DÚVIDAS

Travessão no discurso directo

Tenho uma dúvida bastante consistente (que se tem adensado porque encontro opiniões divergentes) sobre o uso do travessão na transcrição do discurso directo. Dou o seguinte exemplo:

"– Há um vilarejo a dez quilómetros daqui – respondeu o funcionário."

A primeira oração, correspondente à fala da personagem, acaba sem qualquer pontuação? A explicação do narrador (de que se tratava da fala do funcionário) começa com minúscula em todos os casos ou apenas quando estamos na presença de um verbo de elocução?

Resposta

Eu escrevo:

— Há um vilarejo a dez metros daqui — respondeu o funcionário.

E começo com minúscula as explicações introduzidas, quando poderiam ser separadas com vírgula.

O travessão é a convenção para distinguir a separação entre discurso directo e indirecto (o que não se consegue tão bem com a vírgula, de aplicação mais generalizada). É também a convenção para a mudança de interlocutor no discurso directo (e, na prosa moderna, não é indispensável mudar de parágrafo, se a outra fala se segue imediatamente).

Eu próprio só uso o travessão com estes fins e nunca o uso como parênteses, para evitar confusões. Mas há autores que, contudo, parece terem condenado o travessão ao ostracismo e não o usam para introduzir o discurso directo. O processo pode dar maior fluência à narrativa, mas o risco é estabelecer-se algum desinteresse na leitura, em leitores pouco habituados a esse método de escrita.

Ao seu dispor,

ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa