Lusofonias - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Textos que versam sobre política de língua.

Não sei se me apetece falar de alguma coisa. Não me apetece falar de qualquer coisa. Talvez, afinal, nem sequer me apeteça falar de coisa nenhuma. Ou seja do que for. Nem com ninguém em particular sobre coisa alguma. Provavelmente já disse tudo o que tinha a dizer. E a sensação é a de que, mesmo que tenha dito tudo, nada mudou, nem em função disso, nem em consequência disso. É fácil observar que os meus sensores são suficientes para receber informação do exterior, mas grande parte dessa informaç...

Meus Amigos:

Chego aqui vindo de muito longe. De um tempo de silêncio, que nos coagia a escrever baixinho e a sobreviver sob a forma de soturnas elegias. Nessa reserva amarga e implacável, recusávamos a derrota sem saber muito bem que realidade nova desejávamos. Por outro lado, eu relacionava a experiência dos outros com pesquisas pessoais, aplicando-as à qualidade da minha revolta. Proveniente de famílias operárias, admitia que esse conhecimento, simultaneamente excitante e assustador, r...

Em 1873, o grande Augusto Epifânio da Silva Dias, na 2.ª ed. da sua Gramática Portuguesa, nota que não abriram o o da sílaba tónica no plural as palavras adorno, bolso, estojo, folho, globo e molho (ô). Mas em 1883, dez anos depois, A. R. Gonçalves Viana, no Essai de Phonétique et de Phonologie de la Langue Portugaise, diz que já se pronunciava geralmente adornos (ó) e até gostos (ó), mas este termo só os algarvios o pronunciam assim.

Nas 45 palavras da lista que Viana apresenta, supri...

As línguas, tal como as nacionalidades, as identidades, os seres humanos, as artes e muitas coisas mais, nunca foram entidades comandadas por uma racionalidade estrita ou por uma lógica sem falhas. Entre nós, já Camilo Castelo Branco ironizava, há bem mais de um século, a propósito, salvo erro, do jovem Joaquim de Vasconcelos, que, regressado da Alemanha, propunha que se dissesse "estejai", em vez de "estai".

Vem isto a propósito do livro A Língua Portuguesa em Mudança, organizado por Mar...

Passada que foi a época dos pioneiros que na colonização, sobretudo do Brasil e da África, se guiavam pela opinião de Nebrija, de que «a língua era a companheira do Império», nos tempos mais chegados da primeira metade do século XX, tanto a língua portuguesa como as outras europeias viviam na doce tranquilidade da retórica dos usos linguísticos respeitáveis: o português, como língua materna que era, para as utilidades habituais, o latim para a erudição, a medicina e o direito, o alemão para a fi...

Recorrentemente tenho afirmado, oralmente e por escrito (e, não obstante todas as mortes anunciadas da “Galáxia de Gutenberg”, ainda continuam a fazer-se “Salões e Feiras do Livro” e muitos ainda vão recordando a velha sentença latina: Verba volant, scripta manent!...), que, até por ter nascido no momento (que esperemos venha a tornar-se um momento histórico!) da criação da CPLP, Comunidade dos Países e Povos de Língua Portuguesa, gostaria que tivessem cada vez mais razão os que dizem que a Univ...

[Depois de ter tratado] da conjugação de verbos como resignar, impregnar, impugnar, etc., cujas flexões podem apresentar alguma dificuldade de pronúncia e/ou de grafia. Vimos, por exemplo, que a tonicidade da forma impregna recai no e, que é aberto (não se lê "impreguína"; lê-se imprégna). Vamos trocar mais dois dedos de prosa sobre o tema pronúncia/grafia. O leitor talvez já tenha visto a palavra ritmo escrita com acento agudo no "i" (rítmo). De início, é preciso deixar claro que ritmo se escre...

O secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação português, João Gomes Cravinho deu uma extensa entrevista ao jornal "Público” (de 17 de Maio p.p.), onde passa em revista as grandes opções da política externa de Portugal.

No que se refere à política cultural externa e mais especificamente ao posicionamento da Língua Portuguesa no mundo, duas ideias centrais decorrem do seu discurso e, quanto a nós, de primordial importância: o interesse da Língua Portuguesa em África...

«O conceito [da Lusofonia] mais óbvio é a fala em português. De um ponto de vista estritamente linguístico, poder-se-ia ficar por aí mas, obviamente, não é esse o único aspecto, embora o aspecto linguístico tenha uma evidente importância, umas vezes não suficientemente entendida e outras vezes também mal entendida. (...»

[Entrevista do então reitor da Universidade Lusófona, Fernando dos Santos Neves, em Lisboa, a 23 de Março de 2005, para a Tese de Doutoramento em Sociologia do professor universitário José Filipe Pinto.]



Na tomada de posse do novo Governo português 1, José Sócrates 2 reservou um curto parágrafo, já no final do seu discurso, para assegurar que a lusofonia constituirá um dos vértices do triângulo estratégico da política externa portuguesa, sendo os outros dois a União Europeia e os Estados Unidos. Não explicou porquê. Creio, no entanto, que vale a pena fazer a pergunta: para que serve aos portugueses a lusofonia?

Ainda antes – o que diabo é isso?

Finalmente...