Orgânico, biológico, ecológico, natural
Estes termos podem ser considerados como sinónimos?
Muito obrigada.
Estes termos podem ser considerados como sinónimos?
Muito obrigada.
Ainda que possam ser utilizados correntemente em idênticos domínios do saber científico – nomeadamente na medicina, na biologia e na física –, os termos indicados não devem ser confundidos e interpretados como sinónimos, apesar de um mesmo campo semântico – o meio ambiente – os poder relacionar. Refira-se que também se assinalam algumas diferenças de uso entre a variante europeia e a variante brasileira do português.
Orgânico/a (do lat. organicus), na área da biologia e da medicina, refere aquilo que é relativo aos órgãos, ao organismo de um ser vivo, nomeadamente no que diz respeito ao corpo e à fisiologia humana. Pode também ser interpretado segundo a aceção de algo que faz parte da natureza de alguém ou de alguma coisa (inerente à estrutura de um organismo).
Biológico/a deriva do vocábulo biologia (do francês biologie, com base em elementos de origem grega), a ciência que estuda os seres vivos nos seus aspetos morfológicos e fisiológicos, os fenómenos vitais, os meios e/ou as condições necessárias à reprodução, ao desenvolvimento e sobrevivência dos seres. Assim, empregamos o referido adjetivo para designar algo que é relativo à vida, aos fenómenos ou às necessidades vitais dos seres vivos.
Note-se que em Portugal parece preferir-se a utilização do adjetivo biológico/a para designar um tipo específico de agricultura – a «agricultura biológica» – na qual não são utilizados fertilizantes ou pesticidas sintéticos, tal como nos indica o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa. No entanto, na variante brasileira parece ser comum o emprego do termo orgânico/a para designar este tipo de agricultura, como atestam tanto o Novo Aurélio Século XXI e o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa.
Por outro lado, ambos apontam outro uso para o adjetivo em questão, neste caso na designação de «guerra biológica», o recurso a organismos vivos – vírus e bactérias – para disseminar doenças ou matar.
Já o adjetivo ecológico/a deriva de ecologia, igualmente de origem francesa, écologie, que por sua vez constitui um empréstimo do alemão Ökologie, termo criado pelo biólogo e zoólogo alemão E. H. Haeckel (1834-1919), com base em elementos de origem grega. A ecologia pode ser sucintamente descrita como o ramo das ciências humanas que estuda a estrutura e o desenvolvimento das comunidades humanas nas suas relações com o meio ambiente e a sua consequente adaptação, assim como o impacto do desenvolvimento tecnológico nas condições de vida do Homem. O mesmo termo – ecológico/a – é frequentemente empregado de igual modo para designar os movimentos e/ou grupos de preservação do meio ambiente e apologistas do desenvolvimento sustentável, tais como as organizações não governamentais Greenpeace e World Wild Fund for Nature (WWF).
Por fim, o adjetivo natural (do lat. naturalis) indica um fenómeno relativo ao mundo físico, à natureza. O mesmo termo é utilizado em locuções referentes a diversas áreas («direito natural», «filho natural», «linguagem natural»...).
(Fontes: Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa, Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa e Novo Aurélio Século XXI)