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Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1.Como traduzir para inglês, francês, alemão ou castelhano o termo açorda, tão típico da cozinha do Portugal meridional?  Para resolver este e outros problemas de tradução no domínio da gastronomia, a Montra de Livros apresenta o Dicionário Gastronómico Multilingue, numa edição da Dinalivro, em Portugal, e da Estante, no Brasil, da autoria  de Rodolfo Farinha.

Uma brevíssima nota etimológica: açorda é um arabismo, do árabe hispânico attúrda, «sopa de pão; migas de pão cozido» ou «sopa de alho» (ver o Dicionário Houaiss e, de Federico Corriente, o Diccionario de Arabismos, Editorial Gredos, 2003).

2. Muita gente gostaria que o uso da vírgula fosse sempre previsível, ditado por regras simples. A verdade é que, havendo casos em que tal sinal é obrigatório, há muitas situações que dependem da intenção de quem escreve. É esta a conclusão a que se chega no consultório, com uma resposta a propósito do emprego de vírgula com orações subordinadas adverbiais. Outras questões nesta atualização: falando do título de um jornal, escreve-se «entrevista à Bola», ou «entrevista a A Bola»? Qual a etimologia do verbo chegar? Que sentido tem a construção «ou não fosse»? E, para manifestar uma opinião, será que «acho que...» é a única expressão disponível?

3. Em Portugal as notícias sobre a greve dos estivadores do porto de Setúbal referem a preocupante situação laboral desses trabalhadores – e não só desses, valha a verdade...–, mas, nos canais audiovisuais, volta-se a pronunciar mal a palavra precariedade, que perde indevidamente o i.

Recordemos o muito que aqui tem sido dito sobre tão maltratado vocábulo: "Precariedade e não 'precaridade'", "Precariedade", "Como dizer mal ("precaridade") escrevendo bem (precariedade)", "Unicidades a mais e a menos de um 1.º de Maio", "Polémicas linguísticas", "Precariedade, sem aspas" "Razões q. b. para recusarmos o barbarismo 'precaridade'", "Teimando no erróneo 'precaridade'", "Precariedade, pagar e salário",  "Precariedade", "'Tá-se bem' – ou um verbo em vias de extinção", "Falando de precariedade,sem esquecer o aniversário de Cesário Verde", "Falar de precariedade no 1.º de Maio", "Precariedade, e não 'precaridade'", "Dois velhos tropeções, a linguagem náutica no Cuidado com a Língua!", "O escusado anglicismo startup, o velho tropeção na 'precaridade' e... palavras e expressões com História", "O regresso de 'precaridade' e outros erros insistentes".

4. Ainda a respeito da atualidade à volta da língua portuguesa, registe-se a atribuição do Grande Prémio de Ensaio da Associação Portuguesa de Escritores ao poeta, romancista e professor universitário Helder Macedo pelo livro Camões e Outros Contemporâneos, que reúne ensaios e testemunhos sobre a influência perdurável da obra de vários autores .

Sobre Helder Macedo, lembramos este seu diálogo com o escritor brasileiro Ferreira Gullar (prémio Camões 2010) – num trabalho da autoria do jornalista João Paulo Cotrim, publicado na revista Up Magazine (revista de bordo da TAP Portugal), em 2013, com o titulo "Diálogos Atlânticos".

5. No programa Língua de Todos, transmitido pela RDP África, na sexta-feira, 30 de novembro, pelas 13h15* (com repetição no sábado, 1 de dezembro), entrevista-se Iolanda Ogando, da Universidade da Estremadura, de Badajoz, sobre os portuguesismos como estratégia para a reivindicação da literatura nas aulas de Português como Língua Estrangeira. O Páginas de Português, programa que vai para o ar na Antena 2, no sábado, 2 de dezembro, às 12h30* (com repetição no sábado seguinte, 8 de dezembro, às 15h30), inclui uma conversa com Manuela Pargana Silva, coordenadora nacional da Rede de Bibliotecas Escolares, sobre os 20 anos deste projeto e os desafios para o futuro.

Os programas Língua de Todos, e Páginas de Português  ficam  disponíveis posteriormente aqui e aqui. Hora oficial de Portugal continental.

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1. A importância das palavras fica bem patente na nova atualização do Consultório. Elas suscitam dúvidas sobre a sua grafia (bola ou bôla?), a sua origem (mandonismo faz parte do português do Brasil?) e as suas concordâncias (Olhos cinza ou olhos cinzas? e «O problema do Brexit é as fronteiras» ou «são as fronteiras»?)

2. A atualidade traz à tona palavras que se repetem incessantemente na comunicação social ou nas conversas quotidianas:

– Black Friday é a expressão oriunda dos Estados Unidos que dominou o comércio em Portugal e noutros locais do mundo e que já deu origem a termos derivados como Black Weekend ou Black Week. Em português, deveria preferir-se a designação Sexta-feira Negra, termo que continua em segundo plano face ao domínio da expressão inglesa;

Podemos recordar um pouco da história do aparecimento do nome/conceito Black Friday aqui e aqui.

– A palavra risco desencadeia a reflexão da jornalista Rita Pimenta na sua coluna semanal no P2 (suplemento do jornal Público): os riscos presentes na derrocada de uma pedreira em Borba ou evocados pela morte de uma família em Sabrosa, que «vieram lembrar como é "um risco" viver em Portugal», como afirma a autora;

Mármore, outro termo relacionado com a derrocada da pedreira de Borba, é palavra retomada por Galopim de Carvalho, professor universitário português jubilado, muito conhecido pela defesa da divulgação e preservação do património relacionado com os dinossauros, num texto publicado originariamente na sua página pessoal do Facebook. Nele recorda a origem e a história da palavra, as características geológicas do calcário e ainda palavras relacionadas com mármore 

– A ilha Sentinela do Norte, na Índia, e os seus habitantes, os sentinelenses, viram-se recentemente envolvidos na notícia do homicídio de um missionário estadunidense  que decidiu evangelizar este povo que há muito vive isolado do mundo, devido ao seu caráter violento. Estes factos são o ponto de partida para a nova publicação do tradutor e professor universitário Marco Neves, no seu blogue Certas Palavras. Nela, reflete-se sobre as condições de aparecimento da linguagem entre os seres humanos, assinalando estudos fundamentais sobre o assunto e destacando alguns traços comuns às diferentes línguas humanas que serão também característicos da língua dos sentinelenses, que nunca ninguém ouviu.

3. Da autoria de Marco Neves é o recém-publicado Dicionário de Erros Falsos e Mitos do Português, da editora Guerra & Paz – em destaque na rubrica Montra de Livros, com um apontamento do editor executivo do Ciberdúvidas, Carlos Rocha. Trata-se de uma obra que procura desmistificar ideias feitas sobre usos considerados incorretos e na qual o autor defende um uso mais aberto da língua. 

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1.«Surpresa inesperada», «pequenos detalhes» ou «ambos os dois» são bons exemplos de pleonasmos, isto é, de sequências de palavras redundantes. Em O nosso idioma, a linguista Carla Marques explica o seu funcionamento, num texto que é também um exercício divertido para tomar consciência dessas expressões e saber evitá-las em discurso. Noutro apontamento, Sara Mourato comenta o topónimo Valhadolid, um dos aportuguesamentos do nome da cidade castelhana de Valladolid, onde, em 21/11/2018, se realizou a 30.ª Cimeira Luso- Espanhola. Entre o muito que se publicou no século XX em Portugal sobre preceitos normativos, recupera-se um texto do professor universitário, jornalista e escritor português Agostinho de Campos (1870-1944), a respeito dos usos incorretos da locução «ponto de vista». Já que se fala de erros, leia-se a reflexão feita pelo linguista brasileiro Aldo Bizzocchi no seu blogue Diário de um Linguista (20/11/2018), à volta do papel da inovação, variação e mudança na vida dos idiomas (texto transcrito, com a devida vénia, para O nosso idioma). Finalmente, porque se fala da dinâmica das línguas, transcreve-se a crónica que o professor e jornalista angolano Edno Pimentel assinou em 22/11/2018, no semanário Nova Gazeta, em torno de um caso de escusada concordância – «ela foi pouca esperta»

2. A abreviatura de observação, Obs., deve escrever-se sempre com ponto? O que é mais correto: «há que fazê-lo», ou «há que o fazer»?  E a que classe de palavras pertencerá a palavra próprio? As respostas fazem parte da atualização do consultório, que inclui mais duas questões, uma sobre o regionalismo matação e outra sobre o uso de maiúsculas iniciais no geónimo Península Itálica.

3. Ainda sobre a visita oficial a Portugal do Presidente de Angola, João Lourenço, entre 22 e 24/11/2018, já devidamente assinalada na nossa anterior Abertura. Interrogado sobre o combate à corrupção no seu país, João Lourenço afirmou, em linguagem metafórica, estar disposto a «matar o ninho do marimbondo» (= ninho de uma espécie de vespas), mesmo que leve umas picadas. Marimbondo tata-se de um agolanismo registado no Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa com a definição genérica de «designação comum e imprecisa aos insetos himenópteros, espécie da família dos vespídeos e pompilídeos, sociais ou solitários, geralmente maiores e dotados de ferrão, distinguindo-se das vespas por manterem as asas anteriores longitudinalmente dobradas quando estão pousados». A fonte citada menciona uma variante, maribondo, e atribui a origem de ambas as formas ao quimbundo mari'mbondo, um composto de ma, prefixo de plural, e rimbondo, «vespa». Sobre a influência do quimbundo e outras línguas bantas de Angola no português consultem-se os seguintes artigos e respostas: "A língua quimbundo" (1997); "Quimbundo/kimbundo" (1998); "Quicongo e quimbundo" (1999); "Quimbundo no português" (2000), "Xingo" (2014); "Um cubico sem aspas" (2015).

A imagem construída por João Lourenço com base no vocábulo marimbondo foi muito comentada pela comunicação social portuguesa. Sobre as declarações do Presidente angolano em Portugal, saliente-se a visão da jornalista Bárbara Reis em "Até os marimbondos ajudaram para criticar José Eduardo dos Santos", artigo de opinião saído no jornal Público em 23/11/2018: «Os marimbondos são vespas que caçam aranhas e a sua picada está no topo da escala da dor das picadas de insectos. Fazem parte da cultura popular angolana e há até um poema de Ernesto Lara Filho [1932-1977], "Picada de Marimbondo", que foi musicado pelo célebre Waldemar Bastos (e que Fausto adaptou para o seu disco A Preto e Branco [com versão de Filipe Mukemba]). Porque está a falar para dentro, mas também para fora, Lourenço usou a imagem com calma: “Quando nos propusemos combater a corrupção em Angola, tínhamos noção de que precisávamos de ter muita coragem, sabíamos que estávamos a mexer num ninho de marimbondos. Até se costuma dizer que a picada da vespa é mais dolorosa do que a picada da abelha, por isso imaginem... Nós sabíamos que podíamos ser picados. Já começámos a sentir as picadelas. Mas isso não nos vai matar. Não é por isso que vamos recuar. É preciso destruir esse ninho de marimbondos. Quantos marimbondos existem nesse ninho? Não são muitos. Angola tem 28 milhões de habitantes, mas não há 28 milhões de corruptos. O número é bastante reduzido. Há uma expressão em Angola: somos milhões e contra milhões ninguém combate. Essa expressão continua viva, não morreu. Que ninguém pense que, por todos os recursos que tem, de todo o tipo, consegue enfrentar-nos.” O recado ficou dado. Mais tarde, um jornalista angolano lembrou que a frase de propaganda das FAPLA (Forças Armadas Populares de Libertação de Angola), que ele ouviu muitas vezes quando era um jovem pioneiro, acaba assim: “Quem combate será derrotado.” [...]»  

4. Quanto aos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa, refira-se o Língua de Todos, que se centra no projeto de Português Língua Não Materna para alunos do 1.º Ciclo que a Ciberescola desenvolve em parceria com a Direção Geral de Educação (RDP África, sexta-feira, dia 23 de novembro, pelas 13h15*; com repetição no sábado, 24/11). No programa Páginas de Português, a situação da língua portuguesa na Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e em Cabo Verde é o tema central de uma entrevista às investigadoras Maria Antónia Barreto e Clara Carvalho (Antena 2, domingo, 25 de novembro, às 12h30*; com repetição no sábado seguinte, 1 de dezembro, às 15h30).

Os programas Língua de Todos, e Páginas de Português  ficam  disponíveis posteriormente aqui e aqui. Hora oficial de Portugal continental.

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1. A tendência para a harmonia é uma das características dos usos da língua. Os falantes procuram a regularidade, o que gera as dúvidas. Um dos objetivos do Consultório passa pelo auxílio no esclarecimento das questões que a língua oferece aos seus utilizadores. Na presente atualização, mostra-se como as incertezas linguísticas podem passar pela grafia correta de uma palavra (dí(c)tico, dêí(c)tico ou deí(c)tico? ou ainda pitaia ou pitaya?), pelos sentidos veiculados pelas palavras («uma colisão pode ser repetida?» e «o vento faz-se sentir ou sente-se?»), pela disposição ("à inglesa") do texto na página («Quais as normas de indentação (recuo de parágrafo)?») ou pela tentativa de compreensão do uso dos pronomes no cotejo entre uma expressão espanhola («me lavé las manos») e uma portuguesa («lavei as mãos»). 

2. Os problemas ortográficos são uma das causas de desequilíbrio na harmonia da língua. Ciente desta realidade, Sandra Tavares Duarte, professora e linguista, reúne, em artigo publicado originalmente na edição digital da revista Visão, um conjunto de erros que importa procurar corrigir. Marco Neves, tradutor e professor, buscando palavras que unem e a propósito de um agradecimento aos seus leitores, desvenda a história da palavra obrigado (texto que se trancreveu do seu blogue Certas Palavras). Em sentido contrário, Miguel Esteves Cardoso, colunista do jornal Público, reflete sobre as palavras gastas, usadas automaticamente, sem a novidade da primeira vez, na sua crónica diária.  

3. Quanto à atualidade relacionada com a língua portuguesa:

– Registe-se a visita a Portugal do Presidente angolano, João Lourenço, de 22 a 24 de novembro (notícias aqui e aqui). Trata-se da primeira visita oficial a Portugal, numa missão que procura estreitar as relações entre Portugal e Angola.

A reaproximação entre Portugal e Angola abre espaço também para revisitar algumas publicações do Ciberdúvidas relacionadas com o português falado em Angola. Destacamos a evolução desta variante do português, questões lexicais diversas relacionadas com os termos esquebra, chota, palanca (negra) e outros, ainda o neologismo calorear, o verbo manter ou empréstimos do umbundo ao português. Recordamos também o Dicionário de Regionalismos Angolanos, o programa de rádio produzido pela Radio Nacional de Angola com a colaboração do Ciberdúvidas sobre os Mambos da Língua, um vídeo que apresenta e explica vocábulos característicos do português de Angola e ainda as crónicas de Edno Pimentel, professor de português em Angola e colaborador do jornal Nova Gazeta

– Ainda uma nota para a mais recente polémica linguística: após Pedro Filipe Soares, líder da bancada do Bloco de Esquerda, ter usado o termo "camarados" na XI Convenção do Bloco de Esquerda, num descuido propiciado pela linguagem inclusiva, Nuno Melo, eurodeputado do CDS, veio acusá-lo de estar disposto a «assassinar a língua portuguesa, para sublinhar proclamações de género ridículas», num artigo publicado do Jornal de Notícias. Em resposta à polémica que se gerou em torno do erro, que foi prontamente corrigido, Pedro Filipe Soares, num artigo do Público, veio recordar que a língua é ideológica e tem história, defendendo ainda que há uma campanha contra a linguagem inclusiva. 

As polémicas relacionadas com as questões de género na língua têm estado presentes em diversos artigos publicados no Ciberdúvidas, entre os quais destacamos "Qual a regra gramatical que permite a forma presidenta?", "Os cidadãos e a gramática", "Calem-se, por favor, mas de vez", "A propósito do feminino de procurador-geral da República", "Sobre o género gramatical das palavras" e "Pai e Mãe Nossa que estais no céu". 

Cf. Governo substitui “direitos do Homem” por “direitos humanos” + A linguagem inclusiva, esse "perigo público"

4. O programa Língua de Todos, que vai para o ar na RDP África, na sexta-feira, dia 23 de novembro, pelas 13h15* (com repetição no sábado, 24/11), apresenta uma entrevista com a professora Ana Paula Gonçalves, sobre o projeto desenvolvido pela Ciberescola de ensino de Português Língua Não Materna aos alunos do 1.º Ciclo, em parceria com a Direção Geral de Educação. Num apontamento, a nossa colaboradora, Ana Sousa Martins, refere-se ainda à importância do latim para a aprendizagem do português. No programa Páginas de Português, emitido pela  Antena 2, no domingo, 25 de novembro, às 12h30* (com repetição no sábado seguinte, 1 de dezembro, às 15h30),  a situação da língua portuguesa na Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e em Cabo Verde constitui o tema central de uma entrevista às investigadores Maria Antónia Barreto e Clara Carvalho. Estas especialistas registam as variações e percecionam tendências e evoluções. 

* Os programas Língua de Todos, e Páginas de Português  ficam  disponíveis posteriormente aqui e aqui. Hora oficial de Portugal continental.

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1. Na presente atualização, um denominador comum, o gosto em conhecer e explicar a língua, sem deixar de a relacionar com a vida social. É o caso das quatro novas respostas que trazem ao consultório novos tópicos de reflexão – dos significados do substantivo paradocente e do pronome pessoal consigo aos usos frásicos de «ter à mão» e do verbo  entreter.

Na imagem, o retrato de D. José Pessanha (1885), de Columbano (1857-1929). Repare-se no pormenor do espelho, à direita.

2. Em O nosso idioma, dois textos ilustrativos do valor documental do léxico do português:

– à volta da polissemia e da estilística do adjetivo bom, recupera-se da tradição metalinguística portuguesa do século XX um trecho de Língua e má língua (Livraria Bertrand, 3.ª edição, 1945), obra do escritor, jornalista, pedagogo e político português Agostinho de Campos (1870-1944); 

– a propósito do falecimento do autor norte-americano de banda desenhada Stan Lee em 12/11/2018, e evocando a memória de Steve Ditko, ambos celebrados autores das aventuras dos super-heróis da Marvel, uma abordagem ao termo «banda desenhada» numa crónica  da jornalista Rita Pimenta (do jornal Público de 18/11/2018).

3. Na Montra de Livros, apresenta-se um título curioso: O Pequeno Livro do Grandes Insultos, um novo livro do editor e cronista Manuel S. Fonseca, que com ele propõe uma «viagem arrojada à montanha-russa dos insultos», nomeadamente daqueles «que, de vez em quando, usamos para ferir de morte alguém».

4. Uma última nota, a respeito de outro autor, que, em Portugal, se tem distinguido pelo seu contributo para a divulgação de temas linguísticos e para a qualidade do debate em torno da língua portuguesa. Referimo-nos ao professor e tradutor Marco Neves, que em 20/11/2018, em Lisboa, lança o Dicionário de Erros Falsos e Mitos do Português. Do texto promocional, destaque para esta frase: «O autor ataca tabus, desmonta mitos e defende com unhas e dentes a riqueza da língua em toda a sua variedade social.»

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1. Qual fénix renascida, algumas palavras também se reerguem das próprias cinzas. Há palavras repletas de vitalidade e pujança e outras adormecidas e votadas ao esquecimento. Há palavras que estão "na moda" e outras que ninguém usa ou mesmo (re)conhece. A palavra mandonismo encontrava-se neste limbo até Jerónimo de Sousa, líder do Partido Comunista Português, a trazer de novo para a ribalta na entrevista que concedeu ao jornal Público e à Rádio RenascençaMandonismo significa «tendência para, hábito ou desejo de mandar em qualquer circunstância, especialmente com abuso e prepotência» (Dicionário Houaiss) e, segundo o dicionário, é uma palavra usada sobretudo no Brasil. Mandonismo formou-se a partir da associação do sufixo -ismo ao radical mandon, de onde derivou mand(ão). Um termo que se arrisca a não ficar esquecido nos tempos que correm. 

     A resposta a uma questão sobre algumas palavras em desuso (arcaicas) pode ser encontrada no Consultório do Ciberdúvidas. Recordamos ainda um artigo sobre palavras na "moda" nos textos da comunicação social. 

2. Miguel Esteves Cardoso, jornalista e escritor, explora, na sua crónica do jornal Público, o uso quotidiano da expressão "alguma coisa foi", enquanto manifestação explicativa de ocorrências para as quais não se encontra explicação provável (disponível na rubrica O Nosso Idioma).

3. Na atualização do Consultório, encontramos dúvidas relacionadas com a pronúncia de palavras como cerca, cinco ou sete: o som inicial destas palavras pronuncia-se sempre [s] (como em pássaro) ou também pode corresponder a [ʃ] (como em chamar)? E como se pronuncia corifeu e cacheiro? E interregno? Já no plano sintático, a atenção recai sobre a palavra quanta. Será um pronome relativo? E a expressão tão único é aceitável? Para concluir, uma questão ortográfica relacionada com a escrita dos símbolos de referências monetárias

4. No âmbito da atualidade internacional, tem lugar a 26.ª Cimeira Ibero-Americana, na sexta-feira, dia 26 de novembro,  na cidade de Antígua na Guatemala. Contando com a participação, por parte de Portugal, do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousae do ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e  pelo Brasil, do Presidente ainda em funções, Michel Temer, tem como lema «Uma Ibero-América próspera, inclusiva e sustentável».

     A propósito da Cimeira Ibero-Americana, relembramos alguns textos publicados no Ciberdúvidas: a pronúncia correta de ibero e a grafia de Ibero-América. E ainda um artigo de reflexão sobre o espaço da lusofonia no mundo, na rubrica Lusofonias.

5. Oxford Dictionaries anunciou que toxic é a palavra internacional do ano 2018. Entre as razões que justificam a escolha está o facto de o número de pesquisas da palavra nas páginas do dicionário ter aumentado significativamente e também a diversificação de contextos em que a palavra é utilizada, nomeadamente como adjetivo que qualifica determinadas realidades, como "chemical", "masculinity", "environment", "relationship", "culture","waste", "algae" e, por fim, "air" (para mais detalhes, leia-se a notícia do jornal Público aqui).  

6. Destaque para o Congresso Internacional Luso-Brasileiro (IV edição), promovido pelo Centro Cultural Eça de Queiroz/Telheiras. O congresso, a decorrer entre os dias 19 e 24 de novembro,  terá como tema «Lusofonia: realidade(s), mito(s) e utopia(s)».

7.  Recordamos que o programa Língua de Todos, que vai para o ar na RDP África, na sexta-feira, dia 16 de novembro, pelas 13h15* (com repetição no sábado, 17/11), passará uma entrevista com a consultora linguística Sara de Almeida Leite a propósito do livro que acaba de publicar –  Para acabar de vez com o mau portuguêsNo programa Páginas de Português, emitido pela  Antena 2, no domingo, 18 de novembro, às 12h30* (com repetição no sábado seguinte, 24/11, às 15h30), Maria Antónia Barreto, e Clara Carvalho, investigadoras do Centro de Estudos Internacionais do Instituto Universitário de Lisboa, falam sobre a língua portuguesa na Guiné-BissauSão Tomé e Príncipe e Cabo Verde.

Os programas Língua de Todos, e Páginas de Português  ficam  disponíveis posteriormente aqui e aqui. Hora oficial de Portugal continental. 

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1. «As pessoas não falam, pronto, a gente não consegue falar sem usar basicamente umas bengalas, ou lá o que é… Tás a ver?». A frase ilustra bem o recurso aos bordões linguísticos – "pronto", "ou lá o que é", "[es]tás a ver" – e dá o mote para um novo apontamento da professora e linguista Carla Marques que, no O nosso idioma, mostra como é importante tomar consciência destas expressões e evitá-las numa comunicação mais eficaz.

2. As notícias sobre a detenção do ex-presidente destituído do Sporting Cube de PortugalBruno de Carvalho, retomam uma velha confusão, a de mandado e mandatoJosé Mário Costa  lembra essa destrinça no Pelourinho.

3. Qual a diferença entre abono e subsídio? O possessivo seu pode ser um deítico – mas o que é um deítico? Que significa «luzes do norte»? Qual a classe de palavras de cujo? E que vem a ser um walk-in closet em língua vernácula? As respostas estão todas no consultório.

4. Uma chamada de atenção para os textos da língua medieval, que não perde atualidade. Mencione-se, portanto, a descoberta em Toledo de um pergaminho galego-português, uma tradução do século XIV das Sete Partidas de Afonso X (1221-1284), rei de Leão e Castela, e avô de D. Dinis (1261-1325), rei de Portugal. Refira-se igualmente a oficina de trabalho Que faremos com este texto?, que se realiza em 16/11/2018, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade em Lisboa. Este encontro é dedicado à análise linguística do Livro de Linhagens do Conde D. Pedro (1287-1354), conde de Barcelos, e de outros textos historiográficos portugueses (ver programa e resumos).

5. Comemora-se em 15 de novembro o Dia Nacional da Língua Gestual Portuguesa. A Língua Gestual Portuguesa está incluída na Constituição da República como uma das línguas oficiais portuguesas desde 1997*, e o seu primeiro dicionário, publicado há oito anos, está agora disponível na página da Infopédia, onde é possível aprender, através de uma explicação e de um vídeo, os gestos de mais de 5300 palavras.  Como já é tradição, a data é assinalada por várias atividades em diferentes pontos de Portugal. Recorde-se o que tem sido esta festa com um vídeo que alunos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto realizaram em 2016:

* mirandês é  outra das linguas oficais em Portugal, assim reconhecida oficialmente há 20 anos. Quanto à Lingual Gestual Portuguesa, entre artigos e respostas em arquivo, leiam-se "Língua Gestual Portuguesa" (2007), "Língua Gestual Portuguesa" (2010) e "Língua gestual na sala de aula" (2012).

6. Como acontece em qualquer língua, há erros, lapsos, incorreções que se manifestam tanto no discurso oral como na escrita. É caso para dizer que estamos sempre a ir de encontro a eles. Ao encontro, também. E "comprimos" ou "comprimentamos" e pouco cumprimos uma lisura de concordâncias, canelando a língua. No programa Língua de Todos, que vai para o ar na RDP África, na sexta-feira, dia 16 de novembro, pelas 13h15* (com repetição no sábado, 17/11), entrevista-se a consultora linguística Sara de Almeida Leite a propósito do livro que acaba de publicar –  Para acabar de vez com o mau português. No Páginas de Português, emitido pela  Antena 2, no domingo, 18 de novembro, às 12h30* (com repetição no sábado seguinte, 24/11, às 15h30), Maria Antónia Barreto, e Clara Carvalho, investigadoras do Centro de Estudos Internacionais do Instituto Universitário de Lisboa, falam sobre a língua portuguesa na Guiné-BissauSão Tomé e Príncipe e Cabo Verde.

Os programas Língua de Todos, e Páginas de Português  ficam  disponíveis posteriormente aqui e aqui. Hora oficial de Portugal continental.

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1. O significado dos versos tradicionais «Antão era moleiro, fazia anzóis e pescava caracóis» motiva uma incursão no campo das expressões depreciativas que verbalizam rivalidades ou conflitos, na nova atualização do Consultório. Assinalamos também uma dúvida que convoca a evolução do tratamento das subclasses do advérbio em contexto escolar, desde a Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário (TLEBS) ao Programa e Metas Curriculares de Português do Ensino Básico, passando pelo Dicionário Terminológico. Ainda a subclasse do verbo ser numa frase passiva e a função sintática na frase passiva de um constituinte com função de predicativo do complemento direto numa frase ativa. No plano ortográfico, a dúvida na aplicação das regras do hífen motiva a hesitação entre editor-executivo e editor executivo. Por fim, adotando uma perspetiva histórica, esclarece-se a relação entre os sufixos de flexão no futuro -emos e -eis e as formas verbais havemos e haveis.  

2. Na rubrica O Nosso Idioma, Marcos Neves, tradutor e professor universitário, guia-nos ao longo do percurso evolutivo das palavras paifilho. Esta "viagem" permite uma reflexão em torno do processo de mudança linguística, que tem lugar em todas as línguas vivas, fruto da ação dos falantes, num processo que é «visível apenas quando olhamos para trás, para os séculos, e percebemos as diferenças nas fotografias tiradas no momento do registo escrito das palavras». A mudança desencadeada pela dinâmica dos usos da língua ocorre independentemente da norma, que «não é um travão a fundo. A língua continua a mudar — e, com ela, a norma». 

3. Na rubrica Controvérsias, um artigo de autoria do jornalista Patrick Rocha, originalmente publicado no jornal Público, no qual o autor defende o uso do vós face ao uso dominante de vocês, recusando a explicação de que o pronome se encontra em desuso. 

A problemática da evolução linguística do sistema pronominal português tem marcado a sua presença no Ciberdúvidas, tanto em crónicas como Até que o vós me doa e Vós, que navegais como no Consultório, em questões como «Vós ou vocês?», «Vós e tu» e «Vós/lhes».

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1. No consultório, pergunta-se se «com as mãos a abanar» é melhor do que «de mãos a abanar». De uma maneira ou de outra, é preciso é ficar com resposta, e a presente atualização ainda deixa mais quatro – às seguintes questões: como escrever os números numa ata? Como se analisam sintaticamente expressões como «homenagem a alguém» e «não dormi muito bem»? É correta a expressão «facto probando»? 

2. Na rubrica Pelourinho, um apontamento intitulado "Uma notícia cheia de pecadilhos... evitáveis", da autoria de Sara Mourato, evidencia como certos textos disponíveis na Internet carecem de uma revisão atenta, a ponto de a falta de qualidade linguística afetar a própria coerência do conteúdo noticioso.

3. Continuando a acompanhar o que se publica na Internet, em língua portuguesa e a respeito dela, mencione-se outro texto assinado pelo tradutor Marco Neves (blogue Certas Palavras, 5/11/2018), com o título "Quem tem medo do sotaque do Norte". Acerca de uma atitude linguística que parece perdurar em Portugal, considera o autor que «há ainda quem acredite que os sotaques diferentes do sotaque lisboeta são formas incorrectas de falar – segundo esta teoria, o português é bem falado em determinada cidade (a localização exacta de tal centro da perfeição linguística varia de caso para caso) e é maltratado nas outras regiões.» E acrescenta: «[...] no entanto, os sotaques não ganham prestígio por serem mais perfeitos ou genuínos, mas por serem usados nos centros de poder. Estivesse a capital no Norte do país e a troca do «v» pelo «b» seria obrigatória em situações formais.»

4. Recorde-se que, no programa Língua de Todos, transmitido pela RDP África, na sexta-feira, dia 9 de novembro, pelas 13h15* (com repetição no sábado, 10/11), o tema em foco é III Congresso Internacional de Cultura Lusófona Contemporânea. O programa Páginas de Português, emitido pela  Antena 2, no domingo, 11 de novembro, às 12h30* (com repetição no sábado seguinte, 10/11, às 15h30), vira-se para norte, e vai até à Galiza**, para dar relevo ao projeto Universo Cantigas, coordenado por Manuel Ferreiro, professor da Faculdade de Filologia da Universidade da Corunha, com a finalidade de fazer a edição crítica digital da lírica profana galego-portuguesa (disponível no mesmo site e também aqui).

Os programas Língua de Todos, e Páginas de Português  ficam  disponíveis posteriormente aqui e aqui. Hora oficial de Portugal continental.

** Sobre a situação linguística da Galiza, vejam-se os vídeos em que o professor Eduardo Maragoto (Associação Galega da Língua) explica ao público português o que é o galego – aqui e aqui.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. O empobrecimento da língua condicionado por fenómenos similares ao da plurissignificação do verbo meter motiva a reflexão apresentada pela professora e linguista Carla Marques, na rubrica  O Nosso Idioma, num texto onde reúne e analisa exemplos de uso do verbo na conversação quotidiana que nos mostram o esforço interpretativo que este implica. Ainda nesta rubrica, uma síntese da entrevista do jornal El MundoSalvador Gutiérrez Ordóñez, linguista, responsável pela secção "Español al día", da Real Academia Espanhola, e membro do Conselho para a Fundação do Espanhol Urgente (Fundéu BBVA), onde se aborda a questão da linguagem inclusiva, que o linguista considera que não irá vingar, dada a pressão da economia linguística nos usos quotidianos. Discute-se, também, o papel de uma Comissão da Real Academia Espanhola para o estudo da aplicação da linguagem inclusiva. Ainda em análise as consequências da pressão da língua inglesa sobre a espanhola, a linguagem dos políticos espanhóis, a educação e a Catalunha, entre outros assuntos.  

     Questões relacionadas com o verbo meter já estiveram em destaque no Consultório. Recordamos aqui «Meter-se a» + infinitivo «Meter para fora». A problemática do género na língua tem também estado muito presente no Ciberdúvidas, motivando questões como Sobre o género gramatical das palavras, Igualdade no/de género e entre génerosGénero masculino não marcadoO símbolo @ nos plurais que denotam ambos os géneros.

2. No âmbito da questão da tensão entre as línguas africanas e as línguas oficiais, Filipe Zau, investigador e professor, apresenta um artigo, disponibilizado na rubrica Diversidades onde dá conta da perspetiva de Joseph Poth, especialista em didática de línguas no Instituto Nacional da República Centro Africana, que defende a introdução das línguas maternas africanas no sistema de ensino.

3. No Consultório, as questões relacionam-se com a classificação de orações nas frases «E vedes qual será a loação» e «Quem me dera que fosses feliz». Em análise encontramos também os valores temporal e aspetual da construção perifrástica andar a + infinitivo e a diferença entre flexibilidade e flexibilização. Por fim, uma dúvida sobre o uso  das maiúsculas em nomes próprios compostos, como América do Norte ou América do Sul.

4. A respeito da situação da língua portuguesa nos países africanos de língua oficial portuguesa e em Timor-Leste, assinale-se a notícia – no jornal Público, de 8/11/2018 – da realização do IV Congresso de Cooperação e Educação (COOPEDU IV), que decorre de 8 a 9 de novembro p.f. no Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), em Lisboa. Este encontro é fruto da iniciativa do Centro de Estudos Internacionais do ISCTE-IUL e da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Instituto Politécnico de Leiria, que o organizam desde 2010, tendo a edição de 2018 o propósito de «refletir sobre as questões da qualidade dos sistemas educativos, dos fatores que influenciam as reformas educativas, das políticas educativas locais, nacionais e globais, da formação vocacional/profissional e da inovação» (do texto de apresentação do COOPEDU IV). O congresso compreende quatro eixos de análise e debate: cooperação portuguesa na área da educação; medidas para a qualidade nos sistemas de ensino africanos; formação de recursos humanos em África; políticas linguísticas nos países africanos (mais informação aqui e no programa).

5. No programa Língua de Todos, que vai para o ar na RDP África, na sexta-feira, dia 7 de novembro, pelas 13h15* (com repetição no sábado, 8/11), destaque para a entrevista com Ana Paula Gonçalves, da Ciberescola, sobre III Congresso Internacional de Cultura Lusófona Contemporânea. No programa Páginas de Português, emitido pela  Antena 2, no domingo, 11 de novembro, às 12h30* (com repetição no sábado seguinte, 10/11, às 15h30),  Manuel Ferreiro, professor da Faculdade de Filoloxía Universidade da Coruña, fala do projeto Universo Cantigas, que visa levar a cabo a edição crítica digital dos textos que integram a lírica profana galego-portuguesa, no sentido de dar continuidade ao Glossário da poesia medieval profana galego-portuguesa  (disponível no mesmo site e também aqui).

Os programas Língua de Todos, e Páginas de Português  ficam  disponíveis posteriormente aqui e aqui. Hora oficial de Portugal continental.