Vende-se ou vendem-se?
E aqui vai uma questão (só para assinalar esta data!), a partir de comentários que, há tempos, recebi de um leitor. Perdeu-se quase por completo, creio, a consciência da diferença entre o "se", pronome apassivador, e o "se", símbolo de indeterminação do sujeito (correspondente ao on francês, ou ao man, alemão). É cada vez maior a tendência para se dizer, por exemplo, «falam-se línguas estrangeiras», ou «vendem-se andares», em vez de «fala-se línguas estrangeiras» ou «vende-se andares». Regra geral, «se a indeterminação do sujeito for indicada pelo pronome, o verbo fica na 3.ª pessoa do singular"» (C. Cunha e L. Cintra, Gramática, p. 501). Mas poderá dizer-se ser verdadeiramente errada a construção que opte pela forma apassivante? Não haverá antes uma evolução no sentido de um suplemento de concordância (plural com plural), apassivando-se as coisas para que tal efeito se dê?
