De modo muito sumário, diga-se que as mudanças estruturais da língua podem ocorrer no eixo sintagmático e no eixo paradigmático.
O eixo sintagmático é o nível horizontal da língua, isto é, envolve a ordem linear das formas da língua (ex: fonema + morfema + palavra + frase). A mudança fonética regular é um exemplo de mudança estrutural a este nível, ou seja, os sons mudaram, ou mudam, adquirindo traços fonológicos de sons vizinhos (ex: sonorização das consoantes surdas do latim vulgar). Um outro exemplo de mudança estrutural, mas esta ao nível sintáctico, que ocorreu no eixo sintagmático é o da colocação dos clíticos. O português antigo era predominantemente uma língua proclítica, mas actualmente o português europeu é uma língua enclítica, excepto em contextos obrigatórios de próclise.
O eixo paradigmático da língua corresponde ao eixo vertical da língua, em que há uma relação de substituição entre unidades linguísticas, ou seja, um nome só pode substituir um nome, um verbo só pode substituir outro verbo, e por aí fora. Todas as alterações morfológicas na língua são estruturais e ocorrem a este nível, uma vez que, alterando-se a morfologia de uma palavra, todo o seu paradigma se altera (ex: queda do [e] final na forma infinitiva dos verbos na passagem do latim vulgar para o português). A analogia também constitui outro processo de mudança linguística estrutural que se enquadra neste eixo. Um exemplo de analogia é a gramaticalização: certos verbos lexicais do latim (ser, estar, haver e ter) passaram a verbos auxiliares. Quanto à mudança semântica, podemos dar como exemplo a substituição do verbo scire («saber») pelo verbo sapere («ter sabor, ter paladar») em quase todas as variantes do latim vulgar, provocando assim uma alteração semântica e lexical.
Em todo o caso, sugerimos uma consulta a obras que aprofundam esta questão, como, por exemplo, Castro, Ivo (2005), Introdução à História do Português, ou Teyssier, Paul (1997), História da Língua Portuguesa.
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