DÚVIDAS

Definição de sujeito

Algumas Gramáticas de Língua Portuguesa no Brasil insistem na definição de sujeito de uma oração como sendo "aquele de quem se faz uma declaração". Ora, para uma oração do tipo "em Lisboa faz muito frio no inverno", a definição perde qualquer eficácia e o que é pior, colabora para possíveis erros de interpretação do estudante.

A melhor definição de sujeito seria "aquele com quem o verbo concorda", ou há alguma melhor e mais completa?

Aproveitando o ensejo, solicito que também seja feita a distinção entre sujeito semântico e sujeito da oração, o que é de grande valia em orações como "João foi mordido pelo cachorro".

Espero ansiosa por uma resposta e desde já agradeço.

Resposta

Cara consulente, permita-me um desabafo quanto ao modo como hoje se ensina nas escolas: aplanando todas as dificuldades, tentando apresentar as matérias como «jogos», nunca fazendo apelo à memória. No «meu tempo», exagerava-se no aprender de cor, mas não havia outra maneira de responder às perguntas do exame de Biologia sobre o aparelho digestivo do ouriço do mar, ou sobre a estrutura molecular das folhas da macieira.

No «nosso tempo», exagera-se para o lado contrário, não se treina o trabalho individual nem a memória, que até parece ter deixado de ser uma das características, e não das menos importantes, da inteligência humana.

Tome isto, repito, como um desabafo da mágoa com que observo o plano inclinado por onde resvala o ensino em Portugal, correndo direitinho para o desastre.

Talvez o mesmo não aconteça no Brasil, mas a sua pergunta fez-me pensar na importância da memória na aprendizagem precoce de certas questões mais complexas.

É correcto dizer que o sujeito é a pessoa ou coisa acerca da qual se faz a afirmação contida no verbo; o que as crianças precisam de aprender é que há verbos impessoais (predicados que não têm sujeito), nomeadamente os que exprimem situação climática: «chove», «neva», «faz frio». E como são poucos, não acha que elas podem usar a memória e fixá-los?

Aprendi, na escola primária, que sujeito é aquele que pratica a acção, excepto na voz passiva, em que o sujeito sofre a acção praticada pelo agente da passiva: joão (sujeito) foi mordido (predicado, estando o verbo na voz passiva) pelo cachorro (complemento agente da passiva).

Se não tiver sido clara a minha opinião, não hesite em escrever de novo.

ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa