DÚVIDAS

A colocação dos acentos no aportuguesamento de palavras estrangeiras
Acabo de ver a resposta dada à pergunta n.º 28 711 (sobre o aportuguesamento de Oregon, Kansas, Arkansas e Oklahoma), e queria aproveitar para lançar uma questão que já há muito me perturba. Não existe nenhuma regra, em português, para a colocação dos acentos (acentos tónicos, não gráficos) nos aportuguesamentos de palavras estrangeiras? Eu tenho observado uma disparidade de critérios, e tendo eu crescido num ambiente multilingue, choca-me um bocadinho quando vejo palavras que na língua original têm acento numa determinada sílaba, e no seu aportuguesamento o acento "salta" para outra sílaba...! O que chamou-me atenção foi a palavra "Arkansas", que em inglês é proparoxítona, ['ɑ:kənsɒ], e no entanto, o aportuguesamento proposto sugere que a palavra seja paroxítona, [ɐɾ'kɐ̴sɐʃ]. Ao que parece, existe o hábito de, ao fazer-se o aportuguesamento de certas palavras, ligar-se apenas à forma escrita, e não à pronúncia original, ou seja, as palavras estrangeiras são aportuguesadas como se a escrita original fosse em português! Estão neste caso Ankara,[aŋkaˈɾa], oxítona, aportuguesada para Ancara, [ɐ̃ˈkaɾɐ], paroxítona (repare-se na raça de gatos e no tipo de tecido angorá); Ottawa, [ˈɒtəwə], proparoxítona, aportuguesada para Otava, [oˈtavɐ], paroxítona (onde é que foram encontrar o «v»?); Addis Abeba, [adis ˈabəba], proparoxítona, aportuguesada para Adis Abeba, [ɐdiz ɐˈbɛbɐ], paroxítona; Bamako, [bamaˈko], oxítona, aportuguesada para Bamaco, [bɐˈmaku], paroxítona; e muitos outros casos, na toponímia ou não. É que, se não houver um critério uniforme para a colocação do acento tónico nos aportuguesamentos, nota-se aqui uma dualidade de critérios. Perde-se toda a legitimidade em exigir certas pronúncias (por exemplo, Florida, e não Flórida — o Estado é deles (dos americanos), mesmo que o nome tenha vindo do espanhol — e perde-se toda a legitimidade em ficar chocado quando francófonos pronunciam «Cutô» (Couto) ou anglófonos pronunciam «Bêicsao» (Baixão)... Gostaria de saber a vossa opinião em relação a este assunto. Obrigado.
Acerca da grafia da palavra assiduidade
A palavra assiduidade, no dicionário, apresenta-se escrita sem acentuação, mas no entanto a fonética da mesma, nomeadamente no ditongo ui, pronuncia-se como "uí". A minha pergunta é se a mesma não devia ser escrita como "assiduídade", ou pronunciada como "a- ssi - dui - da - de" e não "a- ssi -du - í -da - de". Não sei se fui claro na exposição da minha dúvida, dado a mesma estar relacionada com a fonética. Desde já grato pela atenção.
A grafia de sapato e de salema
Embora escrevesse sapato, salema etc., o grande estudioso da língua portuguesa Cândido de Figueiredo afirmava que tais palavras deveriam grafar-se "çapato", "çalema"... Li isso numa de suas obras, Problemas da Linguagem. Em que se baseava o mestre lusitano para dizer que esses e outros vocábulos deveriam ser escritos com cê cedilhado inicial e não com s? Seria certo escrevê-los hoje com ç inicial? Muito grato!
A grafia da palavra estômago
Descobri que em Portugal também se escreve estômago, como no Brasil, e não "estómago", como eu imaginava comparando com quilômetro/quilómetro, econômico/económico, etc. Noto que como nas outras duas palavras que apresentei o som o vem antes do m. Por que será que estômago é estômago em Portugal e não "estómago"? Poderiam dizer-me que é assim que se pronuncia, mas então por que não se pronuncia quilômetro e econômico com o o aberto? Como curiosidade, deixo-lhes o comentário que na escola aprendemos a escrever quilômetro com acento circunflexo, mas muitos, talvez a maioria dos brasileiros nascidos de São Paulo para baixo (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul) pronunciam tais palavras com o aberto. Obrigado por nos proporcionarem este maravilhoso espaço.
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa