Pergunta:
Em inglês, amortal («negação da morte») significa aquele cuja vida durará para sempre (do ponto de vista estritamente biológico e através da manipulação fisiológica), desde que não seja vítima de um traumatismo fatal. Estes neologismos surgem na língua inglesa ao longo da última década em resultado dos avanços ocorridos nas áreas da medicina e da biotecnologia. Atendendo ao valor semântico do prefixo (a-: privação/negação), usado na formação destes termos ingleses, seria aceitável traduzi-los por "amortal" e "amortalidade"?
Resposta:
Conforme o consulente afirma, a- ou an- têm como sentido «privação/negação». Trata-se de um prefixo de origem grega. O prefixo a- passa a an-, quando a palavra a que se junta começa por vogal. Dois exemplos são os vocábulos acéfalo e analfabeto1. Neste prisma, poder-se-á aceitar os termos amortal e amortalidade, uma vez que obedecem à lógica da formação de palavras, neste caso, a derivação por prefixação.
Nos vários dicionários portugueses consultados, não se pôde encontrar o termo. Assim, estes vocábulos serão legítimos, mas, obviamente, considerados neologismos.
1 Sobre este assunto, pode-se consultar Saber Escrever, Saber Falar, de Edite Estrela, Maria Almira Soares e Maria José Leitão, Lisboa, Editora D. Quixote, p. 110.