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Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. No presente ano, comemoram-se 40 anos sobre a aprovação da Constituição da República Portuguesa, derrubado que fora o regime fascista do Estado Novo pelo Movimento das Forças Armadas em 25 de abril de 1974, e, consequentemente, o fim da polícia política e da guerra colonial em África. Várias têm sido as iniciativas que, desde 2 de abril p. p., assinalam a efeméride da lei fundamental do Estado de direito no país, como é o caso do Fórum das Políticas Públicas, que se realiza em Lisboa nos dias 24, 25 e 31 de maio, desta vez dedicado à análise e ao debate dos fundamentos constitucionais das políticas públicas em setores como a saúde, a proteção social, a educação, a justiça, o território e a igualdade. Sobre a palavra constituição e as que dela derivam, guarda o arquivo do Ciberdúvidas várias respostas e artigos marcantes do regresso à vida em democracia do portugueses, que se justifica lembrar. Por exemplo: Anticonstitucionalmente e antoconstitucionalissimamente, A pseudopalavra 'inconstitucionalissimamente', Sobre a palavra 'inconstitucionalissimamente', "Inconstitucionalissimamente", de novo, Divisão silábica de incontitucionalissimamente, Anticonstitucionalissimamente, O palavrão do ano. Acerca dos direitos linguísticos consagrados pela constituição portuguesa, ler também O direito à língua, do constitucionalista Jorge Miranda, e Cada vez mais distante a promoção do português no mundo, para recordar uma situação que limitava o direito ao ensino do português em 2012.

Fonte da imagem (ao lado): concurso escolar Mais de 32 Mil Palavras de Liberdade, realizado pela Câmara Municipal do Seixal para marcar o 40.º aniversário da Constituição da República Portuguesa.

2. A incessante procura de recursos energéticos trouxe mais um anglicismo para o português – fracking, que designa um processo de extração de gás e petróleo. Não parece haver ainda alternativa portuguesa generalizada, mas o dicionário da Porto Editora já regista «fraturamento hidráulico» (subentrada de fraturamento), com a seguinte definição: «processo que consiste em injetar líquido, areia e químicos a alta pressão em formações rochosas subterrâneas, de forma a forçar fissuras já abertas e extrair óleo ou gás aí retidos». É o que se anuncia agora em Portugal, no Algarve, cuja forte contestação propiciou mesmo abaixo-assinado anti-fracking, subscrito por entidades e personalidades de vários quadrantes. Dirigindo novamente a atenção para o que se faz em línguas irmãs e vizinhas, encontramos, em alternativa a fracking, uma expressão castelhana semelhante à proposta da Porto Editora entre as recomendações da Fundéu BBVA – Fundación del Español Urgente: trata-se de fracturación hidráulica, à qual a Fundéu soma hidrofracturación. Este último exemplo em espanhol pode ser transposto sem grande dificuldade para português como hidrofraturamento, forma que tem igual cabimento nos padrões morfológicos do português.

3. Registe-se a realização do colóquio A Língua Portuguesa nos Dias de Hoje, que começa neste dia e decorre até 25 de maio p.f., promovido pela Academia das Ciências de Lisboa (ACL), com vista a «envolver todos os interessados e, sobretudo, investigadores, professores, formadores, estudantes, profissionais, que se dedicam a problemas relacionados com a língua portuguesa, numa reflexão conjunta sobre a língua portuguesa como idioma do futuro» (ver notíciaprograma nas páginas da ACL).

4. No consultório, quatro respostas em linha: livro é holónimo ou hiperónimo de folhas? Como se escreve a forma verbal reduz seguida do pronome pessoal -oAssertivo e certo são da mesma família de palavras? Qual o superlativo absoluto de heroico? E porquê, já, sem acento no ditongo oi? A eliminação no Afeganistão do líder máximo da fação político-militar mais fundamentalista do ponto de vista religioso recomenda a recuperação de uma resposta em arquivo, esclarecedora sobre a forma aportuguesada  da palavra "taliban", seja no singular como no plural.

5. Finalmente, voltamos a lembrar a campanha SOS Ciberdúvidas, promovida em apoio à sustentação do serviço que aqui se presta há quase 20 anos, gracioso e sem fins comerciais – e que conta, tão-só, com a generosidade de quantos, por esse mundo fora, não dispensam a consulta regular deste espaço simultaneamente de esclarecimento, informação, reflexão e debate sobre a língua portuguesa, o idioma oficial de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. As campanhas de angariação de fundos pela Internet são conhecidas pelo termo inglês crowdfunding. No entanto, não haverá maneira de encontrar ou cunhar uma palavra equivalente que alivie a sobrecarga de anglicismos atualmente observável no português e noutras línguas românicas? Para o espanhol, a Fundación para el Español Urgente – Fundéu BBVA aconselha várias soluções, entre elas financiación colectiva; no mundo francófono, financement colectif (= «financiamento colectivo») e financement participatif (= «financiamento participativo»), entre outras expressões, são recomendadas e encontram aceitação; no português, perfilam-se várias possibilidades, mas ainda nenhuma concorre com o anglicismo. Em alternativa a crowfunding, o consultório apresenta uma resposta que avalia algumas opções vernáculas. Mais questões da presente atualização: se diretor-geral tem hífen, porque não hifenizar «diretor adjunto»? Em português, a letra h no início de aportuguesamentos de empréstimos do inglês (p. ex., hóquei) corresponde a alguma pronunciação? Quais os derivados legítimos de Kardec, apelido ou sobrenome de Allan Kardec (1804-1869), fundador do espiritismo?

2. A rubrica Lusofonias acolhe um artigo publicado no jornal Público de 18/05/206, com o título original "Registo de marcas no espaço da CPLP – para quando a marca lusófona?". O seu autor, Gonçalo de Sampaio, presidente do Grupo Português da Associação Internacional para a Proteção da Propriedade Intelectual, comenta: «(...) Nos últimos programas de Governo a criação da marca lusófona tem estado sempre presente. Mas, até hoje, estar nos programas de Governo não foi suficiente para ver a luz do dia.»

3. Sobre os programas produzidos pelo Ciberdúvidas na rádio pública portuguesa, lembramos que o Língua de Todos de sexta-feira, 20 de maio (às 13h15*, na RDP África; com repetição no sábado, 21 de maio, depois do noticiário das 9h00*), entrevista o professor moçambicano Nataniel Ngomane sobre o futuro da língua portuguesa, na perspetiva africana. O Páginas de Português de domingo, 22 de maio (Antena 2, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte às 15h30*), inclui uma conversa com o também moçambicano Raul Calane da Silva sobre a última reunião do Conselho Científico do Instituto Internacional da Língua Portuguesa.

* Hora de Portugal continental.

4. Por último, renovamos o apelo SOS Ciberdúvidas, de modo a enfrentar a falta de apoios ao custeamento do serviço prestado pelo Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. Os nossos agradecimentos antecipados pela generosidade de quantos, por esse mundo fora, o consultam regularmente e reconhecem o seu papel ao longo dos seus quase 20 anos.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. O Dia das Letras Galegas, ontem assinalado, foi pretexto de uma visita guiada* pelo «coração galego» de Lisboa. É como apropriadamente lhe chama a reportagem do jornal La Voz de Galicia, no rasto das principais marcas e pontos de referência deixados pelos emigrantes galegos na capital portuguesa a partir do século XVII. Uma marcante influência que remonta à construção do Aqueduto das Águas Livres de Lisboa e ainda hoje tão presente, por exemplo, na sua gastronomia e arquitetura. E, obviamente, na língua. Como se resume nestes registos colhidos do arquivo do Ciberdúvidas: Português e galego: o mesmo sistema linguístico? + Os dialetos do Sul de Portugal foram tema de conferência em Almada + Das Irmandades da Fala ao Ano Castelao: cem anos de cultura galega moderna + Lhos e lhas (em português e no galego) + Das gralhas à gramática – passando pelo galego + Sobre a expressão «és mesmo um galego» + Galego-português e galego medieval + Vocabulário galego no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa + O significado e a origem do ditado «Quem faz festas a galegos é mais galego do que eles!» + A raia em português e galego

* O percurso, à «descoberta das marcas galegas» de Lisboa, foi organizado por Isaac Lourido, leitor da Universidade Nova de Lisboa, numa iniciativa conjunta do respetivo Departamento de Estudos Galegos e do Centro Galego da capital portuguesa.

2. No Consultório, deixamos as respostas a duas perguntas sobre toponímia: diz-se «nasci no Redondo», ou «em Redondo»? E devemos escrever Buçaco, ou Bussaco? Uma terceira dúvida propõe a análise do verbo metastizar.

3. Temas dos programas produzidos pelo Ciberdúvidas na rádio pública portuguesa desta semana: no Língua de Todos de sexta-feira, 20 de maio (às 13h15*, na RDP África; com repetição no sábado, 21 de maio, depois do noticiário das 9h00*), passa uma conversa com o professor moçambicano Nataniel Ngomane sobre o futuro da língua portuguesa, na perspetiva africana; no Páginas de Português de domingo, 22 de maio (Antena 2, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte às 15h30*), emite-se uma entrevista com o também moçambicano Raul Calane da Silva sobre a última reunião do Conselho Científico do Instituto Internacional da Língua Portuguesa.

* Hora de Portugal continental.

4. Finalmente, permita-se-nos a renovação do apelo SOS Ciberdúvidas. Sem outros apoios para o custeamento do serviço prestado pelo Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, para levá-lo por diante, resta-nos apenas a generosidade de quantos, por esse mundo fora, o consultam regularmente e reconhecem o seu papel ao longo dos seus quase 20 anos. Os nossos agradecimentos antecipados.

 

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Na rubrica Montra de Livros, apresenta-se a recente publicação da História Sociopolítica da Língua Portuguesa, de Carlos Alberto Faraco, professor da Universidade Federal do Paraná, que, com esta obra, marca os estudos da história externa do português pelo seu poder de síntese e pela lucidez com que avalia a situação presente da língua.* Na mesma rubrica, menciona-se outro livro, ao encontro da necessidade de expor cedo à leitura os estudantes de Português como Língua Estrangeira: Contos com Nível (A2), de Ana Sousa Martins, linguista e coordenadora da Ciberescola da Língua Portuguesa.

* Na imagem, História do Futuro (1718), do padre António Vieira (1608-1697).

2. Sobre as muitas facetas do português e, entre elas, o seu uso literário, a rubrica O Nosso Idioma disponibiliza um texto com o título "A língua portuguesa como futuro", que a escritora portuguesa Lídia Jorge publicou no Jornal de Letras em 11/05/2016 e do qual retiramos esta breve passagem: «[...] a Literatura é impureza, tantos são os detritos que para ela confluem, e a Língua, o fluido da qual a Literatura se serve, é por definição um sistema impuro. A Língua reformula-se permanentemente, em cada dia esquece palavras, cria palavras, transforma-se em contacto com novos sistemas, agrega elementos dos novos sistemas. É um processo em construção.»

3. As Controvérsias acolhem novo debate, também à volta da expressão literária, desta vez, no contexto do ensino não superior em Portugal, com um texto intitulado "Manual de boas práticas para acabar com a Educação Literária" (jornal Público, 15/05/2016) e escrito por Luís C. Maia, coautor do Programa e Metas Curriculares de Português do Ensino Secundário, para «dar conta do que se vai fazendo para a desvalorização da Educação Literária». Debate continuam a suscitar as declarações do presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa, na sua recente visita a Moçambique, sobre o Acordo Ortográfico. Deixámos nessa rubrica os últimos textos publicados na imprensa portuguesa.

4. No Pelourinho, a professora Isabel Casanova comenta e ilustra com um uso mediático a confusão entre «pedir que...» e «pedir para...».

5. Em Portugal, o Benfica sagrou-se tricampeão em 15 de maio p. p., e, nos comentários televisivos e radiofónicos, recaiu-se no erro da deficiente prolação "competividade", em lugar de competitividade. Sobre esta incorreção, recuperamos do nosso vasto arquivo o artigo 'Competividade', esse exemplo de poupança silábica", de Luís Carlos Patraquim, e a resposta Competividade.

6. Justifica-se falar de correção sintática a respeito do contraste entre «jogar futebol» e «jogar à bola»? A resposta faz parte do consultório, cuja atualização inclui outras duas dúvidas, uma sobre o sufixo -dor, e outra acerca dos complementos diretos de verbos como medir e custar.

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1. Na rubrica Notícias, deixamos transcrito o comunicado final da XI Reunião do Conselho Científico do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP)*, que decorreu na cidade da Praia, de 9 a 11 deste mês. Refira-se que também na Praia, em 11 de maio p. p., se realizou o colóquio internacional Língua Portuguesa: Ações e Projeções, evento preparatório da III Conferência Internacional sobre o Futuro da Língua Portuguesa no Sistema Mundial, que está prevista para os dias 14 a 18 de junho p. f., em Timor-Leste.

* O IILP é o órgão da CPLP a que compete a concertação para a política linguística entre os Estados-membros. A sua presidência é rotativa, sendo a atual diretora-executiva, desde 2014, a professora moçambicana Marisa Mendonça. O Conselho Científico do IILP reúne ordinariamente uma vez por ano, estando representados todos os Estados-membros através de comissões nacionais nomeadas governamentalmente. Na reunião de alto nível deste ano estiveram oficialmente representados Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique, Portugal e Timor-Leste, país que acolherá dentro de um mês a III Conferência sobre a Língua Portuguesa no Sistema Mundial, realizada pela última vez em Lisboa em 2013. A comissão nacional portuguesa junto do IILP foi liderada por Ana Paula Laborinho, presidente do conselho diretivo do Camões, e incluiu representantes oficialmente nomeados de vários ministérios e da Academia das Ciências de Lisboa (que, no entanto, não compareceu).

2. Um dos 19 pontos desse comunicado foi a aprovação dos critérios comuns de interpretação para o Acordo Ortográfico no âmbito do desenvolvimento do Vocabulário Ortográfico Comum (VOC)**.

** O Vocabulário Ortográfico Comum é o instrumento oficial previsto no tratado (art.º 2.º) do Acordo Ortográfico para mediar e atingir uma interpretação consensual do Acordo Ortográfico pelos vários países. A sua plataforma já fora oficialmente reconhecida na Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da CPLP de 2014, em Díli, estando desde então em curso a inserção nela dos dados de todos os países participantes, processo com finalização prevista para este ano. Até ao momento, já foram entregues oficialmente ao IILP os vocabulários ortográficos de Brasil, Cabo Verde, Moçambique, Portugal e Timor-Leste. Em Moçambique, a disponibilização de um vocabulário que reflita as especificidades do léxico e da cultura do país é apontada como um dos últimos passos necessários para a ratificação e aplicação nacional do Acordo Ortográfico.

3. A decisão marca, historicamente, a primeira vez em que há um acordo sobre a interpretação das regras de ortografia entre os vários países de língua portuguesa***.

*** No passado, nomeadamente em 1931, houve tratados sobre a ortografia acordados, mas que foram interpretados de forma diferente, levando a divergências que se mantiveram na escrita até aos dias de hoje.

4. Outra das medidas aprovadas foi a criação de uma estrutura de acompanhamento permanente ao VOC****, integrando especialistas na área das línguas de todos os Estados-membros da Comunidade de Países da Língua Portuguesa (CPLP), que fará a sua gestão multilateral e dos dados contidos nele (ponto 3 do comunicado, nele incluídos esclarecimentos suplementares do presidente do Conselho Consultivo do IILP, o moçambicano Raul Calane da Silva).

**** O VOC, de cujo desenvolvimento o IILP foi incumbido pelos Estados-membros da CPLP em 2010, é um repositório digital que incorporará mais de um milhão e meio de formas da língua portuguesa, num total de mais de 200 000 entradas lexicográficas representativas da língua escrita em todos os países, além de outros recursos, como uma extensa lista de topónimos (nomes de lugares) e de palavras não adaptadas à grafia do português (vulgarmente conhecidas como estrangeirismos). O instrumento, que acolhe uma metodologia comum e pretende representar o léxico do português como um todo, tem versões específicas para cada Estado da CPLP, de acordo com as características definidas pelas equipas de cada país.

5. Se em Cabo Verde se reforçaram os consensos à volta do idioma comum, em Portugal continuam os ecos em sentido contrário. Via jornal Público, um grupo anti-Acordo Ortográfico anuncia ter intentado uma ação judicial no Supremo Tribunal Administrativo para a revogação da Resolução do Conselho de Ministros n.º 8/2011, emitida pelo governo de José Sócrates, a partir da qual a atual norma passou a vigorar oficialmente em Portugal. Nos seus antípodas – ou seja, sobre “A irreversibilidade da aplicação do AO90 em Portugal” – pronuncia-se D’Silvas Filho, ainda sobre as declarações do presidente da República português, em Moçambique, onde aventou a possibilidade da sua reavaliação (posteriormente considerada, pelo próprio, como um «não tema»).

6. Só na segunda-feira, dia 16, o Ciberdúvidas voltará com nova atualização no consultório e demais rubricas, ficando acessível, como sempre, o seu vasto e tão diversificado arquivo de perto de 40 mil textos. Um serviço gracioso e sem fins comerciais – que, para a sua manutenção, só pode contar com o apoio generoso dos seus consulentes.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. O que é um «núcleo social de pessoas unidas por laços afetivos, que geralmente compartilham o mesmo espaço e mantêm entre si uma relação solidária»? É uma família, de acordo com o novo verbete que o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa vai incluir na sua próxima edição. É o que se pode ver neste vídeo que mostra como as mudanças desta organização social estão a ter impacto também nos registos dicionarísticos. Fica também disponível na rubrica O Nosso Idioma.

4. Como usar os latinismos? Uma resposta do consultório revela que, além da forma portuguesa currículo, ainda se emprega o latim curriculum, com o plural curricula, mas sem o preciosismo de declinar o vocábulo em todos os casos. E que dizer de bunker, no sentido de «abrigo para proteção em situação de guerra»? Não tem origem alemã? Já foi adaptado ao português? Finalmente, como se escreve e conjuga o verbo enxaguar?

3. A respeito do Acordo Ortográfico, continua a ser notícia a polémica gerada pelas declarações que o presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa, fez no decurso da sua viagem oficial a Moçambique – entretanto reconsideradas posteriormente pelo próprio como, afinal, «um não tema». Na rubrica Acordo Ortográfico ficam disponíveis, aqui, sete novos textos que, sobre o tema, pró e contra, se publicaram nos últimos dias na comunicação social portuguesa: "Secretário executivo da CPLP diz que não há volta atrás no acordo" (9/05/2016); "Governo angolano diz que há progressos em torno do Acordo Ortográfico" (9/05/2016); "A primeira grande gafe diplomática de Marcelo" (10/05/2016); "Acordo ortográfico. Países africanos atacam Marcelo e não querem reabrir processo" (10/05/2016); "Por que não devemos revogar o Acordo Ortográfico" (10/05/2016); "A irreversibilidade da aplicação do AO90 em Portugal" (11/05/2016); "Marcelo: Acordo Ortográfico «é um não tema»" (11/05/2016).

4. Termina neste dia a XI Reunião Ordinária do Conselho Científico do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), desde o dia 9 p. p. a decorrer na cidade da Praia, Cabo Verde. Prevê-se que deste encontro decorram decisões importantes para o desenvolvimento dos vocabulários ortográficos nacionais sobre os quais assenta o Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa (também conhecido pela sigla VOC).

5.  Quanto aos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa:

– O Língua de Todos de sexta-feira, 13 de maio (às 13h15*, na RDP África; com repetição no sábado, 14 de maio, depois do noticiário das 9h00*), conversa com o escritor Ungulani Ba Ka Khosa, secretário-geral da Associação de Escritores Moçambicanos, no contexto do 5 de maio, Dia da Língua Portuguesa e da Cultura da CPLP, data que foi comemorada na sede da CPLP.

– Esta sessão reuniu em Lisboa escritores e especialistas, de João Melo, de Angola, a Nataniel Ngomane, de Moçambique e presidente do Fundo Bibliográfico da Língua Portuguesa; de António Horta Branco, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, a Marisa Mendonça, diretora executiva do IILP, com sede em Cabo Verde. O Páginas de Português de domingo, 15 de maio (Antena 2, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte às 15h30*), entrevistou o professor António Horta Branco, acerca do significado destas comemorações.

* Hora de Portugal continental.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Apesar de muito falado pelo mundo fora, o português tem ainda um estatuto subalterno na Europa, quantas vezes marginalizado pelas preocupações que dominam a vida deste continente. Contudo, o nosso idioma tem efetivamente as raízes europeias que lhe vêm do património latino, definindo-o como parente não só das línguas românicas (o espanhol, o catalão, o francês, o italiano ou o romeno), mas também, como se sabe, de todas as que constituem a família indo-europeia (o alemão, o grego ou as línguas eslavas são exemplos). Além destes laços linguísticos, importa sublinhar que, para o bem e para o mal, Portugal, o país donde a língua se expandiu para outras paragens, é um país europeu e membro da União Europeia. Assinale-se, portanto, o Dia da Europa*, que se comemora nesta data, propondo a leitura de várias respostas e artigos em arquivo que fazem eco dessa relação ora feliz ora tormentosa: "Europeidade e 'europeialidade'/'europalidade'"; "Euro, de novo"; "Eurorregião, de novo"; "Gentílicos usados pelos serviços da União Europeia"; "A soberania contra a língua"; "A grafia de nações da Europa de Leste"; "Novamente o português, língua da Europa"; "Estamos à altura da língua que temos? Um teste muito simples"; "Uma Europa que subalterniza o português"; "A pseudodefesa do português"; "O ensino de línguas estrangeiras, hoje na Europa".

* Ao lado, imagem de Sebastian Munster (conforme Johannes Bucius), Der Cosmography (a Europa em forma de rainha), Basileia, Suíça, c.1588 (fonte: Roderick Barron, "Bringing the map to life: European satyrical maps 1845-1945", Belgeo, 3-4, 2008, pp. 445-464).

2. Conforme se tem dado relevo, começa neste dia, prolongando-se até 11 de maio p. f., a  XI Reunião Ordinária do Conselho Científico do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) na cidade da Praia, Cabo Verde. A abertura deste encontro conta com a presença do secretário executivo da CPLP, o embaixador moçambicano Murade Murargy, e tem entre os temas analisados o desenvolvimento do Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa (VOC) e dos seus vocabulários nacionais.

3. Outro assunto que voltamos a assinalar é o relançar da polémica em Portugal à volta do Acordo Ortográfico (AO), no seguimento de declarações do presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, em Moçambique Na rubrica Acordo Ortográfico, continua a fazer-se a atualização e disponibilização do muito que se tem dito na comunicação social portuguesa, pró e contra, acerca deste assunto, incluindo, já, a clarificação do secretário executivo da CPLP sobre a real posição de Angola e de Moçambique quanto à ratificação do AO. O conjunto destes textos  está disponível aqui.

4. Na rubrica O Nosso Idioma, apresenta-se o registo em vídeo da palestra subordinada ao título "As palavras não são como o vento", proferida em 2015 pela professora Sandra Duarte Tavares, também nossa consultora.

5. Chegam novas perguntas ao consultório:

– o que quer dizer o termo prolepse, usado nos estudos literários?

– a que classe de palavras pertence um que do poema Cântico Negro, de José Régio (1903-1969)?

– como se contraem as sílabas de um verso?

– é correto fazer a inversão do sujeito numa frase declarativa?

– que significa e que plural tem a palavra mogol (não confundir com mongol)?

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. A  XI Reunião Ordinária do Conselho Científico do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) realiza-se de segunda a quarta-feira próximas, de 9 a 11 de maio p. p., na cidade da Praia, Cabo Verde, contando, na abertura, com a presença do secretário executivo da CPLP, o embaixador moçambicano Murade Murargy. Um dos temas abordados será certamente o desenvolvimento do Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa (VOC) e dos seus vocabulários nacionais, referido várias vezes nas comemorações do Dia da Língua Portuguesa e da Cultura deste ano, na sede da CPLP, em Lisboa. 

2. Instrumento estratégico previsto pelo tratado do Acordo Ortográfico assinado pelos Estados-membros da CPLP, em 1990, a plataforma do VOC foi lançada publicamente em 2015, estando desde então a ser nela integrados os vocabulários ortográficos nacionais entretanto já finalizados: Brasil, Cabo Verde, Moçambique, Portugal e Timor-Leste. O de São Tomé e Príncipe encontra-se ainda em fase de aprovação do respetivo governo, faltando apenas os de Angola e da Guiné-Bissau para que todos os países de língua oficial portuguesa disponham, finalmente, de vocabulários próprios e consonantes com a identidade linguística e cultural de cada um deles. É o caso, nos países africanos, das palavras transmitidas pelas línguas bantas.

3. Na rubrica Acordo Ortográfico, damos nota da polémica relançada em Portugal com as declarações do presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, que, no decurso da sua visita oficial a Moçambique, considerou que uma eventual não ratificação por parte do parlamento deste país pode ser «uma oportunidade para repensar a matéria».

4. No contexto das comemorações do Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP, o atual ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva, num artigo publicado no Jornal de Notícias de 5/05/2016 e disponibilizado pela rubrica Lusofonias, sublinhou: «O que é promover a língua portuguesa? É promover a sua afirmação como língua internacional, de comunicação e de negócios. É promover o seu ensino, em todos os níveis. É promover o seu uso, quotidiano e cultural. É promover a criação que se exprime em português. E é promover o diálogo e a cooperação entre todos os seus falantes, e as comunidades, nações e países que eles formam.» 

5. A atenção mediática continua a focar os chamados «papéis do Panamá» (ou «documentos do Panamá»), embora os termos neles empregados não sejam muito claros: por exemplo, ao contrário do que se poderia supor, «empresa de fachada» não é o mesmo que «empresa-fantasma». Para facilitar a compreensão das subtilezas desta terminologia, o jornal francês Le Monde organizou um breve glossário que a publicação eletrónica brasileira Carta Maior traduziu agora para português. Disponível também na página do Clube de Jornalistas, de Portugal.

6. Um poema de Álvaro Magalhães suscita uma dúvida sobre uma figura de retórica, a personificação. Quem esbraceja quer também conhecer o processo de formação deste verbo. E que vem a ser um hostel? Deve empregar-se o termo, ou há outros com maior tradição em português? Respostas e comentários no consultório.

6. Quanto aos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa, refira-se que o Língua de Todos de sexta-feira, 6 de maio (às 13h15*, na RDP África; com repetição no sábado, 7 de maio, depois do noticiário das 9h00*), se centra em aspetos gramaticais, tais como a sintaxe verbal. O Páginas de Português de domingo, 8 de maio (Antena 2, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte às 15h30*), é também dedicado a várias questões da língua, entre elas, as que dizem respeito à supressão na escrita – por aplicação do Acordo Ortográfico – das consoantes mudas c e p, quando não pronunciadas (mais informação na Abertura de 4/05/2016).

* Hora oficial de Portugal continental.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Comemora-se em 5 de maio o Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP, assinalado neste ano por várias cerimónias e encontros temáticos, tanto nos países de língua oficial portuguesa quer noutros pontos onde existam comunidades de falantes. Entre os títulos das notícias referentes a este dia ou que com ele se relacionam, por darem conta do que se faz para promoção da língua portuguesa, salientamos:

"200 ações em 58 países assinalam Dia da Língua Portuguesa e da Cultura da CPLP" (Sapo24)

"Dia da Língua Portuguesa e da Cultura da CPLP" (Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, I.P.)

"Uso do português no Comité Olímpico Internacional" (Observatório da Língua Portuguesa)

2. Em Portugal, continua o debate em torno da iniciativa do Bloco de Esquerda para a mudança da denominação do cartão do cidadão, tido por «linguagem sexista». No artigo Os cidadãos e a gramática, publicado neste dia no jornal Público, a professora Maria Regina Rocha lembra que o signo linguístico é arbitrário e o género constitui uma categoria gramatical a não confundir com o sexo biológico.

3. Porquê desejar, e não o mais franco e direto querer? E porque não ter, em vez de possuir? Em memória do historiador e escritor português Paulo Varela Gomes, falecido em 29 de abril p. p., a rubrica O nosso idioma disponibiliza uma excelente crónica sua escrita em 2010 para o jornal Público, com o título E falar português, vai desejar?, a propósito de certas expressões que empecem as mentes e o trato entre os falantes de Portugal. Sobre esse mesmo texto à volta do "falar rebuscado" – recolhido posteriormente para o livro Ouro e Cinza (Tinta da China Edições, 2014) – vale a pena ouvir, ainda, o apontamento que lhe dedicou David Ferreira na rubrica A Contar, na Antena 1, no dia 3 p.p.

4. Se escrevemos ouro e besouro com ou, porque será que tantos de nós dizem "ôro" e "besôro"? Uma resposta do consultório procura dar algum enquadramento normativo e histórico à redução do ditongo ou, que, embora se mantenha entre falantes do terço norte de Portugal, raramente é proferido no resto deste país. Dá-se ainda atenção a dois neologismos de registos muito diferentes: "afinzão", uma criação popular brasileira, e pseudonomizar, que desponta no discurso administrativo e burocrático.

5.  Sobre os temas dos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa:

o Língua de Todos de sexta-feira, 6 de maio (às 13h15*, na RDP África; com repetição no sábado, 7 de maio, depois do noticiário das 9h00*), centra-se em aspetos gramaticais, tais como: «ele protestou a iniciativa», ou «ele protestou contra a iniciativa»?; e «ela entregou ao funcionário a carta», ou «ela entregou a carta ao funcionário»? 

– o Páginas de Português de domingo, 8 de maio (Antena 2, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte às 15h30*), é integralmente dedicado a questões funcionais da língua, entre elas, as que dizem respeito à supressão na escrita – por aplicação do Acordo Ortográfico – das consoantes mudas c e p, quando não pronunciadas. As palavras direto e espetador, por exemplo, passam a ser pronunciadas, respetivamente, com e fechado e o chamado «e mudo», devido à queda do c? Há também muita confusão entre as preposições sob e sobre. Por exemplo, devemos dizer «estou sob pressão», ou «sobre pressão»? As respostas dos consultores Carlos Rocha e Sandra Duarte Tavares.

* Hora oficial de Portugal continental.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. No consultório, pergunta-se:

– Pode a locução «por acaso» marcar uma perspetiva negativa sobre o conteúdo de um enunciado?

– É correto pospor o determinante possessivo ao substantivo?

– Um carro da marca Ferrari é um ferrári, com minúscula (e acento agudo)?

2. No Pelourinho, retoma-se o recorrente mau uso de solarengo e da abreviatura do numeral 1.º, a propósito de um episódio recente da atualidade política portuguesa e da comemoração do Dia Internacional do Trabalhador, respetivamente.

3. Na Montra de Livros assinalamos a publicação de Doze Segredos da Língua Portuguesa, um livro do tradutor e professor universitário Marco Neves, que aí revê e desafia os mitos e os preconceitos mais comuns à volta do português de Portugal.