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Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Precisaremos nós em Portugal de usar e inventar constantemente nomes ingleses para intitular programas e denominar espaços? Não será tudo isto caricato fora do contexto cultural anglo-saxónico? A rubrica O nosso idioma divulga um texto de Nuno Pacheco saído na edição deste dia do jornal Público, a propósito do abuso de anglicismos na vida mediática e institucional, como parece acontecer com o News Museum, que, em vernáculo, vem a ser o Museu das Notícias, localizado na portuguesíssima Sintra.1

Sobre o uso e abuso dos estrangeirismos em geral, entre outros apontamentos, lembramos estes textos disponíveiis no arquivo do Ciberdúvidas: Sobre os estrangeirismosEstrangeirismos q.b.; Anglicismos desenfreadosE o humor foi também em inglês?Talentos e talentaçosPor uma campanha de alfabetização de economistas, gestores e deputadosO anómalo "jihadista"Porquê Panama Papers... em Portugal?O aportuguesamento de vocábulos estrangeirosO uso de anglicismos e o seus aportuguesamento nas ciências computacionaisCampeão português. Logo, em inglêsFalar português...

2. «A bombeiro», ou «a bombeira»? «Portugueses», ou «portuguesas e portugueses»? «Cartão de cidadão», «cartão da cidadania», ou (já agora) «cartão da cidadã e do cidadão»? Até que ponto há sexismo na marcação do género em português? No Correio, comenta-se a proposta de um consulente, que propõe encarar o masculino como um neutro, evitando assim querelas à volta da referência a um mundo onde as mulheres têm voz e ação, muitas vezes em maioria.2

2 Vide, ainda, entre outros textos: Dobrar a línguaElas são eles e elas são eles?O feminino de maestroA juíza + a aprendizaPrimeira-ministraEmbaixadora e embaixatrizSenadora e senatrizO feminino de barão e de cônsulInfanta, um caso particular de femininoSobre o uso da forma presidenta no Brasil e em PortugalO feminino de músicoO feminino de generalSoldado ou soldada?A tropa no feminino.

3. O consultório traz uma curiosidade: o que terá motivado chamar «sopas de cavalo cansado» às tradicionais (e controversas) sopas de vinho com açúcar? Após um tópico de efeitos inebriantes, pergunta-se nem de propósito: como se forma a palavra anestesia?

4. Ainda sobre a relação entre língua, cultura e sociedade, refira-se outro artigo do jornal Público, que assinala um estudo sobre a correlação entre o significado das palavras e a atividade cerebral de um conjunto de falantes de inglês. Os investigadores concluíram que são ativadas diferentes áreas cerebrais, tanto no hemisfério esquerdo como no direito, mas são culturalmente dependentes os mapas funcionais que tornam observáveis as associações semânticas: por exemplo, a palavra inglesa mug poderá não estimular as mesmas áreas que o seu equivalente habitual em português, caneca.

5. Temas da presente semana dos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa:

– no Língua de Todos de sexta-feira, 29 de abril (às 13h153, na RDP África; com repetição no sábado, 30 de abril, depois do noticiário das 9h003), Sandra Duarte Tavares, colaboradora do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, esclarece várias dúvidas;

– no Páginas de Português de domingo, 1 de maio (Antena 2, às 12h303, com repetição no sábado seguinte às 15h303), conversa com o diretor-geral da Educação, José Vítor Pedroso, sobre o Projeto de Cursos de Português Língua não Materna a Distância da Ciberescola, o qual assenta num processo de cooperação institucional e educativa entre o Ministério da Educação e Ciência de Portugal, através da Direção-Geral da Educação, a Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa/Ciberescola da Língua Portuguesa e os agrupamentos de escolas participantes (mais informação na Abertura de 27/04/2016).

3 Hora oficial de Portugal continental.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Regressam as atualizações do consultório com uma pergunta sobre a arte literária de Gil Vicente, mais especificamente sobre dois versos da Farsa de Inês Pereira: que figuras de estilo podem ser identificadas em «antes lebre que leão/antes lavrador que Nero»? Três outras questões focam aspetos do funcionamento da norma:

– Juntando o prefixo neo- ao adjetivo rural, como se escreve a palavra derivada: "neo-rural", ou "neorrural"?

– «Fazer que haja alegria», «fazer com que haja alegria»? O que é melhor?

– Qual é a frase correta: «eles não têm nada que vestir», ou «não têm nada que vestirem»?

Uma última dúvida diz respeito a um fenómeno detetável em várias línguas, incluindo o português: o que será a harmonia (ou harmonização) vocálica?

2. Temas da presente semana dos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa:

– no Língua de Todos de sexta-feira, 29 de abril (às 13h15*, na RDP África; com repetição no sábado, 30 de abril, depois do noticiário das 9h00*), Sandra Duarte Tavares, colaboradora do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, esclarece várias dúvidas: por exemplo, em «ele avisou-nos de que iria sair mais tarde», o verbo avisar deve ou não ser usado com a preposição de antes do que?

– no Páginas de Português de domingo, 1 de maio (Antena 2, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte às 15h30*) põe em foco o Projeto de Cursos de Português Língua Não Materna a Distância da Ciberescola, o qual assenta num processo de cooperação institucional e educativa entre o Ministério da Educação e Ciência de Portugal, através da Direção-Geral da Educação, a Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa/Ciberescola da Língua Portuguesa e os agrupamentos de escolas participantes. Este projeto-piloto de inovação educativa visa a disponibilização de cursos direcionados a alunos cuja língua materna não é o português e que não estão a usufruir de medidas educativas adequadas nesta área; propõe, portanto, um ensino especializado na área da aprendizagem do português, conducente não só à promoção da qualidade educativa, como ao desenvolvimento da formação tecnológica e digital dos alunos envolvidos, com vista ao seu sucesso escolar. O Páginas de Português conversou o diretor-geral da Educação, José Vítor Pedroso.

* Hora oficial de Portugal continental.

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1. Na rubrica Acordo Ortográfico (sub-rubrica Critérios a rever – propostas e sugestões*), no seguimento de um anterior contributo, o nosso consultor D'Silvas Filho propõe um conjunto de critérios para adaptação do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 ao português de Portugal, tendo em conta alguns pontos mais controversos e de possível melhoria. A exposição de D'Silvas Filho articula-se por duas partes: na primeira, incluem-se os propósitos do autor e um resumo da sua proposta; e, no texto desenvolvido, enumeram-se vários critérios ortográficos que vão ao encontro das especificidades da variedade lusitana.

* Nesta sub-rubrica, especialmente concebida para o efeito, acolhem-se diferentes contributos para uma maior harmonização dos critérios de interpretação do texto oficial do Acordo Ortográfico, que vêm sendo ponderadas no quadro multilateral do Instituto Internacional da Língua Portuguesa e no âmbito concreto dos trabalhos do Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa.

2. No consultório, procuram-se soluções de tradução do galicismo réchampir, que ocorre no fabrico de mobiliário, retoma-se um termo da gramática tradicional e fala-se da aceitabilidade do auxiliar ir no futuro simples.

3. Ainda em Portugal, a propósito da iniciativa do Bloco de Esquerda para a mudança da denominação do cartão do cidadão, por considerá-la «linguagem sexista», depois de um anterior da autoria do jornalista Henrique Monteiro, nas Controvérsias disponibilizam-se mais duas tomadas de posição, saídos neste dia  em jornais portugueses:

– No Diário de Notícias, a jornalista Fernanda Câncio defende em Dobrar a língua que o debate sociopolítico das questões de género pode e deve ter impacto no uso da língua: «Podemos mudar a língua toda? Talvez não. Mas podemos fazer pequenas intervenções simbólicas para sinalizar que essa elisão das mulheres num suposto "neutro" masculino é tudo menos neutral (como o não seria integrar os homens num plural feminino).»

– Abertamente contra a proposta do Bloco de Esquerda se declara o também jornalista Nuno Pacheco com o artigo O sexo das palavras, publicado no jornal Público, observando: «Não bastava a tolice do acordo ortográfico, tolice aliás que o Bloco de Esquerda abraça estoicamente, voltámos agora à mais tola e inútil das cruzadas: a da chamada “linguagem inclusiva [...].»

4. Como já aqui foi assinalado, a crise política no Brasil vem tendo uma expressão marcante num discurso muito próprio, com palavras e termos de saborosa criatividade, como é corrente nos media do país. É o caso mais recente, já nos desenvolvimentos posteriores à tumultuosa votação da Câmara de Deputados sobre o processo de destituição da presidente Dilma Rousseff do dia 17 p. p., de como alguns jornais comentavam um alegado procedimento similar para com o "vice"  Michel Temer: «cheira a piza» e «vai dar piza». Ou seja: «vai ficar tudo em águas de bacalhau», como se diz em Portugal – assinalava neste seu despacho o correspondente do Diário de Notícias, em São Paulo, João Almeida Moreira, lembrando também aí a  origem do uso no Brasil.

5. No programa Língua de Todos de sexta-feira, 22 de abril (às 13h15*, na RDP África; com repetição no sábado, 23 de abril, depois do noticiário das 9h00*), pergunta-se: devemos dizer aderência, ou adesão? No Páginas de Português de domingo, 24 de abril, às 12h30*, na Antena 2 (com repetição no sábado seguinte às 15h30*), o tema são as VIII Jornadas de Atualização Docente de Português, que se realizaram nesta cidade espanhola nos dias 8 e 9 de abril de 2016 (pormenores na Abertura de 20/04/2016).

* Hora oficial de Portugal continental.

6. Devido ao feriado do 25 de Abril em Portugal, o Ciberdúvidas regressa com nova atualização na quarta-feira, 27 de abril. Neste 42.º aniversário do derrube da ditadura do Estado Novo, do fim da PIDE e da guerra colonial em África, relembramos alguns textos que assinalam o muito que se plasmou também na lingual oficial hoje de oito países independentes:

 

Palavras que nasceram com a década (1974-1984)

Palavras do 25 de Abril (1974-2014)

O 25 de Abril no léxico português

O 25 de Abril e a afirmação da língua portuguesa em África

Promover a língua pelo jornalismo pelo ensino nos 40 anos do 25 de Abril

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Na presente atualização do consultório, além de se comentarem dois compostos (um adjetivo e um nome próprio), recupera-se a memória do uso preposicional de trás – um arcaísmo, portanto –, que permanece cristalizado no também arcaico trasanteontem, ou seja, «o dia que precedeu anteontem», e no nome da região portuguesa de Trás-os-Montes.

2. Precisamente em Trás-os-Montes, realiza-se o 25.º Colóquio da Lusofonia: em Montalegre, de 21 a 25 de abril p. f., numa iniciativa da Associação dos Colóquios da Lusofonia, com o patrocínio da câmara municipal  local. No encontro, que tem como convidados de honra o prémio Nobel da Paz D. Ximenes Belo e o dramaturgo Norberto Ávila, debatem-se três grandes temas: Lusofonia e Língua Portuguesa; Açorianidades e Tradutologia (mais informação no jornal Notícias de Trás-os-Montes).

3. Outros acontecimentos se anunciam que são também momentos de debate e reflexão sobre a história e a atualidade da língua portuguesa. Entre eles, salientamos:

– O lançamento, em Lisboa, no dia 21 de abril p. f., do livro Doze Segredos da Língua Portuguesa, obra de Marco Neves, professor da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade Nova, na qual o autor reúne artigos do blogue Certas Palavras, espaço da Internet que se tem distinguido pela visão inovadora e crítica de tópicos nem sempre devidamente analisados como as atitudes tradicionais de controlo da norma linguística e a maneira como em Portugal (não) se faz a narrativa das origens da língua.

– Realce ainda para a aula que o escritor, linguista e professor universitário Fernando Venâncio profere neste dia, no Seminário de Estudos Camonianos da FCSH, e da qual o jornal Públiconotícia, revelando que, segundo as  suas investigações, a língua de Camões estava, afinal, mais castelhanizada do que o ardor nacionalista português permitiu alguma vez imaginar. Texto igualmente disponível na rubrica O Nosso Idioma.

4. E quem menciona Camões acaba por lembrar os Descobrimentos e a expansão da língua portuguesa – por exemplo, na América do Sul. Que aconteceu aos idiomas e dialetos falados no território onde hoje o português tem estatuto oficial? Assinalando as comemorações do Dia do Índio no Brasil, o portal noticioso EBC apresenta um diagnóstico sombrio: a pesquisa feita recentemente pelo Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas, a qual «aponta que das cerca de 1,5 mil línguas indígenas existentes no período de descobrimento do Brasil restam 181, das quais 115 são faladas por menos de mil pessoas».

5. No programa Língua de Todos de sexta-feira, 22 de abril (às 13h15*, na RDP África; com repetição no sábado, 23 de abril, depois do noticiário das 9h00*), pergunta-se: devemos dizer aderência, ou adesão? Por exemplo para falar de uma iniciativa de alfabetização, diz-se que o programa teve «boa aderência», ou que o programa teve «boa adesão»? No outro programa produzido pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa, o Páginas de Português – emitido no domingo, 24 de abril, às 12h30*, na Antena 2 (com repetição no sábado seguinte às 15h30*) –, entrevista-se Raquel Madail Gafanha, responsável do Centro de Língua Portuguesa do Camões IP na Universidade da Estremadura, em Cáceres. O tema são as VIII Jornadas de Atualização Docente de Português, que se realizaram nesta cidade espanhola nos dias 8 e 9 de abril de 2016. As jornadas assumiram neste ano um caráter eminentemente prático, procurando responder às necessidades dos professores de Português como Língua Estrangeira e Português como Língua Segunda (PLE/PL2).

* Hora oficial de Portugal continental.

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1. A atualidade política no Brasil, com a votação no Congresso de Deputados do processo de destituição de Dilma Rousseff, deu realce, de novo, a dois usos linguísticos marcantes para além, já, dos meios de comunicação nacionais: a preferência pelo anglicismo impeachment em detrimento de qualquer dos muitos vocábulos correspondentes em português, e o ainda mais controverso feminino “presidenta”, opção tomada desde a primeira hora pela própria Dilma Rousseff, desde que ascendeu ao cargo ora posto em causa. Os registos do primeiro nos media espanhóis deram já lugar a uma recomendação da Fundéu BBVA para o castelhano, ao encontro, afinal, do que se recomenda para o português1. Quanto ao segundo, lembramos a polémica antiga, abordada, por exemplo, aqui, aqui e aqui.

1 Várias alternativas em português: afastamentoimpugnação [de mandato], demissão, destituição, deposição, impedimentoetc., etc.

2.   Do Brasil, os ecos de uma outra recente polémica – à volta da sua anunciada nova Base Nacional Comum Curricular, que retira a obrigatoriedade do ensino da literatura portuguesa nas escolas brasileiras – mereceram um artigo crítico da ex-ministra portuguesa da Cultura em Portugal, Isabel Pires de Lima, que deixamos disponibilizado também na rubrica Controvérsias.

3.   Neste mesmo espaço, acolhemos duas outras querelas:


– A iniciativa do Bloco de Esquerda para a mudança da denominação do cartão do cidadão, em Portugal, por considerá-la «linguagem sexista», deu azo ao questionamento da relação do género gramatical com as desigualdades sociais. Não será verdade que, ao dizermos «os portugueses», submetendo a referência às mulheres a essa generalização, estamos a subalternizar a população feminina? Ou será a expressão «portuguesas e portugueses» um preciosismo desnecessário, porque os morfemas associados ao género masculino, afinal, também se aplicam referencialmente ao género feminino? Ou seja: a "gramática ainda não tem sexo", como escreveu o jornalista Henrique Monteiro, em crónica dada à estampa no  semanário Expresso, de 16/04 p.p.?

– E, regressando ao tema dos pronomes átonos, com a resposta de Isabel Casanova à contestação de um consulente ao artigo que a linguista e professora universitária subscreveu com o título A colocação dos pronomes clíticos no Ciberdúvidas em 13 de abril p.p. O que está em discussão: deverá sempre dizer-se «sem se privar»? Numa oração de infinitivo, não é possível colocar o pronome depois do verbo (ênclise): «sem privar-se»?

4. Finalmente, no consultório, respondemos a três dúvidas: o adjetivo prejudicial tem regência? Qual poderá será a origem do apelido/sobrenome Viríssimo? E o que significa o galicismo capitonné?

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Como sempre, os anglicismos são notícia em Portugal, e a mais recente diz respeito a um neologismo que vem sendo moda na imprensa e na comunicação financeira. Referimo-nos a fintech, definido num artigo do Jornal de Negócios deste modo: «[...] FinTech [é um] acrónimo utilizado para designar as empresas da chamada tecnologia financeira [...]» (ver também aqui). O estrangeirismo, que deve ocorrer em itálico ou entre aspas, é usado como nome comum, dispensando, portanto, as maiúsculas, tal como se faz neste título: «[...] Banca prepara-se para a entrada das fintech». Pergunta-se: não haverá maneira de exprimir o conceito sem o recurso (preguiçoso) ao inglês? Há, sim, podendo as línguas irmãs do português dar pistas capazes de potenciar uma terminologia mais vernácula. Assinale-se, então, que no contexto do espanhol, à procura de novas palavras mais de acordo com os padrões morfológicos desse idioma, a Fundéu BBVA (Fundación del Español Urgente) recomenda, e bem, os termos tecnofinanzas ou sector tecnofinanciero, em alternativa a fintech. Transpondo os exemplos da língua de Cervantes para a língua de Camões, acha-se um pequeno território de criatividade: tecnofinanças, setor (ou sector) tecnofinanceiro, (empresas) tecnofinanceiras... Porque não explorá-lo?

Na imagem, um quadro de Amadeo de Souza-Cardoso (1887-1918): Pintura, c. 1913 (fonte: página do Museu Municipal Amadeo Souza-Cardoso, em Amarante).

2. As Controvérsias disponibilizam um apontamento da professora Isabel Casanova ainda propósito de uma querela recente (aquiaqui e aqui) sobre as expressões «as Portuguesas e os Portugueses», em lugar da forma «os Portugueses», na referência aos dois géneros. No Pelourinho, outro contributo de Isabel Casanova, desta vez, sobre a impropriedade «sentado num balcão» (em vez de «sentado ao balcão») e a confusão do substantivo creche com a forma verbal cresce*. Finalmente, na mesma rubrica, Sara Mourato escreve sobre o barbarismo «as mais piores [derrotas]», sequência que só pode estar errada, dado a forma pior marcar por si só o grau comparativo, sem precisar do advérbio mais.

* No português de Portugal, as palavras creche e cresce são geralmente pronunciadas da mesma maneira.

3. No consultório, três novas perguntas: na perspetiva do Acordo Ortográfico de 1990, pode escrever-se "pêlo"? É legítimo empregar a locução «em tempo»? Qual o processo de formação de redemoinho?

4.O programa Língua de Todos de sexta-feira, 15 de abril (às 13h15*, na RDP África; com repetição no sábado, 16 de abril, depois do noticiário das 9h00*), entrevista a professora Maria Helena Mira Mateus, que desmistifica a importância que às vezes se dá à ortografia. No Páginas de Português de domingo, 17 de abril (na Antena 2, às 11h30*), o professor Ivo de Castro fala da função do manuscrito autógrafo na história da língua, reportando-se ao legado de autores como Almeida Garrett, Camilo Castelo Branco, Eça de Queirós e Fernando Pessoa.

* Hora oficial de Portugal continental.

5. Finda mais uma semana com o serviço que aqui se presta à volta da língua portuguesa em toda a sua diversidade histórica e geográfica, permita-se-nos voltar ao apelo contido em SOS Ciberdúvidas. Sem outros apoios para a sua manutenção, só nos resta, de facto, o generoso contributo de quantos, por esse mundo fora, recorrem a este serviço gracioso e sem fins comerciais, sem paralelo no mundo da lusofonia, nos seu figurino de funcionamento. Os nossos agradecimentos antecipados.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Nas Controvérsias, a professora Isabel Casanova, comentando um caso de colocação incorreta do pronome átono numa oração de infinitivo, lamenta que as gramáticas andem erradas e nos induzam ao desvio, por não conseguirem definir adequadamente as regras de uso desses clíticos.

2. No consultório, distingue-se humorista de comediante, revela-se a etimologia do topónimo Chouso e discute-se a atribuição de género à palavra bóxeres.

3. Na Montra de Livros, apresenta-se o romance O Vacão sem Fajeca, do jornalista José Bento Amaro, que o concebeu também como uma interessante recolha do calão e da gíria do submundo do crime em Portugal.

4. A respeito da educação em Portugal, a rubrica Ensino passa a disponibilizar o artigo intitulado "Um ensino por metas", que Maria Regina Rocha, coautora dos Programas e Metas Curriculares dos ensinos básico e secundário em Portugal, publicou no jornal Público em 12/04/2016, no sentido de realçar a definição de metas como forma de estabelecer «diretrizes que estabelecem, de forma clara e precisa, os desempenhos que, por princípio, os alunos devem evidenciar em cada ano de escolaridade».

5. Nas Notícias, dá-se relevo à iniciativa levada a cabo em 11 de abril p.p., em Almada, pela USALMA (Universidade Sénior de Almada), com a colaboração do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa: trata-se da conferência "Os dialetos do centro-sul português: passado, presente, futuro", proferida por Fernando Brissos, linguista e investigador do Centro de Linguística da Universidade de Lisboa, o qual ofereceu a todo o público uma excelente oportunidade para compreender e recuperar as memórias linguísticas do Portugal meridional.

6. No programa Língua de Todos de sexta-feira, 15 de abril (às 13h15*, na RDP África; com repetição no sábado, 16 de abril, depois do noticiário das 9h00*), uma entrevista com a professora Maria Helena Mira Mateus procura desmistificar a importância que às vezes se dá a ortografia. No Páginas de Português de domingo, 17 de abril (na Antena 2, às 11h30*), o convidado é o professor Ivo de Castro, que fala sobre a importância do manuscrito autógrafo na história da língua, reportando-se a manuscritos de Almeida Garrett, Camilo Castelo Branco, Eça de Queirós e Fernando Pessoa.

* Hora oficial de Portugal continental.

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1. No Pelourinho, um apontamento de José Mário Costa foca o uso da expressão inglesa Panama Papers, salientando que, em português, há expressões equivalentes: «Papéis do Panamá», «documentos do Panamá» ou, como também se vê traduzido, «ficheiros do Panamá». E se estamos em Portugal, com leitores, ouvintes e telespectadores portugueses...1 No Correio, um esclarecimento recorda que, no Ciberdúvidas, nenhum tópico respeitante ao uso da nossa língua é uma questão de lana-caprina.

1 Diferente, muito diferente, é a prática em Espanha, onde os meios de difusão coletiva – não obstante já a sua particular sensibilidade pelo (bom) uso do seu idioma nacional, optando sempre pelo vernáculo ou pela sua tradução, em detrimento dos estrangeirismos – ainda beneficiam das diárias e sempre muito oportunas recomendações da Fundação para o Espanhol Urgente. Como aconteceu logo que começaram a ser noticiados os pormenores sobre o "paraíso fiscal" panamiano.

2. O que é uma composição poética? Como usar a locução «para mais»? Que tradução terá a divisa latina de uma rainha de Portugal que viveu na passagem do século XV para o XVI? As respostas no consultório.

3. No contexto da conferência internacional Ensino e Aprendizagem de Português como Língua Estrangeira: o percurso na China, que se realizou em Macau em 8 e 9 de abril p.p., assinalem-se as declarações recentes de Malaca Casteleiro, um dos principais impulsionadores do Acordo Ortográfico de 1990 desde a sua génese. O linguista contesta que a nova ortografia seja «um fracasso» e afirma que o trabalho de ratificação está a ser feito, considerando que «não se deve mexer no que está feito», com o seguinte argumento: «Se está em vias de aplicação em todos os países, porque é que agora vamos rever, criar mais um empecilho para se conseguir a unificação ortográfica? É contraproducente. Do ponto de vista da política da língua não é conveniente.»

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. A nova atualização do consultório traz quatro questões:

– A propósito das revelações dos anglofonamente chamados Panama Papers (ou, de modo mais vernáculo, os «documentos do Panamá»), ouve-se constantemente o termo inglês offshore. Não haverá em português palavra ou expressão equivalentes?

– E, já que estamos a falar de finanças e impostos, escreve-se "sobre-endividamento", ou "sobreendividamento? Tem hífen, ou não?

– O que é um inciso na perspetiva gramatical? E do ponto de vista literário?

– Finalmente, como se usa «não fora» e «se não fosse» numa frase?

2. Na rubrica Montra de Livros, apresenta-se a obra Um Livro de Fábulas em Escrita Criativa, da autoria das professoras Isabel Casanova e Rita Faria.

3. Os falares do sul de Portugal parecem configurar uma transição para as variedades do nosso idioma fora do espaço ibérico. Por exemplo, a redução dos ditongos ei e ou a simples vogais – em maneira, que soa "manêra", e ouro que soa a "ôro" (é esta, aliás, a pronúncia-padrão) – é uma característica que também se encontra no Brasil. Qual o contributo dos dialetos meridionais para a língua, na história e na atualidade? Para saber mais sobre este tema, assinale-se a realização da conferência "Os dialetos do centro-sul de Portugal: passado, presente, futuro", que se realiza no dia 11 de abril p.f., às 15h30, no auditório da Universidade Sénior de Almada – USALMA (Almada, Rua da Cerca, 21), e que tem como orador o linguista e professor universitário Fernando Brissos, investigador do Centro de Linguística da Universidade de Lisboa. Esta iniciativa da USALMA tem a colaboração do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa.

4. O programa de rádio Língua de Todos de sexta-feira, 8 de abril (às 13h15* na RDP África; repete no sábado, 9 de abril, depois do noticiário das 9h00*), foca o lançamento do Pequeno Dicionário Caluanda, de Manuel S. Fonseca. O Páginas de Português de domingo, 10 de abril (pelas 11h30*, na Antena 2), entrevista a professora Maria Helena Mira Mateus sobre a diferença entre língua e ortografia.

* Hora oficial de Portugal continental.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Cada fase da nossa vida – individual e coletiva – será recordada, entre outras coisas, pelos temas e pelas palavras que lhe impregnam o discurso. No Brasil, a atual crise política, causada pelas acusações de corrupção, envolvendo até a própria presidente Dilma Rousseff, pôs também na ordem do dia uma série  de nomes, expressões e termos muito usados nas ruas, nas redes sociais e no espaço mediático do país, como dá nota o trabalho do jornalista Gilberto Amendola, publicado no Estado de São Paulo de 3/04 p.p., com o saboroso título de Dicionário das Manifestações. Alguns exemplos: coxinhadelação, impeachment, Japonês da Federal, Lava Jato, mortadela, Netflix,  pixuleco, Sérgio Moro, underwood, vermelho, etc., etc.

2. No consultório comentam-se alguns topónimos da metade norte de Portugal – MindeloEirô –, além de se abordar o uso da numeração romana para representar os tradicionalmente chamados numerais ordinais.

3. O programa de rádio Língua de Todos de sexta-feira, 8 de abril (às 13h15* na RDP África; repete no sábado, 9 de abril, depois do noticiário das 9h00*), dá relevo à publicação do Pequeno Dicionário Caluanda, entrevistando o seu autor, Manuel S. Fonseca. No Páginas de Português de domingo, 10 de abril (pelas 11h30*, na Antena 2), a professora Maria Helena Mira Mateus fala em entrevista sobre a diferença entre língua e ortografia.

* Hora oficial de Portugal continental.