Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Campo linguístico: Deixis
Luisa Neves Professora aposentada Leiria, Portugal 1K

Em vez de «o piano estava ali arrumado junto à parede» pode dizer-se «o piano estava para ali arrumado à parede», tendo no segundo caso o sentido de «ali deixado...» (esquecido, abandonado...) ?

Wesley Pimentel Informático Maceió, Brasil 7K

Na frase «Joaquim! O carteiro tem uma carta para si.» Está certo esse «para si», o correto não seria «para você»?

Há duas pessoas distintas na frase acima. Essa frase tirei de um livro de aprendizado de línguas estrangeiras de uma famosa editora francesa, só mudei o nome.

Fiz essa pergunta numa famosa rede social de perguntas e respostas, quando me convenci de que o uso do si está correto, uma pessoa responde-me isso e fico a pensar novamente se está correto ou não:

«O uso do si na frase é um coloquialismo gramaticalmente incorreto praticado em Portugal sem base na gramática. Lembrem-se de que o português é uma língua regulamentada internacionalmente e tem regras. No caso, independentemente de onde se fale, seja em Portugal, no Brasil ou alhures, a regra gramatical só permite o uso do si como pronome reflexivo (ou reflexo), como se vê [aqui].»

Maria Manuela Carreira Neto Professora Ourém, Portugal 1K

Gostaria de saber se na frase «Amanhã Blimunda terá os seus olhos, hoje é dia de cegueira», podemos considerar a existência de deíticos pessoais, espaciais e temporais.

Qual a melhor forma de os explicar aos alunos?

Fernando Bueno Engenheiro Belo Horizonte, Brasil 1K

Seria o adjetivo "horizontino" aceitável (embora não esteja dicionarizado com o sentido proposto) para referir o que é próprio ou se relaciona com o horizonte («céu horizontino», «sol horizontino», «luz horizontina»)?

Agradeço desde já a resposta.

António Augusto Professor Évora, Portugal 3K

Na frase «Aquelas são as mesmas», a palavra «as» é determinante ou pronome?

Stephan Iddino Estudante São Paulo, Brasil 2K

A minha dúvida está relacionada com o uso dos pronomes demonstrativos este e esse. Apesar das numerosas respostas acerca do tema, não fiquei esclarecido. A questão é esta: existem significativas diferenças na língua portuguesa brasileira e na língua portuguesa europeia com relação ao uso dos pronomes demonstrativos este e esse?

A presente dúvida é fruto de uma leitura do Manifesto do Partido Comunista, cuja tradução foi elaborada por uma tradicional editora portuguesa:

«Anda um espectro pela Europa – o espectro do Comunismo. Todos os poderes da velha Europa se aliaram para uma santa caçada a este (1) espectro, o papa e o tzar, Metternich e Guizot, radicais franceses e polícias alemães. Onde está o partido de oposição que não tivesse sido vilipendiado pelos seus adversários no governo como comunista, onde está o partido de oposição que não tivesse arremessado de volta, tanto contra os oposicionistas mais progressistas como contra os seus adversários reacionários, a recriminação estigmatizante do comunismo? Deste (2) facto concluem-se duas coisas. O comunismo já é reconhecido por todos os poderes europeus como um poder. Já é tempo de os comunistas exporem abertamente perante o mundo inteiro o seu modo de ver, os seus objetivos, as suas tendências, e de contraporem à lenda do espectro do comunismo um Manifesto do próprio partido. Com este (3) objetivo reuniram-se em Londres comunistas das mais diversas nacionalidades e delinearam o Manifesto seguinte, que é publicado em inglês, francês, alemão, italiano, flamengo e dinamarquês” (MARX, K.; ENGELS, F. Manifesto do Partido Comunista. Editora Avante).

A meu ver, não seria mais adequado:

A) «Esse espectro» em vez de «este espectro (1)», pois o espectro foi apresentado?

B) «Desse facto em vez de deste facto (2)», pois o fato foi apresentado?

C) «Esse objetivo em vez de este objetivo (3)», pois o objetivo foi apresentado?

Agradeço vossa atenção e aproveito a oportunidade para felicitá-los pelo maravilhoso trabalho que realizam!

José Garcia Formador Câmara de Lobos, Portugal 1K

Na frase «Esse é o livro mais lido de sempre», a expressão «de sempre» é um deítico temporal?

Agradeço a orientação.

Rodrigo Monteiro Engenheiro Coimbra, Portugal 4K

Sou frequentemente corrigido desde que decidi – de acordo com o plasmado no livro de português adoptado para o 7.º ano de escolaridade – utilizar o pronome obliquo tónico com preposição consigo na presença dos pronomes pessoais você/ele/vocês/eles. Gostaria de saber se nas frases que se seguem o uso do pronome em causa está correcto:

1. Você viu o Agnelo, o meu filho mais novo? Eu presumi que ele estivesse consigo!

2. Vocês são responsaveis por estes dois casais de idosos. Eles deverão permanecer o maior tempo possível consigo aqui na sala de estar.

3. Patrão, eu entreguei a guia de transporte ao Mascarenhas, tenho a certeza!A guia tem de estar consigo.

4. Eles são os peregrinos mais obstinados e asseadinhos que conheço! Vou para todo o lado consigo...Lourdes, Compostela...

Em meu entender apenas será consensual porque coloquial usar o consigo na primeira frase, usando-se na segunda frase o «com vocês», na terceira o «com ele» e na quarta o «com eles». Gramaticalmente será correcto usar o "consigo" nas quatro frases?

Muito obrigado, desde já.

Eric Iago Simões Bacharel em Direito Petrolina, Brasil 1K

Estudando espanhol, deparo-me com a construção normativa «me lavé las manos», e ainda, lendo Machado de Assis, deparo-me com a construção «Escobar apertou-me as mãos». Interessante que, no dia a dia, fala-se «apertou (as) minhas mãos» ou «beijou (o) meu rosto», mas então, por causa da construção típica da língua espanhola (sendo ela a norma padrão) e do uso dessa construção na literatura portuguesa, comecei a perceber que também se fala «apertou-me as mãos» ou «beijou-me o rosto» no dia a dia.

Por isso, indago sobre essa construção na língua portuguesa e seus aspectos normativos: é possível? É padrão? Ou ainda, qual é a diferença entre «apertou (a) minha mão» e «apertou-me a mão»?

Agradeço antecipadamente a resposta.

Carlos Garcia Professor Porto Alegre, Brasil 20K

No caso em que, numa narração, um diálogo entre os personagens é interrompido em vista de algum evento, qual dos dois casos seria o correto:

a) Neste momento da conversa...

b) Nesse momento da conversa...

Obrigado.