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A continuada resistência ao género feminino

Do futebol às séries policiais com mulheres

beijo não consentido à jogadora Jenni Hermoso, dado pelo presidente da Federação de Futebol espanhola, Luis Rubiales, na receção da seleção feminina campeã mundial, não se limita ao que desencadeou — seja no plano desportivo como no da ética comportamental.  

A verdade é que antes da polémica chegar mesmo, até, ao organismo máximo do futebol mundial, as maiores parangonas assentaram especialmente em Olga Carmona: por ter sido ela a marcadora do golo decisivo da vitória feminina espanhola, mas também pelo falecimento do pai no decorrer da partida. Dado o cargo de liderança que ocupa na equipa, o campo linguístico também foi "jogado" — ora intitulada (mal) como capitão, ora, como deve ser em português, capitã (capitana, em espanhol).¹

A resistência ao emprego género feminino em cargos e profissões tradicionalmente ocupados só por homens tropeça-se amiúde, também, nas desleixadas traduções e legendagens televisivas das séries policiais dos canais do cabo, onde qualquer mulher capitã ou comissária é sempre tratada como capitão ou comissário... 

 

¹ Outras posições de mulheres futebolistas com o género feminino correspondente: avançada, extrema, goleadora (artilheira, no Brasil) ou média  e não como é de uso comum.

ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa