Pelourinho Desconversa (im)perfeita Uma nutrida comitiva governamental portuguesa anda pelo Brasil e, agora, pela Argentina, numa daquelas maratonas oficiais de muita conversa, montanhas de promessas e de nulidades práticas, quase sempre. E como coincidiu com o tricentenário da morte do padre António Vieira, a língua portuguesa foi a sobremesa obrigatória, servida na hora dos discursos. E entre hossanas, compromissos regados a champanhe e incentivos de conveniência, só faltou o primeiro-ministro António... José Mário Costa · 22 de julho de 1997 · 3K
Pelourinho «Siclistas» da SIC O canal de televisão português SIC resolveu ser criativo e engendrou uma rubrica chamada «Siclismo». Brilhante! Nos primeiros anos de escolaridade, o efeito não se fez esperar. Muitos alunos, para designar corridas de bicicletas, já não escrevem ciclismo com c no início da palavra, mas com s. Conta uma professora que, quando corrigiu este erro a um aluno, ele lhe perguntou: «Quer saber mais do que a SIC?» João Carreira Bom · 11 de julho de 1997 · 3K
Pelourinho Tirar a espoleta ao assunto Pela primeira vez, nos audiovisuais portugueses, ouvimos empregar o verbo despoletar com o sentido próprio: «tirar a espoleta a», evitar a explosão do engenho, anular um incidente. Foi na segunda-feira, 7, de manhã, na TSF. Segundo o repórter, o secretário de Estado português das Comunidades, José Lello, no final de uma visita à África do Sul - perante a ira de membros da comunidade portuguesa, cansados de uma alegada falta de representa... João Carreira Bom · 8 de julho de 1997 · 5K
Pelourinho Ensinem os legendistas «Haverem pessoas» que maltratam o português já não é novidade. Agora, apanhar asneiras deste calibre em traduções de filmes de inglês para português, feitas por empresas especializadas, é demasiado. O verbo haver, no sentido de existir, não tem plural. Frases como «haverem pessoas que…» não existem, não são português, pelo menos por enquanto. Mas, na passada segunda feira, na série PSI-Factor, passada por um dos canais de televisão portugueses, a TVI, assistimos a uma destas extraordinárias cria... Álvaro Cidrais · 27 de junho de 1997 · 2K
Pelourinho O destino de Camões No programa «Se a manhã se despenteia», da rádio pública portuguesa Antena 1, da última segunda-feira (16.6.1997), o entrevistado de Simone de Oliveira, José Nuno Martins, afirmava que a palavra destino só aparece na Língua Portuguesa depois das invasões francesas. Acrescentava que Camões nunca utilizou a palavra destino.Mas, se alguém consultar «Os Lusíadas» no Canto IV, estrofe 46, lá está a palavra. Destinos... João Cabrita · 20 de junho de 1997 · 3K
Pelourinho Quem será o Benvindo? Os sacos de plástico oferecidos na Feira do Livro de Lisboa durante a edição deste ano trazem o seguinte apelo: «Feira do Livro, Benvindo - BCI, Banco Oficial da Feira do Livro». Será o Benvindo o autor do texto? Terá o Benvindo de ir à Feira do Livro ou seremos nós bem-vindos à Feira do Livro de Lisboa? Cravado a branco está uma das mais habituais calinadas na língua portuguesa, de tal forma grave que até os sacos coraram com as cores do patrocinador.... Álvaro Cidrais · 18 de junho de 1997 · 4K
Pelourinho ... à "rúbrica" Outro caso de tantas vezes mal dito, e repetido, ainda por cima na televisão, é o substantivo rubrica. /Ru-brí-ca/, pronunciado assim mesmo, como palavra grave. Mas, na RTP, por causa da Assembleia-Geral do Benfica de sábado passado, lá voltou a ouvir-se "rúbrica", como se fosse uma palavra esdrúxula. É verdade que as contas do Benfica, como voltou a ver-se na final perdida da Taça de Portugal, na terça-feira, andam mais que gatadas. Mas para quê ar... José Mário Costa · 11 de junho de 1997 · 4K
Pelourinho Do idem, ibidem... Idem (o mesmo, também) e ibidem (no mesmo lugar, na mesma passagem) são expressões latinas, adjectivo a primeira e advérbio a segunda, muito utilizadas nas citações bibliográficas para se evitar a repetição do que acaba de se escrever. Nas citações bibliográficas e, por analogia, naquelas secções de jornais, por sinal muito lidas, tipo "Diz-se". Só que, nalguns jornais, quem o faz não sabe o elementar. E um erro várias vezes repetido, já se sa... José Mário Costa · 11 de junho de 1997 · 23K