Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Campo linguístico: Fenómenos fonéticos
César Silva Engenheiro Portugal 5K

Li numa das vossas respostas que um ditongo crescente é, na realidade, um falso ditongo porque a suposta sílaba é sempre passível de ser dividida em duas sílabas. Parece-me óbvio em história ou em viola, mas não sei como poderei fazê-lo nos ditongos presentes em quota ou quadro.

Outra dúvida tem a ver com uma semivogal entre duas vogais. Por exemplo, gaiato define-se como tendo três sílabas, com um ditongo decrescente: gai-a-to. Contudo, foneticamente, não vejo razão para não dividirmos de forma diversa, com ditongo crescente: ga-ia-to. A que sílaba pertence a semivogal i? À primeira ou à segunda sílaba? Não existe aqui uma ambiguidade natural?

Obrigado.

José de Vasconcelos Saraiva Estudante de Medicina Foz do Iguaçu, Brasil 2K

O verbo destacar, a sua regência, quando se emprega pronominalmente, pede a preposição a ou em?

«A Ana destaca-se a Biologia.»

«A Ana destaca-se em Biologia.»

Ambas as construções estão corretas?

Nessa acepção, o verbo destacar é galicismo? A sua derivação regressiva é destaque?

Destaque é igualmente considerado como galicismo?

Desde já muito grato ao vosso excelente trabalho.

Amanda Soares Estudante Recife, Pernambuco, Brasil 1K

Consultei vários glossários e dicionários e nenhum, dos que possuo, pôde me auxiliar no entendimento dessa contração marcada pelo apóstrofo («que a'm poder tem») nos versos que se seguem.

Trata-se de uma sinalefa? Se sim, como desenvolvê-la e como construí-la na ordem direta?

«(...) Deus nom mi a mostre, que a 'm poder tem,
se eu querria no mundo viver
por lhe nom querer bem nem a veer.'»

(Rui Pais de Ribela, ''A mia senhor, que mui de coraçom")

Desde já, agradeço a atenção dispensada.

Diogo Maria Pessoa Jorge Morais Barbosa Estudante Lisboa, Portugal 1K

Tenho encontrado alguma validação da forma "Marráquexe". No entanto, esta formulação parece-me tão bizantina que só posso perguntar se faz mesmo sentido. Não será antes "Marraquexe", como se costuma ler?

Obrigado.

Shirley Martins Química Lisboa, Portugal 2K

É muito comum no Brasil usarmos o termo «meia dúzia» com o sentido de «seis», principalmente em comunicações telefônicas e aéreas, para que em caso de algum ruído na comunicação, não se ouça três, no lugar de seis. Logo, «meia dúzia» facilita a compreensão de que falamos de 6, e não três.

Pois bem, uma pessoa grosseira me corrigiu, quando eu fornecia meu telemóvel, e citei um dos dígitos como «meia dúzia», com o intuito de facilitar a compreensão. A pessoa respondeu que «meia era para pés». A pessoa compreendeu exatamente o que eu quis dizer, pois após longos anos de troca entre Brasil e Portugal, muitos conhecem muito bem nossas expressões.

Eu não corrijo um americano, quando ele me diz que um artigo custa, por exemplo, 10K. Isso faz parte do dinamismo da comunicação, cada língua tem expressões ou gírias, que podem ser entendidas por outros, sem que isto cause constrangimento.

A pergunta é se  posso usar «meia dúzia», no lugar de seis, sem estar incorrendo num erro gravíssimo, que me leve à "guilhotina" (ironia) ?

Felipe Ferreira Analista de Hardware São Paulo, Brasil 18K

A minha dúvida gira em torno da expressão «benza-o Deus». Alguns dizem "benzadeus" coloquialmente, outros dizem, tal como encontrei em alguns sites de dúvidas, "benza ó Deus".

A minha pergunta é a seguinte: o que realmente significa esta expressão e qual dessas versões [apresentadas] é a  correta?

Uma outra dúvida é porque nenhuma leva [a] vírgula do vocativo. Por exemplo, "benza, ó Deus" e "benza-o, Deus". O "ó" junto ao vocativo também é correto se fosse preciso?

Rui Medeiros Estudante Lisboa, Portugal 2K

Gostaria de saber como o nome Abecassis/Abecasis deverá ser lido, isto é, se a tónica reside no segundo a ou no i.

Eu tendo a ler este nome de família como uma palavra grave, já que não há nada em termos de acentuação que indique o contrário. Ainda assim, toda a gente que conheço vem corrigir-me e diz que a tónica é no i.

Qual a forma certa?

João Nogueira da Costa Almada, Portugal 4K

Segundo todos os dicionários, a palavra alcateia tem origem árabe, com o significado de «rebanho, bando»1.

Será possível saber-se quando, como e por que razão é que este significado, por extensão semântica, evoluiu para «bando ou grupo de lobos»?

Muito obrigado. 

1 No Dicionário Houaiss, lê-se: «ár. al-qaṭīḤ ‘manada, rebanho’, der. do v. qaṭaḤ ‘dividir, separar parte do todo’.» O Dicionário de Arabismos da Língua Portuguesa, de Adalberto Alves, regista: de الـقـطـيـع (al-qaṭîʿ), «o bando», «o rebanho». O Dicionário Infopédia em linha diz-nos: «Do árabe al-qatai'â, «"ebanho".»

Marta Silva Estudante Barcelos, Portugal 1K

Há uma freguesia pertencente ao concelho de Braga, cujo nome é Maximinos. Há pessoas que dizem "maksiminos" e outras "massiminos". Como não sei a origem do nome, não sei qual a fonética correta.

João Nogueira da Costa Almada, Portugal 1K

Qual será o significado concreto da terminação -um em vocábulos como vacum, ovelhum, cabrum, bodum?

Consultei o Dicionário Houaiss que apenas nos esclarece que vem do latim -unu- > - ũu > -um.