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Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. A realização da Web Summit 2018  de 5 a 8 de novembro, em Lisboa, cidade onde decorre pela terceira vez este encontro dedicado à tecnologia da comunicação, é sempre oportunidade para avaliar a pressão do inglês em território de língua portuguesa. Sobre a torrente de anglicismos que, por estes dias, circula na comunicação social portuguesa, leiam-se, por exemplo, o guia que a revista Visão publicou em 2/11/2018, bem como o artigo Dicionário do Empreendedor – uma versão irónica para aguentar a Web Summit, texto que Francisco Peres assinou em 2/11/2018 no jornal eletrónico Observador. A propósito vem também o trabalho jornalístico apresentado pelo canal Euronews, segundo o qual os Portugueses, entre as nações de língua românica, se encontram razoavelmente colocados quanto ao domínio do inglês. Neste contexto, pergunta-se: até que ponto a aparente ou real competência portuguesa em inglês é sinal de perda de vitalidade da língua nacional?  No meio do bulício que se apodera de Lisboa, recordem-se os comentários que o Ciberdúvidas produziu sobre o impacto deste acontecimento mediático nos dois últimos anos: Web Summit, start-up e feature: como usar em português? (2016); e 10 novas respostas no consultório do Ciberdúvidas, a Web Summit 2017 e (um)a Urban Beach à beira-Tejo (2017).

2. Na rubrica Montra de Livros, apresenta-se o novo livro da professora e consultora linguística Sara de Almeida LeitePara Acabar de Vez com os Erros de Português. Trata-se de uma obra concebida para apoiar o uso correto do português entre os não especialistas, como faz questão de frisar a autora: «Pode desfrutar destes esclarecimentos durante os seus intervalos de trabalho, nas horas  de lazer, em casa, nos transportes públicos, aos poucos ou de uma só vez. Acredite que esta é a forma mais fácil e divertida de acabar de vez com o mau português!» (ver também o vídeo da entrevista que o programa televisivo Queridas Manhãs, do canal SIC, fez a Sara de Almeida Leite em 24/10/2018). 

3. No Consultório, pergunta-se: a frase «cinco toneladas de alimentos foram apreendidos» está correta? Numa frase como «Hoje ela foi passear», a palavra hoje faz parte do predicado? O significa a expressão «ação depurativa»? O verbo arrastar é de que tipo, intransitivo? Fundilhos e fundura são da mesma família de palavras? 

4. Nas Lusofonias passa a estar disponível um artigo do tradutor e docente universitário Marco Neves à volta das tendências de união e afastamento que definem as relações do português de Portugal com o português do Brasil e o galego (texto transcrito, com a devida vénia ao autor, do  seu blogue Certas Palavras).

 

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1. A classe do verbo domina a atualização do Consultório, motivando dúvidas relacionadas com os valores do pretérito perfeito e do pretérito imperfeito, com o modo verbal a utilizar após a oração «Não sei (se)», com a defetividade do verbo aprazer e com o significado de encertado. Ainda uma questão sobre a língua hindi, uma das línguas oficiais da Índia

2. Destaque para três eventos com lugar na próxima semana:

 Sessão especial do ciclo de conversas "Camões dá que falar", promovida pelo Camões, Instituto de Cooperação e da Língua, dedicada ao Último Caderno de Lanzarote, diário de José Saramago referente a 1998, sessão que conta com a presença de Pilar del Río, no dia 5 de novembro, pelas 18h00, no Auditório do Camões, I.P.;

– Colóquio Internacional Miguel Real – Literatura, Filosofia, Cultura, nos dias 7 e 8 de novembro, organizado pela Universidade da Beira Interior, celebra os 40 anos da atribuição do Prémio Revelação e Ficção da APE/IPLBMiguel Real pela redação d’O Outro e o Mesmo, a sua primeira obra ficcional e pretende ser também uma homenagem à produção intelectual de Miguel Real, ao longo de quatro décadas, no âmbito da História da Cultura, da Literatura, da Filosofia e da Lusofonia;

– V Congresso Internacional em Estudos de Género no Contexto Italiano e em Língua Portuguesa, que se realiza na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, nos dias 7, 8 e 9 novembro de 2018, propondo um debate alargado sobre o género na língua, na literatura, na cultura, nos meios de comunicação social, nas questões identitárias, na educação, na sociedade, entre outros domínios. 

     O tema do género na língua tem também passado por algumas das questões deixadas no Consultório do Ciberdúvidas. Recordamos aqui: Género, Sobre o género gramatical das palavras e Os géneros das palavras O símbolo @ nos plurais que denotam ambos os géneros.

3. Sobre os temas dos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa:

– o programa de rádio Língua de Todos* destaca algumas questões linguísticas colocadas pelos consulentes do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa (o programa vai para o ar na RDP Áfricasexta-feira, dia 2 de novembro, às 13h15*, com repetição no sábado, 3/11);

– no Páginas de Português*, é dada atenção à obra Para acabar de vez com o mau português, da autoria da consultora linguística Sara de Almeida Leite (Antena 2, no domingo, 4 de novembro, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte, 10/11, pelas 15h30).

Os programas Língua de Todos e Páginas de Português  ficam  disponíveis posteriormente aqui e aqui. Hora oficial de Portugal continental. 

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1. Em O nosso idioma, um novo texto da linguista Carla Marques descreve a evolução semântica da palavra incontornável, um lugar comum da adjetivação do atual discurso mediático e político. Sobre este tema, observa a autora: «Os sentidos dicionarizados são [...] muitas vezes curtos face aos usos a que uma palavra é sujeita. É sobretudo no domínio da comunicação social que o recurso à palavra parece ser incontornável, que é uma forma de dizer que está na moda porque serve para tudo.»

2. Na mesma rubrica, disponibiliza-se um texto do linguista brasileiro Aldo Bizzocchi, originalmente publicado no blogue Diário de um Linguista em 30/10/2018, a propósito das comemorações à volta de 1 de novembro, tradicionalmente o Dia de Todos os Santos, data atualmente revigorada no calendário festivo pela festa anglo-saxónica de Halloween – de All Hallow Even, «véspera de Todos os Santos». Refira-se que da festa religiosa cristã do passado se passou hoje à euforia da Noite das Bruxas, em que, à boa maneira americana, crianças e jovens (e não só) se mascaram e saem à rua para prometer «doçura ou travessura»* (na imagem, as abóboras alusivas a esta época).

*Considera Bizzocchi que a famosa frase inglesa «trick or treat», pronunciada pelos grupos de jovens que, neste época, batem à porta das casas para pedir doces, se poderia traduzir, no Brasil, por «gostosura ou travessura», frase, segundo o linguista brasileiro, muito longa e pouco prática em comparação com a original americana. No entanto, em Portugal, popularizou-se a expressão «doçura ou travessura», ao que parece muito  graças à intervenção das escolas. Sobre a Noite das Bruxas e o Dia de Todos os Santos, leiam-se Todos-os-Santos vs. «Todos os Santos», e "A propósito do Dia das Bruxas".

3. «Que coisa esquisita!», ocorre dizer na Noite das Bruxas... para logo depois perguntar no consultório: qual a classe de palavras de que nessa interrogativa? A propósito de sustos, também calha pensar no verbo acudir e no seu uso gramatical. E que significará incongruado, vocábulo que Jorge Amado (1912-2001) num diálogo do romance Jubiabá (1935)? Ainda nesta atualização, a diferença entre obrigação e obrigatoriedade, e a formação de uma palavra na ordem do dia, pobreza.

4. No programa de rádio Língua de Todos, transmitido pela RDP Áfricana sexta-feira, dia 2 de novembro, às 13h15* (com repetição no sábado, 3/11), em foco algumas questões linguísticas colocadas pelos consulentes do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. No Páginas de Português, que vai para o ar na Antena 2, no domingo, 4 de novembro, às 12h30* (com repetição no sábado seguinte, 10/11, pelas 15h30), é entrevistada a professora e consultora linguística Sara de Almeida Leite sobre o seu mais recente livro Para acabar de vez com o mau português.

* Os programas Língua de Todos, e Páginas de Português  ficam  disponíveis posteriormente aqui e aqui. Hora oficial de Portugal continental.

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1. As mais recentes respostas do Consultório debruçam-se sobre a formação e o significado de uma "nova" palavra: decrescimento. A homonímia associada à palavra como motiva duvidas relativas à sua classe nas expressões «fixar-se como docente» e «a maneira como ele fala». Ainda no âmbito da sintaxe, identifica-se a preposição selecionada pelo adjetivo conveniado e retoma-se a identificação da função sintática de constituintes que acompanham o nome medo.

     Ainda no Consultório, a resposta O símbolo @ nos plurais que denotam ambos os géneros foi enriquecida com informação relativa à designação de @ noutras línguas. 

2. Na rubrica O Nosso Idioma fica em linha uma reflexão do tradutor e professor universitário Marcos Neves, no seu blogue Certas Palavras, sobre a relação do ser humano com os palavrões, demonstrando como estes assumem um papel vital para quem os profere.

     Para outras leituras sobre tabuísmos, o Ciberdúvidas (rubrica O Nosso Idioma) reúne diversos artigos: «A falta que ele nos faz», «Significados há muitos, seu camelo!», «Um Voldemort em cada esquina», «Palavrão a palavrão: de onde vieram as asneiras», «Viver para Contar: o palavrão democratizou-se»; na Rubrica Ensino, está disponível o artigo «Primeiro estranha-se, depois entranha-se...» 

3. No âmbito do ensino da língua portuguesa no mundo, destaque para os seguintes eventos:

        – Colóquio "Produção de materiais didáticos para o Ensino de PLE no contexto da China e Ásia-Pacífico", organizado pelo Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa do Instituto Politécnico de Macau, nos dias 5 e 6 de novembro;

     – IV Jornadas da Língua Portuguesa - Investigação e Ensino, promovidas pela Cátedra Eugénio Tavares de Língua Portuguesa da Universidade de Cabo Verde, entre 7 e 9 de novembro. O tema desta nova edição é  "A avaliação das aprendizagens em português língua segunda". 

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1. A utilização generalizada do calão* entre os alunos das escolas é o mote para a reflexão da formadora e professora de Português Carmo Machado sobre as possíveis reações às seleções lexicais dos alunos em espaço escolar, disponível na rubrica O nosso idioma (texto originalmente publicado na edição digital da revista Visão, de 24/10/2018).

     *O termo calão é aqui utilizado no sentido de 'linguagem considerada rude ou grosseira' (cf. Dicionário Priberam), mas poderá também ser entendido como 'linguagem de um grupo social restrito', sentido equivalente ao de gíria ou de jargão. A este propósito podem ser consultadas as respostas do consultório: A definição de gíria e a de calão e Calão/jargão.

2. A presente atualização do Consultório passa por áreas muito diversificadas: da origem do provérbio «Vaso ruim não quebra» à composição morfológica de enfeitiçar, passando pela existência da palavra tratativa; da função sintática de suas em «coisas suas» a um vocativo – deítico pessoal,  passando por um ato ilocutório assertivo

 3. Entre as notícias relacionadas com o ensino do português pelo mundo, destacamos: 

     – o alargamento da rede de Ensino de Português no Estrangeiro (EPE) a cinco novos países: Azerbaijão, Camarões, Cazaquistão, Gana e Panamá (da responsabilidade de Camões – Instituto da Cooperação e da Língua);

     – a criação do exame 'Camões Júnior', destinado à certificação das aprendizagens dos alunos da rede de EPE (Ensino de Português no Estrangeiro), em desenvolvimento neste ano letivo, anunciado por Camões – Instituto da Cooperação e da Língua;

    – o lançamento, em 2019, do Ensino Complementar de Língua Portuguesa, na África do Sul, o primeiro país fora da Europa a implementar esta modalidade de ensino.

4. Nesta semana, o programa de rádio Língua de Todos conta com a colaboração de Hugo Barreto, da Fundação Roberto Marinho, que conduz os ouvintes numa visita guiada à exposição A Língua Portuguesa em Nós**, que esteve patente entre 6 e 21/10/2018 no Museu Arte, Arquitectura, Tecnologia  (MAAT), em Lisboa (transmissão pela RDP África, na sexta-feira, dia 26 de outubro, às 13h15*** (com repetição no sábado, 27/10). No programa Páginas de Português, poder-se-á acompanhar uma entrevista com Francisco Topa, professor associado do Departamento de Estudos Portugueses e Estudos Românicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, que aborda o tema "Os textos literários como ferramenta para o ensino da dimensão pluricultural da língua portuguesa" que serve de mote às XI Jornadas de Atualização Docente de Português como Língua Estrangeira, a realizar em 27/10/2018, em Santiago de Compostela (programa difundido pela Antena 2, no domingo, 28 de outubro, às 12h30*** (com repetição no sábado seguinte, 3/11, pelas 15h30). 

 ** Depois de 21 de outubro de 2018, a exposição passa a ficar patente em Óbidos, onde permanecerá três anos (ler notícia do Diário de Notícias, de 9/10/2018).

***Os programas Língua de Todos, e Páginas de Português  ficam  disponíveis posteriormente aqui e aqui. Hora oficial de Portugal continental.

5. Sobre a segunda volta/turno da eleição presidencial no Brasil, no domingo, 28/10, uma nota final para o que se pode (re)ler de respostas e artigos disponíveis no arquivo do Ciberdúvidas relacionados com o idioma comum no pais irmão: "#Elenão – para além do advérbio", "Brasil"; "Brasil/ 'Brazil'"; "Língua portuguesa (emancipação do Brasil)"; "Do português europeu para o português do Brasil"; "Bilinguismo luso-brasileiro"; "Sobre o sotaque do Brasil"; "As grafias húmido (PE) e úmido (PB)"; "Portugal-Brasil. Diferenças linguísticas"; "Língua portuguesa Portugal-Brasil"; "O futebol falado diferentemente no Brasil e em Portugal".

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1. A propósito da atualidade brasileira e da palavra-chave (hashtag*) #Elenão, a professora e linguista Carla Marques, em O nosso idiomadesvela o muito que está para lá da categorização gramatical de não. Na mesma rubrica, o jornalista e escritor brasileiro Ruy Castro, evocando Tom Jobim (1927-1994), revela a etimologia de algumas palavras como botequim e bossa, tão ligadas ao movimento da Bossa Nova (texto originalmente publicado no Diário de Notícias de 21/10/2018). Finalmente, ainda em O nosso idioma, a consultora linguística Sandra Duarte Tavares dá pistas para lidar com os verbos despoletar, discriminar, deferir e outros igualmente traiçoeiros (artigo saído na edição digital da revista  Visão de 19/10/18).

* Hashtag é o anglicismo comummente usado para denominar  os «[...] termos associados a uma informação, tópico ou discussão que se deseja indexar de forma explícita no aplicativo Twitter, e também adicionado ao Facebook, Google+, Youtube e Instagram» (artigo Hashtag, versão em português da Wikipédia, consultada em 24/10/2018). Contudo, em português, está disponível o termo palavra-chave, que o poderá substituir; outro termo adequado será etiqueta, imitando o castelhano etiqueta, que a Fundéu-BBVA (23/08/2017) recomenda como alternativa a hashtag.

2. Será que chamar arroba ao sinal @ é uma novidade da mesma ordem que o seu uso como marcador gráfico de dois géneros, como acontece na forma tod@s (equivalente a «todos e todas»)? A resposta faz parte da nova atualização do consultório, que inclui também duas perguntas sobre sintaxe –sobre a opção entre nem e ou, e a regência de medo, outra sobre conjugação verbal – mais concretamente, acerca do auxiliar haver – e uma última sobre o contraste entre inovar e renovar.

3. Sobre os programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa, da presente semana:

– O Língua de Todos, transmitido pela RDP Áfricana sexta-feira, dia 26 de outubro, às 13h15* (com repetição no sábado, 27/10), acompanha Hugo Barreto, da Fundação Roberto Marinho, numa visita guiada à exposição A Língua Portuguesa em Nós, que, trazida de São Paulo, esteve patente entre 6 e 21/10/2018 no Museu Arte, Arquitectura, Tecnologia  (MAAT), entre em Lisboa**.

– no Páginas de Português, emitido na Antena 2, no domingo, 28 de outubro, às 12h30* (com repetição no sábado seguinte, 3/11, pelas 15h30), é entrevistado Francisco Topa, professor associado do Departamento de Estudos Portugueses e Estudos Românicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, que, a propósito da sua intervenção nas XI Jornadas de Atualização Docente de Português como Língua Estrangeira, a realizar em 27/10/2018, em Santiago de Compostela, fala do tema deste encontro – "Os textos literários como ferramenta para o ensino da dimensão pluricultural da língua portuguesa".

** Depois de 21 de outubro de 2018, a exposição passa a ficar patente em Óbidos, onde permanecerá três anos (ler notícia do Diário de Notícias, de 9/10/2018).

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1.  Atingindo a credibilidade da vida política e da informação mediática, além do Brasil,  também circulam em  Portugal as fake news (notícias falsas) – um anglicismo difundido à escala planetária. O Diário de Notícias de 21/10/2018 dá pormenores aqui e junta um texto de reflexão intitulado "Não há fake news. Chamam-se mentiras", da autoria da jornalista Catarina Carvalho, que desmonta o sentido do anglicismo e lança um alerta: «"Fake news", em inglês. "Fake" tanto quer dizer falsas como falsificadas – o que é algo mais correto, mas não chega. Também não há notícias falsificadas. Ou há notícias ou falsificações. Se começássemos por aqui, a falar claro, talvez fosse mais fácil encarar o fenómeno de frente e não de cernelha. E combatê-lo. Ou, pelo menos, evitar a suavização de algo tão perigoso porque ataca o discernimento para escolher que é a base da democracia.»

 

Ao termo inglês fake news – lembra neste seu artigo o professor universitário angolano Jonuel Gonçalves –, os franceses optaram pelo termo infox (amálgama de informação e intoxicação). «A versão francesa é mais útil pois permite ir além da noticia falsa, inclui o bullying político-cultural, o evento propagandístico disfarçado em colóquio, o uso de pretextos para deformar e difamar, etc. Não é exatamente componente novo, pois sempre existiu sob o nome de propaganda e ação psicológica para desqualificar adversários. Mas há, de facto, maior alcance nesses dois sentidos. É a mesma guerra de narrativas acompanhada de novos recursos técnicos na guerra de imagens. Sem imagens nada existe hoje. Tal como a velha propaganda, a primeira fase é de lançar dúvidas e tumultuar mentes; depois, até sob disfarce de movimentos sociais, apresentação de mensagens salvadoras ou condenatórias, assédio moral e exclusão das vozes discordantes.»

2. Na rubrica O nosso idioma, comentam-se outras palavras, igualmente capazes de gerar reações, como é o caso:

– do uso pejorativo dos zoónimos (nomes de animais), num apontamento da professora e linguista Carla Marques;

– dos nomes próprios tabu, num texto que o jornalista Alexandre Martins assina no Público 21/10/2018 (transcrição disponível na rubrica em referência);

– do verbo dragar, que, no estuário do rio Sado, à beira do qual se encontra a cidade de Setúbal (Portugal), pode significar ameaçar a existência dos golfinho, conforme refere a jornalista Rita Pimenta no Público de 21/10/2018 (artigo com o título original "Dragar", disponível também na rubrica em referência).

3. No Pelourinho, um erro de concordância do verbo faltar leva Sara Mourato a lembrar a falta que fazem a uma notícia a gramática e uma boa revisão.

4. O consultório recebe novas perguntas, em que a sintaxe é o tema predominante:  qual é o sujeito da frase «ganharam os jovens a taça»?  E o sujeito da frase «os responsáveis somos nós»? E estará a frase «o Brasil foi um espaço dominado pelos homens» na voz passiva? Completam a atualização duas perguntas sobre léxico, uma sobre câmera, sinónimo de «máquina fotográfica», e outra sobre o significado de tripulante.

5. Do que se publica de diferentes formas, na Internet ou fora, a respeito da língua portuguesa, salienta-se:

– da professora e consultora linguística Sara de Almeida Leite, um novo livro intitulado Para Acabar de Vez com o Mau Português, cujo lançamento está marcado para 26/10/2018, em Lisboa;

– mais um apontamento do blogue Certas Palavras, do tradutor e divulgador Marco Neves, que a propósito dos erros inventados, resultantes do desconhecimento da língua, foca, desta vez, a expressão «um beijinho grande», um paradoxo que, além de ter todo o sentido, não falta ao bom uso da língua (também disponível em O nosso idioma).

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 1. Na nova atualização do Consultório, centrados na temporalidade que lima e transforma as palavras, vamos ao encontro da  origem de marsupializaçãoaritmética e dramaturgo. É também a expressão da temporalidade que conduz à hesitação entre várias possibilidades de a verbalizar: estar + gerúndio ou estar a + infinitivo? Nesse momento ou neste momento? No dia 20 ou o dia 20?

2. Vários acontecimentos relacionados com a língua portuguesa no mundo motivam a apresentação de estudos, a estruturação do seu ensino, a reflexão sobre a sua divulgação pelo mundo e a atribuição de prémios:

– em Timor-Leste, Francisco Martins, reitor da UNTL, Universidade Nacional Timor Lorosa'e, anunciou, na abertura das 3.as jornadas Pedagógicas do Centro de Língua Portuguesa, o início, em 2019, da primeira licenciatura de formação de professores em educação pré-escolar, integralmente lecionada em língua portuguesa, em colaboração com a Universidade do Minho, e ainda o desenvolvimento de um novo programa de mestrado de ensino em língua portuguesa, em colaboração com a Universidade do Porto.

– em Bragança, decorre o “I Encontro Internacional de Língua Portuguesa e Relações Lusófonas” (LUSOCONF2018), nos dias 19 e 20 de outubro de 2018, com lugar na Escola Superior de Educação, do Instituto Politécnico de Bragança (ESE-IPB). Trata-se de um evento que conta com o apoio institucional da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e que visa promover momentos de discussão sobre temáticas em diversas áreas relevantes no âmbito da lusofonia, nomeadamente, sobre a Linguística Portuguesa, Didática da Língua Portuguesa, entre outros.

– a atribuição do prémio LeYa ao escritor brasileiro Itamar Vieira Júnior pelo seu romance Torto Arado, uma obra centrada no universo rural brasileiro.

3. Sobre os programas de rádio produzidos pelo Ciberdúvidas:

– o programa Língua de Todos conta com a participação de Luís Faro Ramos, presidente de Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, que apresenta os projetos deste organismo no âmbito da promoção e difusão da língua portuguesa. No decurso da entrevista abordam-se temas como a importância da língua portuguesa no mundo, a Rede de Ensino Português no Estrangeiro e os projetos para África (RDP África, na sexta-feira, dia 19 de outubro, às 13h15*, com repetição no sábado, 20/10)

– no programa Páginas de Português, entrevista-se Hugo Barreto, da Fundação Roberto Marinho, a propósito da exposição A Língua Portuguesa em Nós, patente no Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT), em Lisboa**. No decurso de uma visita guiada à exposição, a entrevista centra-se na análise da receção da exposição nos países por onde passou (Brasil, Angola, Cabo Verde, Angola e Moçambique) e na discussão de algumas estratégias para a promoção da língua portuguesa no plano internacional.  

* Os programas Língua de Todos, e Páginas de Português ficam disponíveis posteriormente aqui e aqui. Hora oficial de Portugal continental.

** Depois de 21 de outubro de 2018, a exposição passa a ficar patente em Óbidos, onde permanecerá três anos (ler notícia do Diário de Notícias, de 9/10/2018). 

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Desde a sua fundação que o Ciberdúvidas da Língua Portuguesa se tem afirmado como espaço de esclarecimento de dúvidas e debate das mais variadas questões da nossa língua comum, em toda a sua diversidade. Na rubrica Ensino, a professora e linguista  Carla Marques dá conta disso mesmo e junta pormenores num artigo originalmente publicado na revista digital da Leya Educação de outubro de 2018.

2.Também presente em O nosso idioma, Carla Marques parte da polissemia de dizer para ilustrar como o uso redundante deste verbo leva, por avareza de recursos lexicais, ao esquecimento de outras formas de denotar a ação de declarar em português (acentuar, afirmar, confessar, declarar, transmitir, informar, revelar, escrever, observar, precisar, rematar etc.).

3. Mau resultado tem igualmente poupar na pontuação. É o que prova Sara Mourato num apontamento em linha no Pelourinho, a propósito de um texto noticioso em que a simples junção de um ponto daria coerência à mensagem.

4. No consultório, é amplo o leque de novas questões: pode-se escrever um ponto antes da conjunção ou? Na frase «este iogurte é menos caro», o adjetivo está no grau superlativo ou no comparativo? Poças!, é interjeição legítima? A locução latina in situ tem plural? O nome determinante é do género masculino ou feminino? Que valor semântico atribuir a embora e «ir embora»? E como é que colo, que geralmente significava «pescoço», passou a ser sinónimo de regaço?

5. Os crioulos são línguas como as outras, com a particularidade de terem origem na expansão e conquista europeias, do século XV em diante. Estando o português implicado na história de vários desses idiomas, assinale-se um interessante artigo do professor e tradutor Marco Neves sobre o papiamento, língua de génese crioula e base lexical portuguesa, que tem estatuto oficial na ilha de Curaçau, nas Caraíbas. Sobre as línguas crioulas, leiam-se também no Ciberdúvidas: "Crioulos", "Dialeto, crioulo e patoá", "Crioulo, dialeto e pidgin", "A teoria da simplificação e da relexificação do crioulo", "A língua portuguesa e o crioulo cabo-verdiano",  "A propósito de "galescolas" e crioulo".

Cf.: 32 idiomas de origem portuguesa espalhados pelo mundo

6. Das Caraíbas para o noroeste da Península Ibérica. Chega o eco de o parlamento galego ter aprovado por unanimidade em 9/10/2018 uma resolução com vista à adesão da Galiza à Comunidade de Países de Língua Portuguesa, instando o governo autonómico «a desenvolver de maneira real e efectiva a Lei Paz Andrade para o aproveitamento da lingua e cultura portuguesas convocando prazas [=vagas] docentes de portugués na vindeira [=próxima] oferta pública de emprego dirixida ao ensino e a dotar de orzamento nas contas para 2019 a aplicación desta lei». Sobre a Lei Paz Andrade, aprovada em 2014, e as vicissitudes da sua aplicação, ler aqui e aqui.

7. Sobre os programas de rádio produzidos pelo Ciberdúvidas:

– no Língua de Todos, transmitido pela RDP Áfricana sexta-feira, dia 19 de outubro, às 13h15* (com repetição no sábado, 20/10), Luís Faro Ramos, presidente Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, fala sobre os projetos deste organismo do Ministério dos Negócios Estrangeiros para a promoção e difusão da língua portuguesa, referindo-se à importância que esta tem no mundo, à Rede de Ensino Português no Estrangeiro e às apostas em África;

– no Páginas de Português, emitido na Antena 2, no domingo, 21 de outubro, às 12h30* (com repetição no sábado seguinte, 27/10, pelas 15h30), em foco a exposição A Língua Portuguesa em nós, patente no Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT), em Lisboa**, numa entrevista com Hugo Barreto, da Fundação Roberto Marinho, que, numa visita guiada à exposição, dá conta de como esta exposição tem sido recebida, por onde já passou (Brasil, Angola, Cabo Verde, Angola e Moçambique) e do que seria necessário fazer para que a língua portuguesa tivesse mais peso internacional.

* Os programas Língua de Todos, e Páginas de Português  ficam  disponíveis posteriormente aqui e aqui. Hora oficial de Portugal continental.

** Depois de 21 de outubro de 2018, a exposição passa a ficar patente em Óbidos, onde permanecerá três anos (ler notícia do Diário de Notícias, de 9/10/2018).

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Na presente atualização do Ciberdúvidas as cinco novas respostas no Consultório abordam questões em torno da evolução da língua, da etimologia do topónimo Elvas, sobre a origem da sinonímia entre perceber e compreender e quanto às formas de tratamento Senhor e Sire. No campo da sintaxe, dá-se atenção a uma estrutura clivada e ao sujeito de uma oração não finita

 2. Na Montra de livros, apresenta-se o Roteiro da História da Língua Portuguesa, da autoria de Ana Paula Banza e Maria Filomena Gonçalves, publicado numa parceria da UNESCO e da Universidade de Évora, uma obra centrada numa perspetiva de âmbito teórico e histórico, disponível em formato pdf

3. Na rubrica O nosso idioma, um artigo da jornalista Rita Pimenta explora os sentidos dicionarizados e as interpretações dos falantes em torno de um termo que domina a atualidade e que a leva para os seus extremos: a palavra extrema-direita. Uma reflexão emanada da atual realidade brasileira suscetível de se alargar a outros domínios. (transcrito, com a devida vénia, do jornal P2, suplemento do jornal Público, de 14/10/2018).