DÚVIDAS

Reforma ortográfica

É com grande satisfação que descobri este endereço eletrônico. Há dez anos ouço falar de reforma ortográfica e muitos itens são completamente pertinentes (abolição do trema é um deles, embora descobrir a pronúncia correta de algumas palavras seja um desafio, porque pessoas mais humildes no Brasil pronunciam "tranquilo" como "trankilo").
Gostaria de resolver uma dúvida: em Portugal pronuncia-se o de forma fechada o ditongo "ei" de vocábulos como "Assembléia"?
Considero que, se afirmativa a resposta, ainda assim haja a necessidade de dupla grafia, como no caso de "trocámos", "andámos" que no Brasil são escritas sem acento por serem pronunciadas com nasalização (a forma aberta, como determina a praxe portuguesa, só é utilizada por quem tem mais de 60 anos ou em músicas antigas, como "O Rei do Gatilho" do sambista Moreira da Silva (1902-2000).
Grato desde já pela atenção a mim dedicada.

Resposta

Fico satisfeito pela vinda à nossa numerosa família de mais um companheiro de estudo da língua.
Respondo às suas questões ponto por ponto.
O trema está em Portugal abolido desde 1945 (salvo casos especiais). Será também suprimido para o Brasil com o novo acordo. Reconheço que nalguns casos faz falta para esclarecer sobre a pronúncia duma palavra escrita a quem a viu pela primeira vez, mas em Portugal já nos habituámos a essa simplificação; que, por outro lado, permite também alguma adaptação da escrita à evolução na língua.
No mesmo critério, as terminações eia não são acentuadas em Portugal (escrevemos aldeia e ideia, sempre sem acentos). É a ortoépia que nos orienta na pronúncia destas palavras. Será também assim para o Brasil no novo acordo.
Quanto ao acento na primeira pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo dos verbos da primeira conjugação, para a distinguir da forma do presente, o acento é de facto exigido na norma ortográfica portuguesa, mas não na brasileira, como diz. Será opcional no novo acordo. Sempre no mesmo critério de tornar a língua escrita adaptável a várias pronúncias, parece-me que este acento nem opcional devia ser, pois até em Portugal não há uniformidade na pronúncia. Pode argumentar-se que `frisar bem que se trata do passado ou do presente´ é importante em documentos oficiais; mas também pode dizer-se que esta objecção não constituiu razão suficiente para que os irmãos brasileiros da comum língua considerassem esse acento assim tão importante...

Ao seu dispor,

ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa