DÚVIDAS

Particípio de «pegar»

O livro "Curso de Gramática aplicada aos textos", de Ulisses Infante, diz que o verbo pegar tem como particípio apenas a forma regular: "pegado".

No entanto, os meios de comunicação, pelo menos aqui no Brasil, a todo momento usam, na voz passiva, um particípio irregular, por exemplo: ele foi pego (uns dizem "pégo", outros "pêgo").

Eis, então, minhas dúvidas:

1) Isto é apenas um entendimento isolado de um gramático, ou uma regra da língua culta de consenso geral?

2) Caso realmente só exista "pegado", haveria, na língua culta, voz passiva com este verbo? Poderia-se dizer que "ele foi pegado" (chega a soar estranho, tal é o costume de se ouvir a outra forma)?

3) Se, ao contrário, haja, na língua culta, a possibilidade de se contruir uma frase do tipo "ele foi pego", como seria a pronúncia: pégo ou pêgo?

Obrigado pela atenção.

Resposta

De facto, o verbo pegar tem dois particípios: pegado e pego.

Em Portugal, não se costuma usar pego. Não me recordo de o ter ouvido nem lido. Usa-se no Brasil, como o atesta o Dicionário Aurélio.

Com os particípios duplos, é de regra, embora haja excepções, empregar o irregular com os verbos ser e estar: Ele esteve/foi solto; e o regular com os verbos ter e haver: Ele tem/há soltado.

Resposta às dúvidas:

1. - Estamos em presença duma regra isolada dum gramático. A Novíssima Gramática da Língua Portuguesa de Domingos Paschoal Cegalla, do Brasil, menciona os dois particípios. As gramáticas portuguesas, não.

2. - Em Portugal diz-se «ele foi/esteve pegado».

3. - A pronúncia de pego é a seguinte: pê-go.

Nota. - Peço licença para corrigir o seguinte:

a) Não é correcta a forma verbal «poderia-se dizer», mas sim «poder-se-ia dizer».

b) «Se, ao contrário, haja...». O tempo correcto não é o presente do conjuntivo, mas o futuro do conjuntivo. «Se, ao contrário, houver...».

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