Lusofonias - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Textos que versam sobre política de língua.


Agustina Bessa-Luís referiu recentemente que, na sua escrita, os erros acontecem e que os mesmos se repetem, algumas vezes. Revelou também que o seu primeiro e atento revisor é o marido. «É como se fosse um regresso à infância», disse-me depois ao telefone. «Como se tivesse o mestre-escola ao meu lado.» E recordou as pautas dos grandes músicos, muito riscadas, ou os manuscritos dos escritores. Errar é humano.

Mas estes erros não aparecem (não deveriam apare...

Ciclicamente, alguns órgãos de comunicação social portugueses sobressaltam-se com aquilo a que, se efectivamente existisse, poderíamos chamar a «deriva anglófona» de Moçambique: os primeiros passos para a integração daquele país da costa oriental da África no espaço da Commonwealth, em meados da década de noventa, fizeram soar as campainhas de alarme destes integérrimos defensores da língua portuguesa.

O «passo seguinte» (chegou-se a escrever) seria a substituição pura e simples do portug...

«A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros
Vinha da boca do povo na língua errada do povo
Língua certa do povo
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil
Ao passo que nós
O que fazemos
É macaquear
A sintaxe lusíada...»

Manuel Bandeira, Libertinagem,
Evocação do Recife, 1925

Acabei de assistir ao documentário “Língua – Vidas em Português”, do moçambicano Victor Lopes, que é uma comovente homenagem à língua portuguesa. Passa-se em Portugal,...

Dez propostas para a valorização do Português no Mundo

É actualmente incontroverso que a Língua Portuguesa é falada por um número superior a 200 milhões de indivíduos. O Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou, em Junho de 2003, que apenas utilizava o Português nos fóruns internacionais, porque se tratava, pura e simplesmente, da «língua de 175 milhões de brasileiros». Por seu turno, a investigadora Perpétua Gonçalves, da Universidade Eduardo Mondlane (Maputo), revelou re...

«De Braga a Canchungo, de Londrina a Baucau, de Newark ao Lobito, de São Vicente à Beira, de Penang à ilha do Príncipe, essa riqueza, que atravessa firmemente todas estas civilizações da língua portuguesa, emociona e permite reconhecer, aqui e ali, nos mais diferentes espaços e contextos, o sentimento de que não estamos sós no mundo.»
(Carlos Lopes, director da ONU, escritor, cidadão da Guiné-Bissau)

O professor Eduardo Lourenço não sabe o que é a RDP-África, e é natural que não saiba,...

Permitam-me que comece por vos dar um testemunho, talvez pouco protocolar no início de um discurso pelo seu tom pessoal e directo, mas que me é necessário e mesmo imperativo dar: se há uma grande convicção que reforcei ao longo dos quase nove anos que levo no desempenho do cargo de Presidente da República é a de que a causa da afirmação e projecção da língua portuguesa representa um daqueles desafios que, se o não soubermos agarrar, estamos verdadeiramente a falhar uma responsabilidade primordia...

Ao longo dos seus quinze anos de existência a Expolíngua Portugal tem tido como objectivo prioritário promover o multilinguismo e o multiculturalismo, como forma de aproximar povos de línguas e culturas diferentes, assim estabelecendo um melhor conhecimento mútuo e as bases de um relacionamento de paz e desenvolvimento, verdadeiros pilares dos desafios do futuro. Neste contexto tem sido tratada com o relevo que se impõe a língua portuguesa que, a nível internacional, é elo de ligação ent...

O editor espanhol Mario Muchnik costuma dizer que o caminho dos campos de concentração começa por um erro ortográfico. Trata-se é claro de uma "boutade", género em que o personagem em causa é versado e pródigo, mas há nela algo de profundamente certeiro. Não porque o respeito da ortografia seja um sinal de veneração pela regra e porque isso seja bom, mas porque a ortografia é, pelo contrário, o respeito da história, da nossa cultura, dos relatos, da memória e dos sonhos. Mais do que algo que se ...

«A aranha arranha a jarra, a jarra arranha a aranha; nem a aranha arranha a jarra nem a jarra arranha a aranha.»

«O tempo perguntou ao tempo quanto tempo o tempo tem. O tempo respondeu ao tempo, que o tempo tem tanto tempo, quanto tempo o tempo tem.»

Trava-língua (enrola língua ou parlenda) é um pequeno texto, rimado ou não, de pronunciação difícil, que pode provocar hiatos, paráquemas ou cacófatos.

Pois o velho trava-língua está a deixar de ser apenas brincadeira de criança...

A União Europeia acaba de integrar dez novos membros, passando de 15 para 25. Este alargamento teve como consequência a introdução de um conjunto de mudanças na sua arquitectura jurídico-política. Contudo, há um problema que tem sido pouco abordado pelos analistas: a questão das línguas de trabalho ou oficiais.

Antes do alargamento, a UE tinha onze línguas oficiais. O Parlamento Europeu era já uma autêntica Babel. Um dia inteiro de traduções simultâneas tinha encargos de milhares de ...