Pelourinho Ordinais, espécie em vias de extinção? Continua, cada vez mais, em vias de extinção o ponto característico dos numerais ordinais (o tracinho por baixo da redução do “o” não é obrigatório): dos 2º em vez de 2.º, 3º em vez de 3.º , etc. Ora, este ponto que se segue ao número que indica o numeral deve manter-se. A ausência do mesmo leva à confusão com a designação de grau na área da geometria ou da física e química, que não leva o referido ponto: «um ângulo de 90º», «3º celsíus», «febre de 40º», etc. José Mário Costa, Maria Regina Rocha · 24 de maio de 2006 · 4K
Pelourinho Irradiar e retractatação Ainda no jornal “24 Horas” »1:• «Surpresa das surpresas quando chegam ao Campo Pequeno juntos, agarradinhos, a erradiarem felicidade e amor. Primeiro erro: é irradiar (do latim tardio ‘irradiare’, «emanar». «difundir», «emitir»), com i. Segundo erro: não é necessário esse plural “irradiarem”. Como o sujeito de irradiar é o mesmo de «chegar», este infinitivo deveria ter ficado invariáv... José Mário Costa, Maria Regina Rocha · 24 de maio de 2006 · 3K
Pelourinho Conquistam-se ou vencem-se títulos «O meu sonho é seguir o trajecto de grandes jogadores (…) e vencer o maior número de títulos», escrevia-se no “24 Horas”, sobre um qualquer desses futebolistas à procura de estrelato do pontapé na bola. Não se vencem títulos, pois os títulos não são adversários. Vencem-se campeonatos, adversários, batalhas, mas conquistam-se ou ganham-se títulos. José Mário Costa, Maria Regina Rocha · 24 de maio de 2006 · 1K
Pelourinho «Crianças em risco», e não “de risco” «Centro de acolhimento temporário para crianças de risco da capital», escrevia-se há dias num rodapé do “Telejornal” da RTP-1. Não são «crianças “de risco”», mas «crianças em risco». Não são as crianças que provocam o mal; elas estão é numa situação em que se arriscam a que algo lhes aconteça, as magoe, as maltrate, as prejudique. As crianças estão em risco; as situações são de risco. José Mário Costa, Maria Regina Rocha · 24 de maio de 2006 · 2K
Pelourinho De fazer empalidecer os alunos de uma 4. ª classe do antigamente «Um buraco na calçada pode ser reparado por uma equipa de intervenção da Câmara de Lisboa, com uma chamada para o número verde Lx Alerta. António Prôa exulta os munícipes a denunciarem irregularidades nos pavimentos para esta linha telefónica.» 3 Confundir o verbo exultar («sentir e manifestar enorme contentamento, satisfação, prazer ou felicidade», «rejubilar») com o verbo exortar («incitar», «pers... José Mário Costa, Maria Regina Rocha · 22 de maio de 2006 · 2K
Pelourinho «O percurso entre Lisboa e Évora» «Milhares [de pessoas] saudaram a selecção entre Évora e Lisboa», «centenas de pessoas estiveram nas muitas pontes e viadutos (…) e a isto se juntou ainda os carros particulares que acompanharam o autocarro.»2 Como o autocarro da selecção portuguesa de futebo... José Mário Costa, Maria Regina Rocha · 22 de maio de 2006 · 2K
Pelourinho Errar até no Hino Nacional... A propósito da operação mediática A Mais Bela Bandeira Nacional Humana, formada por milhares de mulheres portuguesas, ouviu-se1 o Hino Nacional de Portugal, cantado por Dulce Pontes – com duas alterações e uma incorrecção. Assim: «Entre as brumas da memória,/ Ó Pátria, ergue-se a voz/ Dos teus egrégios avós,/ Que hão-de levar-te à vitória!» José Mário Costa, Maria Regina Rocha · 22 de maio de 2006 · 4K
Pelourinho As bolsas e os bolsos «Há, naturalmente, ofertas para todos os bolsos (ô) e para todos os gostos»1. Em primeiro lugar, a pronúncia: a sílaba tónica do plural de bolso é aberta (bolsos – ó). Depois, a palavra bolso neste contexto não é sinónima de bolsa. No caso, a expressão adequada seria «há ofertas para todas as bolsas». As bolsas é que contêm o dinheiro; o... Maria Regina Rocha · 19 de maio de 2006 · 6K
Pelourinho A regência do verbo esclarecer «M.C. não quis esclarecer ao 24 Horas o motivo da demissão». A frase, do jornal citado, traz este erro: o verbo esclarecer não se utiliza com a preposição a. O verbo esclarecer pede um complemento directo sem preposição (esclarecer alguém): «Esclarecer o público», «esclarecer os participantes», «esclarecer as pessoas», etc. Pode também pedir um complemento regido da preposição sobre ou da locução acerca de: «Esclar... José Mário Costa, Maria Regina Rocha · 18 de maio de 2006 · 28K
Pelourinho «Queria dizer-lhes» (e não “queria-lhes dizer”) + a dif. entre «ter que» e «ter de» «Eu queria-lhes dizer que nós temos que olhar para o futuro». Numa frase, duas incorrecções de quem a proferiu, o ministro da Saúde português Correia de Campos, num debate sobre o encerramento de maternidades no programa “Prós e Contras”, da RTP-1. A primeira diz respeito à colocação do pronome e, a segunda, ao emprego de ter que em vez de ter de. O pronome lhes deveria estar ligado ao verbo que o tem como complemento, que é o verbo dizer: «Eu queria dizer-lhes». José Mário Costa, Maria Regina Rocha · 18 de maio de 2006 · 6K