DÚVIDAS

As palavras terminadas em om, on, ão e os plurais

a) Li, algures, que, em português, apenas as palavras bom, com, Dom, dom, som, tom, trom terminariam ou deveriam terminar em õ, grafado om. As demais teriam que ter outras terminações como, entre outras, ão ou o, porém, nunca terminariam em om ou on.
Em face disso, pergunto-lhes: é verdade o que li?
b) Como sou brasileiro e vivo no Brasil, percebo que os meus patrícios são um tanto complexados em termos de linguagem. Preferem eles dizer garçom em vez de garção, maçom por mação, edredom no lugar de edredão, cupom quando deveriam dizer cupão, etc. Também dizer próton,
nêutron, elétron, íon, méson por protão, neutrão, eletrão, ião, mesão. Acham que, assim, esses vocábulos ficam mais bonitinhos; afinal, desse modo, parecem-se com palavras inglesas e francesas, que são, naturalmente, lindíssimas, muito mais lindas do que as palavras portuguesas. Viva a falta de auto-estima brasileira!
Penso que são erradas as formas cupom, garçom, maçom, edredom, crepom. Concordam comigo?
c) Também tenho dúvidas quanto ao plural de próton, nêutron, elétron, íon, méson. Segundo os dicionários brasileiros da língua portuguesa seria: prótons, nêutrons, elétrons, íons, mésons. Mas, parece-me que seria prótones, nêutrones, elétrones, íones, mésones a forma não digo correta, mas menos errada. Essas duas maneiras de se pluralizarem essas palavras não me soam portuguesmente. A primeira parece-me inglês; a segunda, um misto de inglês e castelhano. Como diz o provérbio, um abismo chama por outro abismo, adotaram-se palavras com formas mal aportuguesadas e como resultado vêm os plurais errados.
Estando nesse emaranhado, outra coisa não me resta a fazer senão pedir o socorro do queridíssimo Ciberdúvidas com a sua orientação muito para lá de confiabilíssima.
Muito obrigado.

Resposta

a) São poucas as palavras que subsistiram na língua a partir do século XVI com terminação em -om, como é o caso de com, bom, dom, som, tom. É perfeitamente correcto aquilo que leu.
b) É perfeitamente legítimo grafar e pronunciar o /-õ/ destes estrangeirismos como -om, pois seguiram a regra ortográfica que diz que o -õ nasal final tónico deve ser escrito -om, como em: batom, crepom, edredom/edredão, garçom/garção, maçom/mação, pompom. O mesmo acontece em casos de derivação dos vocábulos terminados em -om, como por exemplo infra-som e em casos de formas onomatopaicas como ronrom.
c) Existem duas grafias no português para “/próton/”, palavra de origem grega: protão e protón. O plural de protão (PE) é protões e o de próton (PB) é prótones, segundo o Dicionário Houaiss. Este dicionário parece concordar em relação ao facto de a forma de plural com -e- ser a menos errada, visto que atesta tanto prótones como prótons, mas põe aquela em primeiro lugar. Os restantes casos mencionados seguem esta regra (com excepção do nome elétron):
Os plurais de neutrão (PE) / nêutron (PB) são neutrões / nêutrones; de ião (PE) / íon (PB) - iões/íones; de mesão (PE) / méson (PB) - mesões/mésones.
De acordo com o Dicionário Houaiss, o que se passa com elétron é que a forma de plural consagrada pelo uso é eletróns, sendo um facto que ninguém escreve elétrones.

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