Pelourinho - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Registos críticos de maus usos da língua no espaço público.

     Outro erro recorrente é o infinitivo (mal) flexionado.
     Veja-se este exemplo, do mesmo jornal: «Os dois demoraram mais de seis horas a arranjarem-se
     Deveria ter sido escrito «os dois demoraram (…) a arranjar-se. O infinitivo «arranjar-se» está ligado à forma verbal «demoraram» pela preposição «a». Nestes casos, o infinitivo não flexiona: «Eles demoraram a descer», «elas andam a ler»,...

     «Por que é que não se realça a beleza das senhoras de uma forma verdadeira (…)?», lia-se no jornal “24 Horas” de 15 de Junho p. p.
     Na construção «porque é que», a palavra porque é sempre um advérbio de interrogação, constituído, portanto, por uma única palavra: «Porque é que não se realça a beleza das senhoras (…)?»

     Ainda à volta do Mundial de Futebol na Alemanha, louve-se o sítio Sportugal2 e o portal da FIFA, que, ao contrário da maioria dos órgãos de informação portugueses, não escrevem “Trinidad e Tobago”, mas ...

     «Estão respondidas as questões colocadas pela RTP. Recorde-se que cada órgão de comunicação social hoje, excepcionalmente, pode apenas fazer uma questão», dizia o repórter Hélder Conduto, falando sobre uma conferência de imprensa dada por jogadores da selecção nacional portuguesa, presente no ...

Há alguma dificuldade no emprego do infinitivo, nomeadamente do infinitivo pessoal ou flexionado.
     «Um treino durante a manhã e, agora, tempo de descanso, com Scolari a dar mais algum tempo aos jogadores para recuperar do encontro frente a Angola»1.
     O correcto teria sido: «Um treino durante a manhã e, agora, tempo de descanso, com Scolari a dar ...

«Os jogadores do Togo interviram maciçamente (…).»1

Não é “interviram”, mas intervieram. «Os jogadores intervieram.»

O verbo intervir é formado do verbo vir e conjuga-se como este. No pretérito perfeito do indicativo: vim, vieste, veio, viemos, viestes, vieram; intervim, intervieste, interveio, interviemos, interviestes, intervieram.

     1 in jornal 24 Horas de 13 de Junho p. p.

      (texto saído no jornal português 24 Horas do dia 14 de Junho de 2006, na coluna Ai, Esta Língua... Traiçoeira)

«A sociedade portuguesa toda concorda de que o futuro se ganha através da educação», ouviu-se a António Vitorino, no seu comentário das segundas-feiras1, na RTP-1, a propósito da avaliação dos professores, acrescentando de seguida: «Eu ainda sou dos ingénuos que acredita que é possível melhorar a...

     «Entrada de arrepiar», «ambiente de arrepiar», «espectáculo de arrepiar», «ovação de arrepiar»4. Porque será que os repórteres e relatores de futebol só conhecem o qualificativo «arrepiar» para tudo e mais alguma coisa (desde uma entrada violenta, ou perigosa, a algo considerado entre o extraordinário, o frenético e o vibrante)?

     4Expressões recorrentes na transmissão do jogo Portugal-Angola, em 11 de Junho p.p.

     «A selecção do Caribe empatou sem golos frente à favorita Suécia, mesmo que tenha jogado quase toda a segunda parte com menos um homem.»3
     Devia ter sido escrito: «A selecção do Caribe [ou melhor: das Caraíbas, em referência à selecção de...

     Ainda sobre o alojamento dos futebolistas angolanos em Celle, a 35 quilómetros de Hanôver, uma fotografia reproduzida no jornal “A Bola”2 mostrava o hotel, com a seguinte tarja: «Bem vindo Angola.»
     Angola seria ainda mais bem-vinda, se não tivessem esquecido o hífen, a vírgula indispensável e o género correspondente: «Bem-vinda, Angola.»

     2 de 9 de Junho p.p.