Acordo Ortográfico - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Questões relativas ao Acordo Ortográfico.

Das declarações prestadas ultimamente a propósito do Acordo Ortográfico que por aí se discute, nenhuma terá sido tão clara como a que foi proferida (numa óptica favorável) pelo embaixador Seixas da Costa, em entrevista ao PÚBLICO e à Rádio Renascença. Disse ele: "Temos de olhar para a CPLP como uma comunidade relativamente atípica porque é a única comunidade linguística em que a potência mais importante não é a antiga potência colonial." Ou seja, o acordo é sobretudo um instrumento político e...

Por Rui Ramos

Já venho tarde, mas não queria deixar de saudar a boa nova. Não me refiro à baixa do IVA, anunciada pelo ministro das Finanças, mas à nossa "expansão", prevista pelo ministro da Cultura. É verdade: vamos expandir-nos. Está para chegar um Portugal maior. Talvez a sua população e riqueza até venham a diminuir, mas que importa? Temos uma arma secreta para conquistar o mundo: aquela que Fernando Pessoa insinuou maliciosamente ser a "pátria" dele — a língua portuguesa. É o que nos prometem os cren...

Quando se lê cuidadosamente os documentos e artigos dos defensores da unificação ortográfica fica-se com uma sensação kafkiana. Algo está profundamente errado. Os verdadeiros motivos que levam algumas pessoas a lutar há anos pela unificação ortográfica por via legislativa não podem ser os motivos que são explicitamente formulados. Vejamos porquê.

Num momento em que a Europa perde relevância a favor de novas potências como a Índia ou a China, resta-lhe sempre o pedigree conferido pela antiguidade e requinte da sua civilização e costumes. No caso português, e no que toca à língua, esse pedigree pode ver-se nas consoantes mudas, semelhantes a certas atitudes de cavalheirismo que, embora já não façam sentido, funcionam como um ornamento na lapela daqueles qu...

Na década de 1770, o Marquês de Pombal pediu aos censores do rei que tomassem uma decisão entre as várias propostas de ortografia que então surgiam — a de Luís António Verney, a de António José dos Reis Lobato e a de João Pinheiro Freire da Cunha, entre outras — para que a coroa a pudesse utilizar nos seus documentos oficiais. Depois de dois anos em discussão, os censores discordavam de quase tudo e baixaram os braços.

«O Acordo Ortográfico <br> tem uma dimensão estratégica»

Declarações do embaixador de Portugal em Brasília, Francisco Seixas da Costa, em entrevista ao jornal Público e à Rádio Renascença, emitida também na RTP 2.

 

O que é que facilitou ter-se agora chegado a um novo compromisso sobre o Acordo Ortográfico: a saída da anterior ministra da Cultura ou o apelo do Presidente da República?

Catedráticos, linguistas e editores foram chamados à Assembleia da República por causa da querela à volta do Acordo Ortográfico. Com a devida vénia, ficam aqui em linha os quatro textos publicado pelo jornal português Público, mais o artigo de opinião do professor Adriano Moreira, A Língua Portuguesa, no Diário de Notícias do mesmo dia.

Começo por agradecer o honroso convite que me foi dirigido para usar da palavra nesta conferência internacional que hoje decorre na Assembleia da República.

A relevância para o interesse nacional da matéria agendada é evidente. Outros casos porventura mereceriam tratamento semelhante. Estou a pensar na TLEBS, cuja revisão suponho estar concluída, e permito-me formular a correspondente sugestão aos meus colegas deputados.

Mais uma discussão sobre o Acordo Ortográfico, mais uma volta no carrossel da confusão, da chantagem emocional e do catastrofismo. Esgrimem-se todos os argumentos possíveis, da suposta inconstitucionalidade do acordo (negada pelos constitucionalistas) à «destruição virtual da própria noção de ortografia» (segundo Vasco Graça Moura) e, pasme-se, aos gastos que as famílias portuguesas terão de fazer em novos livros. Há quem fale em milhõe...

O escritor e poeta Vasco Graça Moura  replica aqui ao constitucionalista Vital Moreira, que, no Causa Nossa, acusava-o de «insistir no erro de considerar ilegal a ratificação do Protocolo modificativo de 2004» do Acordo Ortogáfico, em vias de ratificação parlamentar em Portugal.