É muito normal ouvir um tempo verbal que me deixa sérias dúvidas.
Frequentemente em relatos de futebol (mas o "fenómeno" tem vindo a espalhar-se...), ouve-se «se ele tem acertado», «se ele tem passado», etc., em vez do que me parece mais correcto «se ele acertasse», «se ele passasse» ou ainda «se tivesse acertado» ou «se tivesse passado». Pois sempre tive a ideia de que dizer «se tem passado» implica uma ideia de continuidade no tempo.
É correcto usar «se o jogador tem acertado na baliza» (sem existir a tal noção de continuidade em vez de «se o jogador tivesse acertado» ou «se o jogador acertasse» (naquele preciso momento)?
Obrigado!
Na Gramática Universal da Língua Portuguesa, de António Afonso Borregana, a palavra nem aparece no quadro dos advérbios de negação. Procurei informação em outras gramáticas e encontrei uma grande diversidade de informação. Pergunto:
1. Nem, além de conjunção, também pode ser advérbio de negação? Em que casos?
2. Apenas a palavra não é advérbio de negação, ou também nunca e jamais?
Em Celso Cunha e Lindley Cintra apenas figura não como advérbio de negação...
Obrigada.
Gostaria de saber se, nas três frases seguintes, há alguma impropriedade gramatical:
«E, já no semestre seguinte, o insigne mestre não falava de outra coisa que não Os Lusíadas, monumental e imorredoura criação do gênio de Camões.»
«E, já no semestre seguinte, o insigne mestre não falava de outra coisa senão Os Lusíadas, monumental e imorredoura criação do gênio de Camões.»
«E, já no semestre seguinte, o insigne mestre não falava de outra coisa senão de Os Lusíadas, monumental e imorredoura criação do gênio de Camões.»
Obrigado.
Gostaria que analisassem a frase:
«O senhor Cláudio Rabelo convida para a palestra "O Português e Portugal", direcionada aos portugueses residentes no Brasil.»
A oração «direcionada aos portugueses residentes no Brasil» pode ser considerada uma oração subordinada explicativa? A vírgula depois de «Portugal» é obrigatória, opcional, ou não deveria existir?
Desde já agradeço a colaboração.
A frase «Estudar diariamente é um dever de todos os alunos» é uma frase simples, ou complexa?
Do meu ponto de vista, é simples, pois «Estudar diariamente» equivale a «O estudo diário» e, por isso, é o sujeito da frase, havendo, portanto, uma única oração cujo núcleo do predicado é a forma verbal «é».
Do ponto de vista de um colega meu, é complexa, visto que «Estudar diariamente» é uma oração subordinada adverbial reduzida de infinitivo, pois que tem o verbo no infinitivo e desempenha uma função sintáctica em relação à outra oração.
Fiquei confusa...
Agradecia que me clarificassem as ideias.
Obrigada!
Gostaria que me esclarecessem a seguinte dúvida:
«Ora certa noite, e já depois de se ter deitado, a mãe lembrou-se de que se calhar não tinha deixado o lume bem acondicionado para não pegar fogo.(...) Eis senão quando, ao passar ao quarto do filho, viu por debaixo da porta uma risca de luz. (...) A mãe nem queria acreditar.»
A Estrela, de Vergílio Ferreira
Neste contexto, a forma verbal passar é um infinitivo pessoal, ou impessoal?
Passar refere-se à mãe (sujeito), contudo também podemos considerar «ao passar ao quarto do filho (...)» como um grupo móvel, o que me leva a pensar que, assim sendo, se trata de um infinitivo impessoal.
Grato pela vossa colaboração.
Caros senhores, no versículo 27 do capítulo 8 do evangelho de Mateus (Novo Testamento) podemos ler: «Quem é este que os ventos e o mar lhe obedecem?» Tenho a impressão de que o tradutor cometeu um erro de regência, pois as gramáticas nos ensinam que o pronome relativo pertence ao verbo que vem depois. Como o verbo obedecer é transitivo indireto (exige complemento preposicionado), creio que a preposição deve anteceder ao pronome relativo. Assim, o tradutor bíblico deveria haver escrito: «Quem é este a que os ventos e o mar obedecem?» Estou certo, senhores? Se tenho apoio gramatical, como analisais a supramencionada tradução?
Quero agradecer-vos a fineza de responder-me.
Apesar de ser um tema recorrente, gostaria da opinião objetiva dos consultores sobre a seguinte afirmação encontrada em outra gramática: «Se o infinitivo é complemento de verbo, adjetivo ou substantivo, não devemos flexionar», na qual apresenta os seguintes exemplos:
a) «Ele sempre proíbe os empregados de sair no horário»;
b) «Não estamos dispostos a desistir tão facilmente».
Se considerarmos que em a) o sujeito do verbo «proíbe» é «ele», e o do verbo «sair» é «os empregados», não seria correto flexionar o infinitivo sair? Ou o correto é mesmo não o flexionar, e analisá-lo como integrante da sequência «proíbe de sair». Com relação ao exemplo b), usando o mesmo raciocínio de se identificar o sujeito, percebe-se claramente que só há um, que se encontra subentendido («nós»). Ou aqui cabe a análise de que o infinitivo é complemento do adjetivo «dispostos»?
Vocês costumam ser bem eficientes em suas respostas e/ou reflexões, sendo assim quereria ouvir suas opiniões sobre minha humilde reflexão. Tentarei aqui abranger a visão morfossintaticossemântica.
Eu não concordo com as gramáticas quando afirmam que as orações subordinadas adjetivas só exercem função sintática de adjunto adnominal (nem cabe dizer que Celso Cunha, por exemplo, diz que as orações subordinadas adjetivas explicativas se "assemelham" a um aposto, porque, até onde sei, o aposto é essencialmente um termo de natureza substantiva, como ele mesmo o diz). Segundo minha tese, as explicativas exercem função sintática de predicativo, e não de adjunto adnominal; por exemplo, em «Os alunos chatos chegaram», «chatos» é um adjunto adnominal, pois tem caráter restritivo, limitador; faz parte do sintagma nominal; é uma característica inerente do termo «aluno»; não é, portanto, separado por vírgulas; inclusive é possível transformar tal termo — de valor adjetivo — em uma oração subordinada adjetiva restritiva: «Os alunos que são chatos chegaram.» Até aí, OK! Mas em «Os alunos, chatos, chegaram», «chatos» é um predicativo do sujeito, pois tem caráter explicativo; não faz parte do sintagma nominal; é uma característica atribuída ao termo «aluno»; é, portanto, separado por vírgulas; inclusive é possível transformar tal termo — de valor adjetivo — em uma oração subordinada adjetiva explicativa: «Os alunos, que são chatos, chegaram.» É visível a mudança não só semântica, mas principalmente sintática! Afinal de contas, para que serviriam as vírgulas? Eu sei que o adjetivo pode exercer essas duas funções sintáticas, sendo o adjunto adnominal NUNCA separado por vírgulas (exceto, óbvio, quando numa enumeração), como bem o dizem Celso Cunha e Lindley Cintra, Evanildo Bechara, Napoleão Mendes de Almeida, etc. Por que motivo, então, as gramáticas insistem, inclusive a desses ilustres, a dizer que as orações subordinadas adjetivas restritivas e explicativas exercem função sintática SÓ de adjunto adnominal? Acho que fui o mais claro possível na minha defesa de tese, talvez não tão delongado como gostaria, por saber que a prolixidade não é uma virtude.
Grande abraço para todos e, quem sabe, não haverá aqui uma concordância.
Na frase «Rosana conheceu Eduardo antes de mim», cabe dizer que a única interpretação possível é que «Rosana o conheceu antes de conhecer a mim»? Ou haverá a possibilidade de interpretar que «Rosana o conheceu antes de eu conhecê-lo»?
Obrigado.
E feliz Natal a todos os colaboradores de Ciberdúvidas!
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