No começo de um novo ano, tornou-se tradição a comunicação social dar conta das várias palavras mais consultadas em dicionários em linha durante os doze meses anteriores. Assim, soube-se que poder foi a palavra mais procurada no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa; seguiram-se ser e resiliência (palavra associada a resistência, adaptação e eventualmente paciência). Dada a grave crise que se vive em Portugal, é inevitável propor interpretações sobre o que leva os utilizadores dos dicionários a pesquisar estas palavras; mas, sobre o lugar de poder nesta listagem, a explicação pode ser bem trivial: a necessidade de verificar a respetiva conjugação e a sua ortografia, como se comenta num artigo do jornal Público, de 2/11/2014.
Também uma iniciativa da Porto Editora é notícia: depois da apresentação pública de uma lista das várias palavras que mais em foco estiveram no ano de 2013, anuncia-se que a mais votada foi bombeiro, na verdade, uma justa homenagem aos muitos bombeiros que sucumbiram no combate aos incêndios registados no verão do referido ano em Portugal. Outras palavras que os portugueses não esqueceram: irrevogável, adjetivo que sofreu uma original inversão semântica por ação de um membro do Governo; e inconstitucional, outro adjetivo frequentemente empregado a propósito dos acórdãos do Tribunal Constitucional sobre as medidas de austeridade que o executivo português pretende impor.
O formulário para envio de dúvidas volta a estar acessível no dia 4 de janeiro de 2014, mas, enquanto não chegam novas perguntas*, vamos disponibilizando material que aguardava divulgação. Por isso, no consultório, comentam-se o composto pá-a-pá-santa-justa, o verbo repousar e o adjetivo gigantesco. Recorde-se ainda que, na Montra de Livros, se apresentam duas obras lançadas nos meses finais de 2013: a Gramática do Português (Fundação Calouste Gulbenkian), um importante trabalho coordenado pelos linguistas portugueses Eduardo Paiva Raposo, Fernanda Bacelar do Nascimento, Maria Antónia Mota, Luísa Segura, Amália Mendes, entre outros; e, da autoria do escritor Adalberto Alves, o Dicionário de Arabismos da Língua Portuguesa. Em O Nosso Idioma, dá-se relevo a uma crónica da jornalista Rita Pimenta, que relembra a diferente forma de escrevermos boas-festas, com hífen, e boas festas, sem hífen (texto original saído no Público).
* Para assuntos fora do âmbito linguístico, recorra-se, por favor, aos contactos indicados aqui.
O programa Língua de Todos de sexta-feira, 3 de janeiro (às 13h15*, na RDP África, com repetição ao sábado depois do noticiário das 9h00*), entrevista Adelaide Monteiro, do Ministério da Cultura de Cabo Verde, sobre o processo conducente ao reconhecimento, neste país, do cabo-verdiano como língua oficial, a par do português. No Páginas de Português de domingo, 5 de janeiro (às 17h00*, na Antena 2), Eduardo Viaro, professor da Universidade de São Paulo, fala sobre a influência das línguas africanas e indígenas no português do Brasil.
* Hora oficial de Portugal continental.
Para apoio do ensino e aprendizagem da língua portuguesa, a Ciberescola da Língua Portuguesa e o sítio associado Cibercursos oferecem um vasto leque de recursos e promovem cursos individuais para falantes estrangeiros (Portuguese as a Foreign Language). Toda a informação no Facebook e na rubrica Ensino.
Renova-se o apelo SOS Ciberdúvidas, com vista a garantir a viabilização deste espaço há praticamente 17 anos dedicado à língua portuguesa, na sua diversidade geográfica. Desde já, agradecimentos pela generosidade dos consulentes que entenderem dar o seu contributo.