuguesa? Não é verdade que essas regras prevêem que se faça o plural com o acrescentamento de um -s às palavras? Muito obrigado.
Sobre a história do c de cedilha nas ortografias portuguesa e castelhana
Por que motivo a ortografia portuguesa moderna optou por manter o uso da cedilha, rejeitando a sua substituição pelo z tal como foi feito na ortografia castelhana? Houve alguma razão política para manter essa diferença ortográfica, ou houve razões fonéticas para essa opção? A propósito, o som “-za”, “-ce” e “-ci” que escutamos no castelhano, algo semelhante ao “th” inglês, é aparentado com o “s” beirão? Se sim, porque escrevemos Viseu em lugar de Viceu ou Vizeu? Grato pela vossa atenção.
Sobre as formas Galiza e Galícia
No Brasil, infelizmente tornou-se hábito generalizado dizer "Galícia", e não "Galiza", ao se referir ao país dos galegos, na Espanha, quando o normal, em português, é dizer sempre "Galiza". Considero esta prática condenável, pois além de romper com a tradição da nossa língua, pode gerar mal-entendidos, já que há uma outra região com o mesmo nome na Europa Central. Em outras palavras, alguém, numa conversa, pode estar-se referindo à Galícia da Europa Central, e o seu interlocutor entender que se fala da Galícia espanhola. O mesmo pode ocorrer em um texto. Gostaria de saber o que pensam os valorosíssimos, laboriosíssimos e sapientíssimos consultores do Ciberdúvidas a respeito da questão supramencionada. Muito obrigado.
Águam, ágüem, *"oblíquam”, enxáguam, enxágüem
No Brasil, há certas formas verbais paroxítonas da terceira pessoa do plural do presente do indicativo e do subjuntivo, tais como “águam”, “ágüem”, “oblíquam”, “enxáguam”, “enxágüem”, que recebem, como podeis ver, um acento agudo na sílaba tônica, a penúltima. É assim na ortografia do português brasileiro. Ocorre, todavia, que tal acentuação gráfica, de palavras paroxítonas terminadas em “am” ou “em”, não se enquadra em nenhuma regra de acentuação vigente no Brasil. Diante deste fato, pergunto-vos: em que se baseia tal acentuação? Ela é errada ou certa? Como as formas verbais acima seriam escritas em Portugal? Muito obrigado.
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa