O verbo ver com a partícula apassivante, de novo
Servindo-me da intervenção da consulente Edite Vieira, na qual abordava uma frase que apresentei sobre o assunto supracitado, gostaria de aproveitar a ocasião para a ele voltar. Ao formular a frase «Naquela escola sempre se vê os alunos estudarem», quis suscitar discussão sobre a concomitância numa frase de dois casos gramaticais, a saber, o uso dos chamados verbos causativos e sensitivos (deixar, mandar, fazer, ver, ouvir, sentir) a par do uso da voz passiva pronominal. É conhecida e admitida a construção «Naquela escola, os professores faziam os alunos estudarem» (ou estudar, que o infinitivo não flexionado é aí também admissível). Por outro lado, pode-se compor a seguinte frase: «Naquela escola, os alunos não se viam com freqüência.» Imagine-se, então, que se construa uma frase em que ocorram, em simultâneo, os dois fenômenos lingüísticos. Qual concordância prevaleceria?Ainda há o caso da possível frase modificada: «Naquela escola, sempre se vê [ou "vêem"?] estudar os alunos.» A par disso, a frase apresentada pela consulente, corroborada pela consultora Maria João Matos, «Sempre se vêem os alunos a estudar», é, no português falado no Brasil, equivalente a «Sempre se vêem os alunos estudando», que não é preferível, a meu ver, pois aí temos o citado verbo sensitivo. É diferente dizermos «Os alunos estavam a estudar [estudando]», esta perfeitamente indiscutível quanto a sua correção. Obrigado.
