Filinto Elísio - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Filinto Elísio
Filinto Elísio
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Filinto Elísio (Lisboa, 1734 – Paris, 1819), foi um poeta, tradutor e sacerdote. Enquanto sacerdote foi influenciado pelo arcadismo e pelo iluminismo, o que o levou a ser denunciado à Inquisição. Nestas circunstâncias, viu-se obrigado a fugir para Paris, e foi aí que escreveu grande parte da sua poesia, que só seria publicada após a sua morte em Obras Completas, (1817-1819).

 
Textos publicados pelo autor
(grafia original)

Nós prezamos tão pouco a nossa língua,

Que tão sómente as outras aprendemos,

Em desar da nativa; e a ser-nos dado,

Na francesa escrevêramos, faláramos,

Como já na espanhola, por lisonja

E por louca vaidade, compusemos!

[...]

Falemos português brando e sonoro

A portugueses que entender-nos cabe.

E se espertos me argúem os peraltas

Que as riquezas vocais que assim pretendo

Introduzir, empecem à clareza

Da língua, e que o vulgar dos portugueses

Não pode súbito abranger o senso

Das vozes clássicas, remotas do uso

(...)

Já me fizeram cargo os meus censores
de ter muito latim portuguesado.
Mais honra me fizeram que eu mereço.
em dar sobejo preço os tais senhores,
dar sobeja importância a quatro trovas
que nuns borrões lancei por desenfado.
e à luz dei só por míngua de dinheiro.
Mas, pois tão alto vai esse arruído,
permitam-me acudir por meu cliente.
Se cunho português dei a latinas
vozes, e é crime pôr-lhe cunho alheio.
réus desse crime...
Paris, 6 de Junho de 1790



Lembras-me, amigo Brito, quando a pluma
Para escrever, magnânimo, meneio.
Ama o meu Brito a lusitana língua,
Pura como ele, enérgica, abastada,
Estreme de bastardo francesismo
E que a joio não trave 2 de enxacoco 3;
E quando lê, rejeita a frase espúria
...