DÚVIDAS

Fatalidade, lazúli, plataforma, medíocre, Ormuz
Ouvido no História (15/4/2009) versão portuguesa (?) Santa Claus, Pim Pam Pum (Audiovisuais): 1. «Houve 30 fatalidades [ing. fatalities] num desastre ocorrido, anos atrás, no estádio do Liverpool.» E ainda: «... o salão serviu de sala de morte temporária» (formidável! afinal, ela não é definitiva…) Quem ensina [a estas pessoas], de uma vez para sempre, que difere de: «sala temporária de morte» (de acolhimento dos cadáveres)? 2. /lazulí/ acentuada na última sílaba em vez do correcto lazúli, grave. 3. «armada… de navios»! Eu explico aos neófitos: não há qualquer redundância, a especificação é indispensável, pois por aqui é vulgar encontrarmos army traduzido por armada. 4. "Plantaformas". 5. «"A luxuriosa" cabine do Capitão»: o [...] tradutor queria dizer apenas luxuosa. É o falar difícil: luxuriosa, que tem acepção muito diferente, é sempre escolhida, pois fica muito mais pirotécnica, para embasbacamento dos ignorantes. 6. /mediúcres/ por medíocres. 7. "Reino Médio", em vez do normal Império do Meio (China). 8. /Ormuze/ por Ormuz. Agora, peço a Ciberdúvidas, um favor: insisti, junto dos teimosos exterminadores do verbo pôr, até a voz ficar rouca, que a mais das vezes não é substituível por colocar. Essa prestimosa gente dos meios de comunicação convenceu-se de que pôr constitui trabalho exclusivo das galinhas (e de outras aves). E assim se vai ensinando o povo, por estas boas almas.
Continuidade e continuação
Os meus cumprimentos pelo vosso excelente trabalho, cujos resultados aprecio diariamente e diariamente me são úteis. A dúvida que gostava de ver esclarecida relaciona-se com a utilização frequente, e a meu ver errada, do termo continuidade em vez de continuação: «F. é a favor da continuidade do treinador»; «Não há condições para a continuidade de S. em funções». Em ambos os casos parece-me que o termo certo é continuação, devendo continuidade ser utilizado quando se pretenda falar da capacidade/qualidade de continuar: «Vai ser um trabalho na continuidade do anterior». Será assim? Os meus agradecimentos.
O significado da palavra ciranda
Gostaria de saber que significado tem a palavra ciranda neste verso da música Ó Ciranda: «ó ciranda, ó ciranda/eu hei-de-ir ao teu serão, fiar duas maçarocas/do mais fino algodão.» Estou a traduzir esta canção, mas não consigo perceber o sentido destes versos. A canção brinca com os vários significados da palavra, e não consigo perceber o significado neste verso. Agradeço desde já a resposta.
Os verbos sucatear e sucatar
No Brasil, de alguns anos para cá, tem sido cada vez mais usado o verbo sucatear, o qual significa «transformar em sucata». Exemplos: «Aquele prefeito, com a sua má administração, sucateou os carros, caminhões e patrolas da prefeitura»; «Dez por cento da frota de carros daquele Estado estão sucateados»; «Há muito o arsenal das Forças Armadas vem passando por um processo de sucateamento.» O verbo em apreço também pode, segundo os dicionários brasileiros, significar «vender algo como sucata». Com esta acepção, não percebo o seu uso entre os meus patrícios. Bom, o que gostaria de saber é se o uso deste verbo está certo, ou se se deveria usar em seu lugar o verbo sucatar. Já ouvi que este seria o correto, pois verbos terminados em –ear são frequentativos, os quais indicam ação repetida ou frequente, o que não seria o caso de um verbo que significa que algo foi convertido em sucata, ou vendido como tal. E, de fato, o Novo Dicionário Eletrônico Aurélio versão 5.0 remete o consulente do verbete sucatear para o sucatar. A título de curiosidade: qual o verbo usado em Portugal para indicar que algo virou sucata? Com a palavra a equipa mais sábia do mundo quando o assunto tem que ver com a língua de Camões e Machado de Assis. Nem é necessário dizer o nome dela de tão claro que é! Para lá de grato.
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