DÚVIDAS

Uma oração coordenada explicativa
Na frase «Mesmo que não chova, não vamos lá no domingo, que ainda está frio», a 3.ª oração «que ainda está frio» deve ser considerada oração coordenada explicativa ou oração subordinada causal? Mesmo lendo os vossos esclarecimentos sobre a distinção destes dois tipos de orações, fica a dúvida: é uma explicação ou uma causa? Aguardo os vossos esclarecimentos. Desde já agradeço a atenção dispensada.
Contudo, portanto, entretanto: conjunções ou advérbios?
Ao consultar dicionários estrangeiros, notei algo que me tem deixado intrigado: diversas das palavras que costumamos chamar conjunções na gramática do português são denominadas advérbios em inglês, alemão e francês. Em inglês são encontradas às vezes como sentence adverbs ou conjunctive adverbs. Refiro-me a algumas conjunções coordenativas adversativas e conclusivas. Por que seguimos chamando de conjunções palavras como portanto e entretanto? Temos alguma justificativa teórica para tanto ou é apenas tradição? O que me leva a pensar o seguinte: quais seriam os critérios para classificar vocábulos semanticamente parecidos como conjunção e advérbio nessas outras línguas e não por aqui (ex.: but/conjunção x however/advérbio; mas, contudo/conjunção)? Apenas a mobilidade e a possibilidade de coocorrência (ainda que somente no registro informal)? Desde já, agradeço.
As orações relativas introduzidas por preposição no português e no castelhano
É correto dizer «O homem de que te falei» / «O homem do que te falei», ou devo dizer exclusivamente «o homem do qual te falei»? De igual maneira, posso usar indiferentemente as suas formas no seguinte caso, ou usar o que com preposição é incorreto/arcaico/extremamente formal? «A pessoa com a qual trabalho.» / «A pessoa com a que trabalho.» Agradeço muito a resposta.
Os pronomes relativos com preposição
«a que» e «à qual»
Gostaria de saber qual o emprego correto dos pronomes relativos na seguinte frase: «A seguradora "a que ou à qual" pagamos o seguro do carro faliu.» Entendo que «à qual» ocorre porque se entende o verbo pagar como VTDI [verbo transitivo direto e indireto], ou seja, paga-se algo (o seguro do carro) a alguém (a seguradora). Porém, não entendo por que poderá ocorrer «a que».
«... belas árvores simétricas que...
se via serem simples groselheiras»
«Havia belas árvores simétricas, de troncos eretos como os das palmeiras, que a um exame mais atento se via serem simples groselheiras.» Como analisar sintaticamente as orações do período acima? Especialmente gostaria de saber como se classificaria a oração «se via», considerando que a conjunção que exerce a função de sujeito da oração «serem simples». Agradeço antecipadamente.
A vírgula associada a orações subordinadas adverbiais condicionais
Já fiz uma pesquisa exaustiva em diferentes gramáticas e em muitas entradas do Ciberdúvidas, mas continuo sem chegar a uma resposta conclusiva. Percebo que a utilização da vírgula é um tema movediço, mas a minha dúvida tem que ver com uma utilização específica, ou, pelo menos, circunscrita. Nas orações condicionais e estando a subordinada depois da subordinante, a vírgula antes da conjunção se é obrigatória? Se em frases como: «Se amanhã ele não vier, vou procurá-lo.» «Se ele não tivesse chegado a tempo, ela ter-se-ia zangado.» A inserção da vírgula é obrigatória e não me causa dúvidas, já em frases como as seguintes o mesmo não é tão óbvio. «Seria agradável aceitar a teoria da mãe, se não tivesse uma falha crucial.» «A estratégia dela ficou clara — desconfiava que ele adiaria qualquer confronto agendado, se lhe dessem hipótese. Consultando Rodrigo de Sá Nogueira, vemos que ele defende a inclusão da vírgula. Mas, por exemplo, o consultor do Ciberdúvidas Carlos Rocha na entrada «Sobre valores da conjunção se» já sente necessidade de justificar a sua inclusão por não ser obrigatória. Posso contar com a sua prestimosa ajuda para resolver esta dúvida com todas as explicações que achar necessárias e pertinentes?
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa