As férias de Ciberdúvidas só significam uma coisa: complacência com as asneiras praticadas na nossa língua. Está certo, vocês querem uma folga. Mas custava arrumar alguém que ficasse de banco (plantão, no Brasil), para responder às dúvidas natalícias ou às calinadas de fim de ano?
Vou ter de aguentar expressões como "pais natal" (no lugar de pais natais -- os papais noéis de Portugal), "curriculuns" em vez de currículos ou curricula (em latim), como se ouviu na SIC, "espertigar" em vez de empertigar (no relato de um jogo de futebol, na SIC), ouvir o treinador do Futebol Clube do Porto falar "em resultado «incógnito» até ao final", em vez de resultado imprevisível (a seguir aos 3-4 com o Boavista). Ou ver traduzir "people like my character" por "as pessoas gostam do meu carácter", em vez de minha maneira de ser (num filme de James Bond, na TVI).
Não temos remédio. O reino da preguiça mais uma vez domina o território da Língua Portuguesa e contra isso não há nada a fazer.
Sofram os meus ouvidos…
MEA CULPA
É claro que foi duplo engano: os papais noéis é expressão brasileira e não de Portugal; e o tal filme do James Bond passou na SIC e não na TVI. Estamos mesmo precisados de férias...