1. Desenrola-se o processo de imunização em Portugal, onde se estima que as pessoas vacinadas são já quatro milhões. Não estando longe a preocupação com os efeitos de algumas vacinas, preveem-se, para certas faixas etárias, situações de vacinação (só) com consentimento e, entretanto, desenvolve-se uma segunda vacina portuguesa. Mas corre-se sempre o risco de retrocessos, por exemplo, em ocasiões festivas que dão azo a manifestações coletivas. Foi o caso da multidão de adeptos que em Lisboa, em 12 de maio p.p., comemoraram desabridamente a vitória do seu clube (cf. «[O] vírus não sabe que o Sporting foi campeão»), ou, aqui já com as devidas precauções, a tradicional peregrinação do 13 de maio em Fátima. Como prevenção, surge um kit do adepto para competições desportivas com público reduzido e sensibiliza-se toda a população para a importância da vacinação, como bem ilustra o webinar da UNESCO intitulado "Dentro de uma vacina há futuro". São as sete novas entradas na rubrica A covid-19 na língua.
2. Que relação tem o verbo proibir com o valor modal de permissão que está associado a poder (p. ex., em «podem sair»)? O esclarecimento desta questão faz parte do conjunto de oito novas respostas do Consultório, à volta dos seguintes tópicos: a classificação do que da expressão «será que...?»; de novo, a diferença entre valor iterativo e valor habitual de um enunciado; a análise morfológica de plataforma; a boa formação de rócheo; e reconvívio; a razão de estender ter s mas extensão ter x; e o contraste entre onde e em que («tem reações onde se nota o medo», ou «tem reações em que se nota o medo»?).
3. Nos últimos meses, em Portugal, com a publicação de O Cânone (Tinta da China/Fundação Cupertino de Miranda, 2020), relançou-se o debate sobre a definição do cânone literário, isto é, do elenco de obras literárias consideradas importantes de vários pontos de vista (patrimonial, educativo, crítico). Na rubrica Montra de Livros apresenta-se outra proposta neste âmbito, um pequeno volume intitulado Vamos Ler! – Um Cânone para o Leitor Relutante (Guerra e Paz 2020), em que o autor – o ensaísta e crítico literário Eugénio Lisboa (Maputo, 1930) – não poupa a energia das suas convicções para criar novos apreciadores da literatura portuguesa.
4. É tempo de o português do Brasil se tornar a língua brasileira? O jornalista e escritor brasileiro Sérgio Rodrigues é dessa opinião, em crónica publicada na Folha de S.Paulo em 12 de maio de 2021. O historiador e político português Rui Tavares reage com outra crónica (Público, 14 de maio de 202) e, entendendo embora os motivos dessa reivindicação, considera estar na altura de a CPLP e, em especial, Portugal se tornarem politicamente eficientes na gestão da língua comum, pois o português arrisca-se a perder projeção. Ambos os textos estão disponíveis na rubrica Controvérsias.
5. Ainda em referência à comemoração do Dia Mundial da Língua Portuguesa, a rubrica O Nosso Idioma disponibiliza um artigo de Ana Paula Laborinho, diretora em Portugal da Organização de Estados Ibero-americanos, a respeito do lugar da língua portuguesa no mundo e das formas de a conceber.
6. Herança dos Egípcios, os obeliscos – do grego ὀβελίσκος, diminutivo de ὀβελός, «espeto, pilar aguçado» – ainda hoje se recriam com a finalidade comemorativa de antanho. Contudo, uma experiência recente de arte pública na cidade de Oeiras distinguiu-se pela troca "disortográfica" de lazer («ócio») por laser (raios), conforme se relata numa peça jornalística transcrita, com a devida vénia, nas Notícias.
7. Da atualidade de Portugal que envolve a sua realidade histórica, linguística e cultural, mencionem-se:
– A exposição Não me calo!, inaugurada em 10/05/2021, no Espaço Exposições do Edifício II do Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE) e patente até 30 de junho do corrente, que é constituída pela coleção de cartazes do arquivo Ephemera, do historiador e político José Pacheco Pereira, na qual se incluem peças manuais criadas para protestar; e
– O fim do Ramadão (no Brasil, Ramadã)* em 12/05/2021 – o Eid al-Fitr, ou «festa do fim do jejum» –, cerimónia que reuniu centenas de fiéis muçulmanos na Praça Martim Moniz, em Lisboa.
Ramadão ou Ramadã designa o nono mês do calendário islâmico e o jejum ritual que é praticado nesse mês. A palavra vem do árabe ramadán, do verbo ramida, «ser ardente, escaldante», em alusão à época mais quente do ano em que calha este mês (Dicionário Houaiss). Sobre o Islão, consultem-se "Palavras do Islão" e "Palavras referentes ao Islão".
8. Temas principais nos três programas que a rádio pública portuguesa dedica ao português:
— O livro As Literaturas em Língua Portuguesa, de José Carlos Seabra Pereira, em A Língua de Todos (RDP África, sexta-feira, 14/05/2021 pelas 13h20*);
— O Projeto de Intervenção Preventiva para a Aprendizagem da Leitura e da Escrita (PIPALE), no Páginas de Português (Antena 2, domingo, 16/05/2021, pelas 12h30*); e
– O protocolo militar, a propósito do II Fórum Mundial de Protocolo, Comunicação e Imagem, no programa Palavras Cruzadas, também na Antena 2, na semana de 17 a 21 de maio de 2021* (de segunda a sexta, às 09h50* e às 18h20*).
*Hora oficial de Portugal continental